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Val Carvalho

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O parafuso do racismo dá mais uma volta

Ao se sentir motivado ideologicamente a agir desse modo o deputado-coronel reflete o racismo institucional vigente no governo bolsonarista que reproduz, por sua vez, o racismo estrutural nascido com a adoção do trabalho escravo no Brasil colonial

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Ao quebrar o quadro que denuncia o genocídio de jovens negros o deputado do PSL, coronel Tadeu, deu um exemplo ao vivo do racismo que domina o país precisamente na data em que se celebra o Dia da Consciência Negra.

Podemos até mesmo dizer que a sua ação criminosa (pois racismo é crime!) foi didática ao mostrar que Zumbi dos Palmares, quatro séculos depois, continua espantosamente atual.

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Portanto, o que ocorreu naquele corredor da Câmara dos Deputados não foi uma simples manifestação individual de racismo, cuja punição do deputado do PSL tem de ser exigida não apenas pelos demais deputados, mas também por todos os cidadãos que não aceitam o racismo.

Ao se sentir motivado ideologicamente a agir desse modo o deputado-coronel reflete o racismo institucional vigente no governo bolsonarista que reproduz, por sua vez, o racismo estrutural nascido com a adoção do trabalho escravo no Brasil colonial.

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Usado desde então para justificar a transformação de outro ser humano em escravo, em “coisa”, o racismo continuou sendo usado desde a abolição do trabalho escravo para justificar a exclusão social e política de toda essa população que forma a maioria do país.

Até os anos 40 do século passado se defendia oficialmente o “branqueamento” da população brasileira com incentivos à imigração europeia e tentativas de redução do peso demográfico das populações negras através de seu lento extermínio por via do completo abandono social.

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Mas os descendentes dos escravizados herdaram destes últimos uma enorme capacidade de resiliência e com ela construíram, em paralelo à sociedade racista oficial, a sua própria sociedade, baseada na solidariedade mútua, na religiosidade popular e em sua rica cultura étnica.

Foi desse modo, nas favelas e periferias das cidades e nos quilombos dos campos, que os excluídos sociais, a base da pirâmide, os negros e negras, resistiram, cresceram em número e força e ganharam a primeira batalha histórica contra o racismo genocida. Desde então as elites brancas dominantes decidiram se disfarçar com a fantasia da “democracia racial” para poderem continuar praticando o mesmo racismo estrutural e institucional.

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Exemplo disso é a educação tradicional de cunho racista nas escolas, com a qual se esmaga a autoestima da criança negra para ela se conformar com o lugar que o poder branco elitista lhe destina na sociedade: os níveis mais baixos da pirâmide social.  

Mas a inacreditável eleição para a presidência da República do “poço de maldades” Bolsonaro – fascista, racista, misógino e homofóbico assumido, rasgou a fantasia da “democracia racial” e reassumiu o racismo oficial de seus admirados nazistas e de seu grande ídolo Trump. É esse conjunto da obra que está por trás do aparente ato individual de racismo do deputado que quebrou a placa que denuncia esse histórico genocídio da população negra.

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A partir do golpe de 2016 e o governo Temer e principalmente com o fascista Bolsonaro na presidência da República, a desigualdade social voltou a crescer rapidamente, a concentração da propriedade da terra foi reforçada com o fim da política da reforma agrária e o desmatamento da Amazônia para a plantação de soja e criação de gado, o Brasil voltou para o Mapa da Fome e piorou drasticamente o Mapa da Violência.

Se durante os governos Lula e Dilma as classes populares se referenciavam nas políticas públicas de inclusão social e educacional e de geração de empregos, com o golpe e Bolsonaro os indicadores que lhe couberam foram os do Mapa da Fome e do Mapa da Violência, que registra o sistemático assassinato da juventude negra mal disfarçado de combate à criminalidade. Mas o fim das políticas de distribuição de renda também constitui formas de extermínio em massa.

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Com Bolsonaro, o parafuso do racismo dá mais uma volta e arrocha ainda mais a situação da população mais pobre e excluída do país.

Contudo, foi nesse terreno de opressão racial, mas também de cultura étnica que nasceu o movimento negro no Brasil que se tornou no sujeito histórico do enfrentamento e desmascaramento do racismo e de seus diferentes disfarces.

Com o seu determinado protagonismo político conseguiu furar a barreira de aço do poder branco e eleger representantes negros e principalmente chegar ao governo federal com Lula e Dilma para criar políticas públicas de promoção da igualdade racial. Seu maior destaque foi a instituição da política de cotas, que mudou a cara da universidade pública fazendo com que os negros se tornassem a maioria dos estudantes. Mas não apenas isso, as cotas geraram uma nova intelectualidade negra que está impulsionando a luta em defesa da educação e contra o racismo de Bolsonaro.

O Dia da Consciência Negra, em que se celebra o grande Zumbi dos Palmares está, portanto, cheio de ensinamentos, como deve ser mesmo o dia dedicado à consciência de luta contra o racismo.

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