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Marcia Tiburi

Professora de Filosofia, escritora, artista visual

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O pastor traficante de maconha

O que Damares Alves vai dizer sobre seu Tio Josué andando com 290 kg de skunk no avião?

(Foto: Polícia Federal/Divulgação | Agência Senado)
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Não posso deixar de comentar a notícia sobre o tio traficante de maconha da Damares Alves, pastor Josué Bengston, da Igreja Quadrangular do Pará. 

De fato, uma carga de 290 kg de uma coisa chamada skunk realmente impressiona a desavisados como eu que ainda estava em outra pauta, tentando entender a pedofilia das igrejas e o plano de poder dos religiosos que acançam cada vez mais ocupando o congresso nacional com suas pautas fundamentalistas. 

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Muitos, como eu, devem ter descoberto agora que skunk é maconha potencializada - realmente isso me escapou, e me dá vergonha ter perdido essa informação, afinal sou autora de um livro sobre as drogas e a banalidade do vício chamado SOCIEDADE FISSURADA publicado pela Civilização Brasileira em 2012). Quem esta desatualizado no assunto das drogas, deve estar se perguntando sobre tudo isso: o circuito de produção e comercialização, o valor de compra e venda, a plantação e os destinatários, a exploração do trabalho, a mais valia e o lucro na empreitada. Talvez esteja também se perguntando não só sobre a produção, mas sobre o uso de drogas por parte dos crentes. 

Será que se vende maconha dentro das igrejas também? Estou perguntando, inocentemente, pois nunca se sabe. Se um pastor moralista de igreja trafica 290 kg de skank, quem pode imaginar do que mais é capaz? 

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De um ponto de vista liberal relativamente aos costumes, não há problema algum em usar maconha, ou qualquer outra droga em nível recreativo e não autodestrutivo (toda autodestruição afeta os outros e isso afeta a esfera ética onde lidamos com a alteridade), contudo, mercados clandestinos geram abusos, violências e outros problemas sociais. A dependência que muitas pessoas desenvolvem em relação a drogas (não importa se álcool, cocaína, cigarro ou redes sociais), sempre precisa ser tratada com atenção e cuidado. 

E, de fato, tabus sobre as substâncias e seus usos não ajudam a avançar na pesquisa. 

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Contudo, o moralismo religioso também é mercadoria nas igrejas de mercado, nas quais pedofilia, tráfico humano, corrupção e estelionato são práticas comuns. 

O moralismo gera a moralina que também vicia! O uso de drogas é algo comum na cultura empresarial, e também o é nesse tipo de empresa que são as igrejas de mercado, que, aliás, funcionam como empresas, mas não pagam impostos. 

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É um mercado do lucro certo explorando a fé e o desespero dos outros. Mas é também um mercado de drogas clandestino! E que rende muito dinheiro! 

Eu que sou a favor da liberação da maconha, para plantio, pesquisa científica e uso recreativo, mas que nunca usei maconha (as únicas drogas que uso são café, álcool - eu, por exemplo, gosto de vinho - e Instagram, em doses recreativas, portanto moderadas), sou constantemente xingada de maconheira. 

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Agora vem à tona a hipocrisia dos pastores das igrejas de mercado. 

Se o tio da Damares fosse apenas um maconheiro não seria um problema, talvez fosse até mesmo uma solução, mas tio Josué é um traficante fingindo ser um homem sério, um homem de Deus. Pobre do Deus sendo vendido como mercadoria e transformado em cúmplice de traficantes sem ter como se defender. 

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