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Victor Assis

Dirigente dos comitês de luta contra o golpe em Pernambuco e editor do Diário Causa Operária

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O perigo da extrema-direita nas eleições do Recife

Bolsonaro entra em cena e indica apoio em Patrícia Domingos

Patrícia Domingos e Jair Bolsonaro (Foto: Divulgação)
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Desde as eleições de 2018, corre um boato segundo o qual o Nordeste seria uma região “revolucionária”, em contraste com o Sul e o Sudeste. O motivo seria o fato de que alguns governadores filiados a partidos de esquerda conseguiram se eleger, mesmo diante do avanço da extrema-direita. São eles: Flávio Dino (PCdoB-MA), Rui Costa (PT-BA), Camilo Santana (PT-CE), Wellington Dias (PT-PI) e Fátima Bezerra (PT-RN). Além deles, outros políticos burgueses, como os golpistas Paulo Câmara (PSB-PE), Renan Filho (MDB-AL), Belivaldo Chagas (PSD-SE) e João Azevêdo (Cidadania) foram eleitos com votos da esquerda. Em nenhum dos casos, há um movimento real contrário a toda a ofensiva golpista no Brasil.

Os governos de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Cidadania são tipicamente golpistas: seguem a política de arrocho do neoliberalismo, usam a truculência da Polícia Militar para defender os interesses dos capitalistas e colaboram abertamente com o governo Bolsonaro. Os governadores de esquerda, com exceção de Fátima Bezerra, onde a situação é ligeiramente diferente, foram todos eleitos com o apoio explícito dos mesmos setores que derrubaram Dilma Rousseff e que dão sustentação ao governo Bolsonaro. Flávio Dino, Rui Costa, Camilo Santana e e Wellington Dias são apenas a superfície de uma política podre de alianças com partidos como PP, PRTB, DEM e MDB. As assembleias legislativas nesses locais são todas elas comandadas por partidos golpistas, contando com uma participação extremamente minoritária da esquerda. No caso do Rio Grande do Norte, onde a crise era bastante grande, Fátima Bezerra foi eleita em uma eleição bastante apertada contra a extrema-direita e os golpistas. Mesmo assim, seu governo capitulou diante dos problemas mais importantes no que diz respeito ao controle do Estado: apoiou a reforma da Previdência local e permitiu a reabertura da economia durante a pandemia.

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No final das contas, esses governos, embora com várias contradições e dificuldades, foram aceitos pela burguesia para levar adiante a política geral da direita golpista. Apenas apresentam uma feição mais esquerdista porque os partidos da direita ficaram muito desmoralizados por terem apoiado o golpe de Estado e a prisão de Lula. A eleição dos governadores de esquerda, neste sentido, não foi uma vitória popular contra a ofensiva golpista e a extrema-direita, mas sim uma reciclagem de todo o lixo golpista odiado pela população.

Em Recife, essa situação é bastante evidente. A direita tradicional, representada por partidos como o DEM, o MDB e o PSDB, não tem popularidade alguma. Grande parte disso já se deve ao governo de Jarbas Vasconcelos (MDB) e Mendonça Filho (DEM), apoiados na capital por Roberto Magalhães (DEM). Tanto é que, nas últimas vezes que a direita tentou emplacar alguma candidatura mais competitiva, teve de recorrer ao PTB, comandado pelo usineiro Armando Monteiro, ou a figuras novas no cenário político, como Daniel Coelho, egresso do Partido Verde.

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Embora a situação da direita fosse falimentar, a esquerda pernambucana, a exemplo da esquerda pequeno-burguesa brasileira, nunca partiu para uma política de liquidação dos partidos golpistas. Mesmo odiados pelo povo, esses setores permaneceram e permanecem, ano após ano, incrustados no Estado. E por que? Justamente por causa dos governos “revolucionários”: a política de constante reciclagem de lixo, hoje conhecida como “frente ampla”, permitiu que a direita permanecesse viva no estado.

Tanto é assim que, em 2014, o candidato da “frente ampla”, Paulo Câmara (PSB), foi eleito com apoio do MDB, PSDB, PSD, PP, DEM, PRTB, PSL e outros tantos partidos golpistas. O verniz “de esquerda” foi passado pelo PCdoB. E a vitória de Paulo Câmara, por sua vez, só foi possível porque o PT, maior partido da esquerda no País, partiu para a política desmoralizante de apoiar Armando Monteiro, do PTB, em vez de ter uma candidatura própria, contra a direita.

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O PSB sempre governou com esses setores da direita tradicional. Contudo, com a ofensiva golpista, os setores mais tradicionais da burguesia levantaram a cabeça e começaram, em 2017 a tentar se descolar da “frente ampla” para constituir uma candidatura própria, “sangue puro”. A imprensa burguesa também foi cooptada para essa operação, fazendo propaganda, sobretudo, do aumento da “criminalidade” durante os governos do PSB. Quando o PSB foi vendo importantes setores — PSDB, DEM e os partidos fisiológicos de base evangélica — abandonarem seu apoio, o partido procurou novamente o PT, pois isso seria fundamental para garantir sua vitória. E, de fato, não fosse o apoio do PT à candidatura do PSB em 2018, a coalizão em que estavam PTB, PSDB, DEM, PODE etc. sairia vencedora.

Agora, em 2020, a situação se repete em alguns aspectos, e se mostra diferente em outros. Finalmente, o PT tomou a decisão correta de romper com a política de “frente ampla” e de apresentar uma candidatura própria para a a prefeitura do Recife. E mais do que isso: a candidata mais popular que o partido dispõe no momento. Neste sentido, as condições para enfrentar a direita e aproveitar as eleições para mobilizar os trabalhadores contra o golpe seriam as melhores. Contudo, não é isso que vem acontecendo: a burguesia infiltrou seus cavalos de Tróia (PSOL, PMB e PTC) na candidatura de Marília Arraes para impedir que ela alçasse voo. No fim das contas, a candidatura não se colocou a favor do Fora Bolsonaro, nem em defesa dos direitos democráticos do ex-presidente Lula, desperdiçando todo o potencial de luta e propondo-se a simplesmente disputar a administração pública. Afinal, os setores infiltrados pela burguesia são completamente avessos à mobilização popular.

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A sabotagem à candidatura de Marília Arraes também vem do próprio PT, mas precisamente de sua ala “queijo do reino” — isto é, vermelho por fora e amarelo por dentro. Essa ala, comandada pelo senador Humberto Costa, rifou a candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco em 2018 e vem declarando guerra publicamente contra sua candidatura à prefeitura do Recife. Vários têm sido os ataques contra a candidatura, vindos, inclusive, do presidente do Diretório Municipal do partido, Cirilo Mota. E todos os ataques muito cínicos: Oscar Barreto, João da Costa e tantos outros, que defendem a submissão do PT ao PSB, passaram a criticar Marília por não utilizar os símbolos do partido na campanha eleitoral. Segundo informações do Jornal do Commercio, teria tentado articular a formação de uma dissidência no PT para apoiar a candidatura de João Campos, do PSB, contra Marília Arraes.

A aliança de Marília Arraes com partidos como o PTC e o PMB e a submissão aos acordos e chantagens de sua própria ala direita é resultado de uma ilusão e de um cálculo político bastante equivocado. A burguesia não quer que o PT assuma qualquer prefeitura, muito menos de uma capital importante como Recife, e comandada pela ala lulista do partido. Neste sentido, é preciso entender que a única forma de derrotar a direita seria por meio de uma verdadeira guerra contra os golpistas, e não por meio de uma aliança. Seria preciso ir para as ruas, denunciar o governo Bolsonaro e intensificar a polarização, e não forjar um acordo com os inimigos do povo e da mobilização popular. O próprio histórico do partido na cidade mostra isso.

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Em 2000, ainda sob o governo FHC, o PT obteve mais de 35% dos votos em primeiro turno — mais de um terço do eleitorado —, por meio de uma coligação inexpressiva: PCdoB, PGT e PCB. Pode-se dizer, tranquilamente, que, na melhor das hipóteses, os demais partidos teriam contribuído com 2% dos votos. Em 2004, o PT chegou a 56% dos votos ainda no primeiro turno, o que, em tese, mostraria uma grande evolução do partido. Na verdade, o que aconteceu foi que o PT abriu as portas para a “frente ampla”, chegando a um acordo com a direita. Como resultado, trouxe para sua coligação o PSL, o PAN, o PTC, o PSB, o PRP e o PTdoB. Desses, apenas o PSB teria uma quantidade expressiva de votos — no máximo, 10%. Em 2008, o PT aumentou ainda mais sua coligação, englobando vários partidos de direita: PRTB, PMN, PHS, PDT, PSDC e outros tantos. Sua votação, contudo, não aumentou, mesmo controlando a máquina do Estado por oito anos. Pelo contrário: caiu para 51%, dos quais 3% foram drenados pelo PSOL.

Em 2012, por meio de um golpe ardiloso de Eduardo Campos, o PSB sequestrou a coalizou formada pelo PT. Neste momento, ficou claro o erro do partido de ter apostado na “frente ampla”: os anos de aliança com a direita apenas levaram à desmoralização junto a população e, portanto, a perda de espaço político. O PT, naquelas eleições, ficou praticamente isolado, em uma frente murcha com o PSDC, o PP e o PHS, enquanto o PSB encabeçou uma coligação enorme, arrastando até mesmo o PCdoB. Resultado: o PT teve apenas 17% dos votos, contra 51% do PSB e 30% do bloco PSDB-DEM. A frente encabeçada pelo PSB era tão direitista, inclusive, que acabou levando 13% dos votos do bloco PSDB-DEM-PMDB das eleições de 2008, em parte por ter atraído para si o próprio PMDB.

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Mas o dado mais fundamental desse caso é: o PT, que tinha cerca de 33% dos votos sozinho, perdeu praticamente metade de seu eleitorado, mesmo tendo doze anos de controle da máquina pública. E esses 16% dos votos não foram convertidos “ideologicamente” para o PSB, até porque não há ideologia alguma na “frente ampla” montada por Eduardo Campos. Os votos foram perdidos porque a política do PT, bem como suas alianças, foram ficando cada vez mais direitistas.

Em 2016, o PT melhorou um pouco sua votação, indo para 23%, o que se deve, em grande medida, à polarização política. Isto é, mesmo o candidato do PT à época fazer uma campanha bastante direitista, a luta contra o golpe e a participação direta de Lula em meio a sua perseguição acabou contribuindo para que o partido aumentasse timidamente seu apoio. É nessa mesma situação em que se encontra, neste momento, Marília Arraes: embora beneficiada pela experiência da luta contra o golpe, sem desenvolver essa luta, sua candidatura terá muita dificuldade para ultrapassar os 25% do eleitorado. Esse é, afinal, basicamente o mesmo eleitorado que teria votado em Fernando Haddad nas eleições fraudulentas de 2018 — 30%, sendo que parte desses fariam parte do eleitorado do PSB.

Esses 25% do eleitorado, que não pode ser desenvolvido por meio de uma aliança com a direita porque a burguesia não quer, nem está sendo desenvolvido pela mobilização popular por causa das contradições internas do PT, não serão, nem de longe, suficientes para eleger Marília Arraes prefeita. Mesmo assim, seriam suficientes para levá-la ao segundo turno. A vitória no segundo turno é impossível, mas serviria para a esquerda aprofundar suas ilusões no processo eleitoral e fazer sua propaganda de que a derrota se deu por causa de “x” votos, e não por causa de sua política direitista e capituladora. Contudo, o segundo turno é cada vez mais uma distante realidade para o PT em Recife.

Em nenhuma pesquisa divulgada pela imprensa burguesa, Marília Arraes chegou aos 25% das intenções de voto. Mesmo assim, em vários momentos, apareceu em segundo lugar, indicando a possibilidade de chegar ao segundo turno. João Campos (PSB), por sua vez, sempre esteve em terceiro. A mais nova pesquisa apresenta o seguinte cenário:

recife

Como fica claro, em todos os momentos, se considerarmos que o DEM e o PODE apoiaria o PSB em segundo turno contra o PT, João Campos venceria tranquilamente as eleições. Contudo, ao tratar as pesquisas eleitorais, e preciso levar mais uma coisa em consideração: todas elas são uma fraude. Em geral, são uma fraude porque diminuem os votos da esquerda para desmoralizar seus candidatos e os tornar derrotados antes mesmo das eleições. Mas também é comum apresentar os candidatos com uma intenção de voto maior do que terá na realidade para tentar influenciar no curso da campanha eleitoral. Foi o que a burguesia fez em 2018, por exemplo, contra Dilma Rousseff e Eduardo Suplicy. Ambos estavam, segundo as pesquisas, com suas votações garantidas, mas foram surpreendidos com a fraude no dia da votação.

No caso de Marília Arraes, tudo indica que se trata do segundo caso. Isto é, não que a candidata tenha menos que 21% das intenções de voto, mas sim que a burguesia pretende fazer com que sua votação seja muito inferior a isso. E há motivos bastante razoáveis para vermos as coisas dessa maneira. Afinal, por mais que o PT perdesse a eleição, um segundo turno disputado contra o PSB traria um certo prejuízo à política de “frente ampla”. Pois, uma vez que Marília Arraes se visse em confronto com o PSB, seria empurrada pela própria base a denunciar o partido como parte da engrenagem golpista. O que a burguesia quer é o contrário: que a própria Marília Arraes apoie o PSB e a ala lulista do partido saia ainda mas dispersa do processo eleitoral.

Sendo assim, a operação que a burguesia busca fazer nesse momento é a de impedir o PT de chegar ao segundo turno. E essa operação se tornou ainda mais evidente quando o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Pernambuco (TRE-PE) decidiu proibir a campanha de rua. Isto é, a campanha de esquerda, atingindo em cheio o nosso Partido, que faz uma campanha militante pelo Fora Bolsonaro, e o PT, que precisa sair às ruas para conseguir aumentar sua base até o dia da eleição. Para a direita, cuja eleição depende basicamente da compra de votos, a decisão da Justiça Eleitoral não tem efeito.

A esquerda pequeno-burguesa, em geral, decidiu ignorar completamente o assunto. O blogueiro Jones Manoel, filiado, por ora, ao PCB, resolveu fechar os olhos para a arbitrariedade. O candidato da UP à prefeitura do Recife, de maneira ainda mais vergonhosa, saiu a público para dizer que ia respeitar a decisão. Marília Arraes, embora nitidamente desconfortável e apontando as contradições entre a decisão do TRE-PE e a política do governo do estado em relação ao combate ao coronavírus, acabou se adaptando às demandas dos golpistas. Havia, de qualquer maneira, uma enorme tensão entre os apoiadores de Marília Arraes e vários cartazes denunciando a ditadura do TRE-PE foram espalhados pela cidade:

cartaz

No dia 3 de novembro, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu julgar um mandado de segurança contra a decisão do TSE. Contudo, havia acontecido algo muito suspeito neste dia: saiu uma pesquisa em que Marília Arraes aparecia em segundo lugar, com vantagem folgada sobre o terceiro. Tratava-se, portanto, de um recado claro: petistas, fiquem em casa, podem ficar tranquilos, que Marília Arraes vai para o segundo turno. De fato, a decisão do TSE foi muito pouco comentada, mostrando um determinado acordo entre os candidatos. Desde então, as pesquisas vêm mostrando Marília Arraes em segundo lugar, instaurando um clima de “segundo turno” entre seus apoiadores.

Mas se é assim, por que, então, o TRE-PE teria cancelado os atos de rua? Evidentemente que para atender a seus interesses. Vale lembrar, inclusive, que o presidente do tribunal é um fascista que fala em nome de Deus e do “bem maior”. Obviamente que seu interesse é fraudar a eleição: a burguesia deve combinar o clima de “já estamos no segundo turno” com a desmobilização forçada pela Justiça Eleitoral para colocar em prática sua fraude e forjar um segundo turno entre dois candidatos de direita.

Um dos candidatos seria, naturalmente, o próprio João Campos. O segundo, até o momento, não está definido. O mais indicado para a burguesia seria Mendonça Filho (DEM), que foi vice-governador na época de Jarbas Vasconcelos, ministro da Educação do governo Temer, latifundiário poderoso no interior etc. Contudo, como é uma figura muito desmoralizada, que teve menos de 3% na eleição para prefeito em 2012, pode ser que não consiga viabilizar, de fato, sua ida para o segundo turno. Nesse caso, a burguesia teria de lançar mão de uma “carta na manga”: a desconhecida, impopular e fascista Patrícia Domingos (PODE).

Patrícia Domingos sempre apareceu pontuando bem nas pesquisas de intenção de voto, embora nunca tivesse concorrido a qualquer eleição, nem fosse uma figura minimamente conhecida. O próprio fato de que ela, em muitos momentos, aparecia com a mesma intenção de voto de Marília Arraes já é, em si, uma fraude dos institutos de pesquisa. Desde o início da campanha eleitoral, ela vem sendo cultivada pela direita para alguma manobra que se faça necessária.

Ao que tudo indica, agora chegou a sua hora. No último fim de semana, pela primeira vez, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, principal liderança da extrema-direita nacional, apontou seu candidato em Recife: Patrícia Domingos. Pouco depois, o candidato do PRTB, Marco Aurélio Meu Amigo, abriu mão de sua candidatura e declarou apoio à candidata do PODE. Na reta final da campanha eleitoral, a burguesia pode muito facilmente fabricar qualquer desculpa esfarrapada para justificar um crescimento da candidatura de Patrícia Domingos. Ou simplesmente deixar a surpresa para a apuração das urnas. E o precedente já existe: Wilson Witzel (PSC), no Rio de Janeiro.

Uma última questão importante, neste caso, é: o Recife poderia ter uma candidatura de extrema-direita? Com a mais absoluta certeza. Na verdade, essa é a tendência em todo o País. Na medida em que os setores mais tradicionais da burguesia vão falindo, os capitalistas se veem confrontados com duas possibilidades: incentivarem a “frente ampla” entre a esquerda e esses setores falidos ou impulsionar a extrema-direita. E, em casos como o de Donald Trump e, em certa medida, de Bolsonaro, a crise da burguesia pode ser tão grande que um candidato de extrema-direita consiga se impor, mesmo não estando nos planos originais dos capitalistas. Se, como vimos, com o apodrecimento do regime político, o PT não cresceu, mas, na verdade, diminuiu seu eleitorado, é certo que isso será absorvido, mais cedo ou mais tarde, pelo fascismo.

Os governos “revolucionários” do Nordeste não devem enganar ninguém sobre o fascismo na região. O fascismo existe em Pernambuco e pode levantar rapidamente a cabeça. Parte importante do governo do PSB se apoiou em setores como a família Collins e a família Ferreira, ambas evangélicas e de extrema-direita. Há vários anos, Michelle Collins foi à Câmara dos Vereadores defender que as mulheres deveriam ser “submissas” aos maridos. Há alguns meses, a Assembleia Legislativa aprovou que os presos pernambucanos pagassem pela própria tornozeleira eletrônica. O presídio Aníbal Bruno, inclusive, é o pior do País. A batalha da UFPE, já em 2017, mostrou que existe um exército de mercenários à disposição para agir quando a extrema-direita chamar. O julgamento do TRE-PE que liquidou os atos de rua foi conduzido com uma retórica fascista. Por fim, podemos citar o caso assombroso do Cisam-UPE, quando pastores e grupos de extrema-direita tentaram invadir uma maternidade para impedir o aborto de uma criança de 10 anos.

O PSB não será capaz de enfrentar a extrema-direita, até porque foi ele próprio quem gestou o fascismo no estado de Pernambuco. Não percamos de vista, inclusive, que o partido esteve envolvido até a medula com o golpe de Estado de 2016. Neste sentido, a candidatura fascista de Patrícia Domingos não pode servir de chantagem para que a esquerda volte a declarar apoio ao PSB golpista.

A extrema-direita está aí, na Polícia Militar, no parlamento, no Judiciário. É preciso organizar os trabalhadores e toda a esquerda para derrotá-la já, nas ruas. Ao mesmo tempo, contra a “frente ampla” com os golpistas, é preciso intensificar a mobilização pelo Fora Bolsonaro e por Lula presidente.

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