O peso dos 38 anos do PT na eleição e na candidatura Haddad

Ei, você, tá me lendo na timeline de Facebook ou em outro lugar? Calma, este não é mais um textão sobre o Bolsonaro. E nem sobre o Lula. Mas acho que é sobre um assunto que frequentemente é abandonado na discussão eleitoral.

Tem gente falando que quem vai no Haddad é "burro", "vai jogar o Brasil no colo do Bolsonaro", "cego ideologicamente", etc, etc.

Um fator leva muita gente a votar no Fernando Haddad, e em deputados da mesma sigla, e esse fator é o PT.

Partido dos Trabalhadores é uma legenda com 38 anos de história, 36 de registro.

Tem a mesma idade do MDB do Temer (que na verdade é mais velho e nos defendeu na ditadura desde 66) e oito anos mais velho que o PSDB. Tem um ano a menos que o PDT, que tem 39.

A história do partido não existe em escândalos de corrupção. Surgiu de greves, de sindicatos, de trabalho de base, de oposição democrática no Congresso. Foi governo federal quatro vezes. Criou propostas que vão desde agricultura orgânica até a valorização do pequeno produtor.

O berço do PT não foi a esquerda soviética e nem a trotskista. Eles beberam do trabalhismo inglês, que é moderno e ainda influencia hoje (apesar de Tony Blair), e se colocaram como uma legenda pragmática após a Queda do Muro de Berlim. Ou seja, o partido é justamente tudo aquilo ao contrário que o antipetismo prega. Ele é moderado.

Atraiu só com o tempo outros quadros da esquerda.

E o PT perdeu eleições até vencer. Joga o jogo democrático e deve perder se for posto um projeto melhor na mesa. Oposição ou ligeiramente alinhado com ele.

Eu entendo os votos em Ciro Gomes e em outras alternativas progressistas. O PDT tem história antiga no trabalhismo de Brizola, que veio do PTB original. Esse outro partido estava com Jango no golpe de 64.

Não entendo votar no PSDB sem projeto. Votos em partidos mais novos são como novas apostas e eles são obrigados a lidar com esses gigantes eleitorais.

Mas esquecer que o PT tem essa história e achar que ela não pesa em sua militância (e até em não-militantes, como eu) é ignorar um fator muito importante e orgânico na votação que teremos no domingo. Quando se fala em ideologia, se fala em dados históricos oferecidos pelo próprio partido, por sua militância e as modificações que isso produziu no país.

E isso pesa. Para além de Lula e de Bolsonaro, assuntos favoritos na timeline hoje.