O petróleo do século XXI
Conflagrações menores ao redor do mundo também tiveram como pano de fundo o petróleo que ainda é o principal combustível da economia estadunidense
O século XX foi ele totalmente marcado pela exploração de combustíveis fósseis. O petróleo e seus derivados, carvão mineral e o gás natural estiveram em disputa por todo o planeta e, tais disputas, foram em quase a sua totalidade sangrentas, um contingente imenso de pessoas morreram por conflitos gerados em busca essa riqueza. De passagem, podemos lembrar das guerras do Iom Kipur, de 1973, do Irã contra o Iraque entre 1980 e 1988, a do Golfo em 1991, momento em que o Iraque de Saddam Hussein invadiu o Kuwait e acabou tendo o seu território invadido pelos Estados Unidos. Conflagrações menores ao redor do mundo também tiveram como pano de fundo o petróleo que, por enquanto, ainda é o principal combustível da economia estadunidense.
Vladimir Lenin nos ensinou que o nível mais elevado do capitalismo é o imperialismo e os EUA desde o fim da Segunda Guerra Mundial se valeu de seu poder militar e econômico para se colocar como a principal nação imperialista. Mas, os planos e as estratégias que antigamente eram guardados a sete chaves pela Casa Branca e CIA, agora são revelados sem o mínimo pudor. Foi o que fez Laura Richardson, chefe do Comando Sul. As declarações feitas por ela ao Atlantic Council, think tank vinculado a Otan, parecem ser notícias antiga, mas não é. Laura destacou que 60% do lítio mundial está entre Argentina, Bolívia e Chile. Mais: grandes reservas de petróleo e óleo leve estão em território latino-americano. Mais: ela não esqueceu que na Venezuela há importantes quantidades de cobre e ouro e uma das maiores reservas de petróleo do mundo. Considerou ainda Amazônia como o “pulmão do planeta” e, sem papas na língua, Laura Richardson fez questão de chamar atenção para o fato de as maiores reservas de água doce do globo estarem em terras sul-americanas. “30% de toda a água doce do mundo está nessa região”, disse ela.
Em outras palavras, a Doutrina Monroe continua valendo. Os EUA continuam exercendo sua influência política para ter o controle absoluto das riquezas naturais da América do Sul e Caribe, mas, dessa vez, o controle da água é o principal alvo. Já existe, por parte da Organização das Nações Unidas, o discurso de que a distribuição de H²O tem de ser pensada de maneira equânime independentemente da região em que se encontra. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já disse, em estudo, que quase 40 bilhões de pessoas no mundo podem sofrer com a falta de água até 2030. Então, haverá, com certeza, o olhar imperialista sobre o recurso e com amplo consentimento da ONU. É necessário, por isso, que as forças políticas democráticas e de esquerda se preparem para investidas dos países centrais e destacadamente dos EUA. Tem de se ter em perspectiva que, como sempre aconteceu, os estadunidenses faram o que for preciso para alcançar os seus objetivos algo que está evidenciado. As declarações da general Laura Richardson, nesse sentido, devem ser consideradas como um dos maiores fatos geopolíticos de 2023. Trata-se do anúncio do que está por vir.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

