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Regina de Aquino

Professora titular aposentada do DMAT-CCE-UFES

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O petróleo e o engodo do carro elétrico

Por hora, é melhor defendermos a Petrobrás e sua autossuficiência na produção de hidrocarbonetos

(Foto: Kim Hong-Ji/Reuters)
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Sou daquela geração que sonhava com as viagens espaciais, que viu a Apolo 11 descendo na Lua, na TV preto e branco, ao vivo, que assistia Jornadas nas Estrelas - Star Trek e também Perdidos no Espaço, aos capítulos semanais, em preto e branco, com os impagáveis Willian Shatner e Jonathan Harris como capitão Kirk e Doctor Smith. Para nós, crianças da época, carros elétricos voadores e robôs de limpeza era o mundo do futuro. E um viva para Os Jetson’s! Tínhamos também Os invasores, O fugitivo e Bat Masterson... Um mundo de fantasias regrada pela cultura estadunidense. Foi nessa época que o mundo silenciou e a TV em preto e branco era o único som alto na sala. As conversas eram contidas e silenciosas. Era o final da década de 60.

Eu também sou da geração que vestiu um brim azul, uma camiseta de algodão puro e um chinelo fechado de tiras de couro para ir à Cinelândia, ouvir Sobral Pinto recitar “Todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido” em uma voz trêmula mas determinada. Foi nessa época que pratiquei um pouco do vegetarianismo e visitava o embrião do “Couve-flor” no Jardim Botânico. Era também a época das feiras hippies, os colares de madeira e brincos feitos a mão. E ainda, a que conheci Goddard, Truffaut, Buñuel, Saura e tantos outros nas salas de cinema do Estação Botafogo.

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O tempo passou, a vida se modernizou.

As séries estadunidenses estão todas na Netflix, no Prime ou outros streams. Continuam estadunidenses. Se quiser um bom filme francês, iraniano ou chinês, tem que procurar, como antes.

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O brim virou Jeans e tem elastano na composição, as camisetas de algodão tem em sua composição, quase sempre metade de poliamida ou nylon e os chinelos foram trocados por tênis confortáveis feitos com solado de poliestireno e tecidos sintéticos que absorvem o suor.

Mas os carros continuam a gasolina. Pelo menos por enquanto… e aqui tem a primeira “pegadinha”, ou engôdo, como está no Aurélio. Estimativas nos dizem que um carro tem 50% de sua composição em derivados do petróleo. Seja elétrico ou não. Segundo especialistas da área de Engenharia de Petróleo e Gás, os derivados de petróleo são transformados em plástico, que se torna material básico de produtos farmacêuticos, têxteis, alimentícios, entre muitos outros.

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A lista de produtos, a base de hidrocarbonetos e polímeros, fabricados pela indústria, e usados por todos nós em nosso dia-a-dia é monstruosa. Mais ainda, hoje em dia, petróleo é um bem precioso para a indústria e essencial para a sociedade.

O petróleo está presente em alimentos, de forma direta, como nos corantes ou indireta, através dos fertilizantes e pesticidas, em todo produto feito com plástico (a garrafinha d’água, o copo ou caixinhas de embalagens plásticas, entre outros). Está presente no chicletes e medicamentos que contenham benzeno (um derivado do petróleo), assim como perfumes, ceras de depilação, xampus e condicionadores, batom e vaselina, entre outros produtos, que são feitos a partir de derivados de petróleo. É só olhar na composição você vai encontrar as palavras Parabeno, Benzeno, etc.

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Estima-se que existam cerca de 18 milhões de quilômetros de ruas pavimentadas no mundo todo (vale conferir), o que corresponde a uma quantidade significativa de asfalto/petróleo, e ainda temos muito mais por asfaltar...

Os derivados do petróleo são também base para produtos de limpeza, sendo que a maioria deles é revestida por uma embalagem plástica. A parafina das velas e do lápis de cera também é um derivado do petróleo, assim como os tecidos, que incluem o náilon, o acrílico, ou poliéster, usados tanto em roupas, almofadas e travesseiros, cortinas e tapetes. E finalmente, temos o material de enfermagem e saúde: as seringas, agulhas, embalagens de soro, etc. contém ou são feitas a partir de derivados do petróleo.

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Eu disse “finalmente” porque a lista está se tornando torturantemente longa. Olha em sua volta e se você não encontrar metade dos produtos que usa, sem petróleo, me avisa!!

A questão principal é que essa tecnologia gigante que desenvolvemos com o petróleo não será substituída em alguns anos. E o mais provável é que, como ocorreu com o carvão há pouco mais de 100 anos atrás, o uso de petróleo fique restrito a algumas finalidades. Mas, isso pode levar décadas, e antes disso, vamos precisar de novos combustíveis, mais avançados do que temos conhecimento, até agora. A questão secundária é que não serão alguns milhões de carros elétricos que irão diminuir nossa dependência do petróleo, mas, sim, muita tecnologia e inovação de materiais que não dependam do petróleo. E isso pode levar bem mais que algumas décadas...

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É bom que venham os carros elétricos, principalmente se forem seguros e não travem as portas com pessoas dentro, na hora do resgate em um acidente. Nós não precisamos repetir a experiência do início do século 20 (os carros explodiam ou o freio quebrava matando todos os passageiros), para ter uma tecnologia segura. Melhor seria se logo pudéssemos dirigir carros voadores, como nos Jetsons. Quem sabe, um dia.

Por hora, é melhor defendermos a Petrobrás e sua autossuficiência na produção de hidrocarbonetos. Para nossa segurança e independência.

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