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Paulo Roberto Andel

Estatístico, escritor, autor e coautor de 26 livros sobre esportes, crônicas, Rio de Janeiro, política, humor e poesia

22 artigos

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O preço da briga contra os fatos

Por favor, fiquem em casa. Não deem ouvidos a um fascista desequilibrado, com toda a redundância desta sentença. A economia pode ser consertada; a perda de centenas de milhares de vidas, não.

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O caos domina o mundo. Os mortos são amontoados com empilhadeiras. Rinques de patinação em shopping centers servem de necrotérios. Cemitérios abrem centenas de covas rasas. A cada momento, a estatísticas da morte são inflacionados. A tragédia do Covid19 está por toda parte. Para tentar minimizar a desgraça, os procedimentos são muito parecidos em todos os países, e todos passam pelo isolamento social - uns desde o início, outros a contragosto. 

No Brasil não deveria ser diferente. Dentro do possível, o país todo tem seguido as regras mundiais, embora menos do que devido porque, afinal de contas, temos o presidente da República mais estúpido e alheio às causas populares de todos os tempos - e quando ele abre seu bueiro verbal, só se espera o pior. Ao praticar seus atos de irresponsabilidade, estimulando a quebra do isolamento por conta da economia que seu próprio governo já havia devastado antes, ele estimula a tragédia com milhares de seus insanos apoiadores. É a maior campanha de indução ao suicídio coletivo já realizada em terra brasileira. 

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Mas afinal, o que ainda leva milhões de pessoas a desacreditarem todas as notícias, todos os relatos, todas as informações on line, todas as orientações de profissionais de Saúde Pública, todos os fatos comprovados por conta de bravatas disparadas por uma criatura em evidente desequilíbrio das faculdades mentais, como se já não lhe bastasse o verdadeiro nojo das classes populares brasileiras? 

É difícil ter uma resposta racional quando a temática passa pela irracionalidade extrema. A briga contra os fatos está mais acirrada neste momento de Coronavirus, mas não se pode dizer que se trata de um fenômeno recente no Brasil. 

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Diretamente vinculado aos interesse privados no país, o fomento ao não pensamento está fincado na disputa política, tendo sido incensado por um consórcio que envolve parte do empresariado, setores reacionários da sociedade, partidos de quinta categoria moral, patronos de setores da fé (com ênfase nos movimentos neopentecostais), grupos de comunicação e, a se comprovar, a participação direta do crime organizado. Este consórcio está em atuação no Brasil há pelo menos quinze anos, mas só conseguiu esticar seus tentáculos a partir das manifestações de 2013, quando "movimentos espontâneos" (na verdade grupos financiados) bradaram pela negação da política partidária, com especial satanização dos nomes do Partido dos Trabalhadores, de Lula e de Dilma Rousseff. 

Desde então, o Brasil não teve mais paz. E várias das lideranças dos "manifestantes espontâneos" hoje possuem mandatos parlamentares, num exercício de deboche completo. 

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Não se trata de ignorar eventuais equívocos vividos era petista - todos muito menores do que os acertos -, em especial pela condução econômica do segundo mandato de Dilma, mas a verdade é que o Brasil foi paralisado desde a reeleição da presidenta. Não é possível esquecer os ataques de cólera de Aécio Neves, o "Mineirinho" das delações, beirando à insanidade por não aceitar a derrota eleitoral, princípio basilar da democracia. Daí ao incêndio político provocado pela figura criminosa de Eduardo Cunha, foram dois anos de agonia. Sorridentes, lideranças do mundo empresarial esfregavam as mãos para o sucesso do golpe, única maneira de voltarem a ter espaço nas esferas do poder decisório, já que vinham de quatro eleições perdidas - e muitos de seus pares haviam sido francamente beneficiados pela desoneração de setores promovida por Dilma, a partir de 2013. O tapetão do futebol foi copiado para a vida política do país. 

O golpista Michel Temer, condenado à quarentena moral eterna, aproveitou o momento e ajudou no processo de decomposição do Brasil. A desastrosa reforma trabalhista não somente não gerou emprego algum como dizimou vários, destruiu sindicatos e empurrou milhões de brasileiros para a precarização da informalidade, com evidente redução da renda. E a máquina de ódio formada em 2005 mas ativa de vez em 2013 chegou ao seu objetivo: tirar o setor progressista do Governo a qualquer custo, mesmo que fosse para eleger uma pessoa mental e moralmente incapacitada, como foi o caso. Contudo, essa mesma indústria da cólera não teria sucesso sem a participação popular, tanto pelo voto grosseiro em Bolsonaro como pela não participação através de ausências e nulidades, tão estimulada em 2013 por aqueles "movimentos espontâneos" (financiados por políticos e grupos inescrupulosos). 

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Uma nova onda varreu o país: o proselitismo da ignorância de mãos dadas com a estupidez. Só este composto maligno pode explicar a mudez, ou omissão, ou ainda indiferença, diante de fatos como a facada exangue, os 39 quilos de pó no avião da comitiva, os 48 depósitos no caixa eletrônico, a hospedagem de Fabrício Queiroz no berço da milícia de Rio das Pedras, as fake news, os criminosos robôs das redes sociais, a morte de Marielle, o fuzilamento do miliciano Capitão Adriano e até mesmo o stress supremo que pode ter matado Gustavo Bebiano. Tudo isso apimentado à última potência com um desgoverno de completo desprezo à classe trabalhadora e de muitos de seus eleitores, parte deles já curada da lavagem cerebral imposta pelo bolsonarismo, calcada em delírios contra o comunismo brasileiro, bravatas impregnadas de falsa religiosidade e um tremendo vazio de realizações. Parecia impossível usar a arminha dos dedos como sistema filosófico, mas aconteceu - e hoje, seus defensores no máximo usam a mesma arminha como eventual supositório. 

Antes do Covid19, o Brasil já vivia uma era grotesca do ponto de vista econômico e social. A tragédia do Coronavírus piorou e vai piorar muito as coisas, já que o Estado Brasileiro, na contramão do mundo, não dará o devido suporte à economia nacional. É difícil prever qualquer coisa nos próximos 30 ou 60 dias, mas uma coisa é certa: mesmo que o vírus da morte não ameaçasse o mundo, o Brasil iria pagar caro por parte de sua população insistir em brigar com os fatos. Diante de tudo o que aí está, a desobediência civil a todos os atos de Bolsonaro é o melhor para o Brasil e os brasileiros. 

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Por favor, fiquem em casa. Não deem ouvidos a um fascista desequilibrado, com toda a redundância desta sentença. A economia pode ser consertada; a perda de centenas de milhares de vidas, não. 

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