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Ronaldo Lima Lins

Escritor e professor emérito da Faculdade de Letras da UFRJ

199 artigos

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O preço da má-fé

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Sociedades representam espaços plurais. Algumas têm em certos símbolos mensagens tão presentes que, para falar delas, basta um sinal, um desenho, uma alegoria – e já basta. A Áustria, com o tirolês, avançou para o mundo uma forma de ser, algo de sua formação que, de fato, ali se achava para representá-la. Nós, brasileiros, nos destacamos pelo futebol, pelo samba, por uma alegria que, mesmo nas tragédias, não nos abandona. E, de repente, como se cansados do que por tanto tempo fomos, damos a impressão de trabalhar com imagens novas, bizarras, surrealistas e até, para dizer a verdade, lamentáveis. Os episódios que cercaram e continuam cercando as eleições, sem possibilidade de prosperar, comportam ingredientes que chegam a transbordar o caldo da paciência. O que agora se tramou entre o atual mandatário e o dirigente do PL, Waldemar da Costa Neto, parece inédito em termos de ousadia misturada à incompetência e postas em julgamento no TSE. A tentativa de contestação das urnas fracassou. Para cercear iniciativas semelhantes, o tribunal atribuiu uma multa de 22 milhões. Precisamos de mais?

Examinando os fatos, ficamos com a ideia de que os personagens em questão beiram o desvario. O quase ex-presidente se recusa a aceitar a derrota. Em função disso, encerrou-se no Palácio da Alvorada e deixou passar os dias preguiçosamente, sem trabalhar. Já o imaginamos como Jack Nicholson, em O iluminado, de Stanley Kubrick, filme de 1980, enfrentando o tédio disposto a escrever suas memórias. A mulher se esconde nos cantos e aguarda um momento de trocar duas palavras. A obra avança, ela nota, secretamente. Impossível interrompê-lo. Batidas numa velha máquina, as páginas se acumulam, cobertas de manuscritos. Quando numa oportunidade, ela lança um olhar para as laudas empilhadas, lê que uma única frase as preenche: “Muito trabalho e pouca diversão, fazem de Jack um bobão.” No Brasil, no Planalto Central, sem dúvida, nosso mandatário repetiria ad infinitum a sua maneira de se descrever: “Muito trabalho e pouca diversão, fazem de Jair...” Com erisipela, uma bermuda para suportar as dores e um olhar enlouquecido, o que mais se poderia esperar dele? Fugindo de sua esperteza habitual, Waldemar da Costa Neto, infringiu uma de suas leis intocáveis, a de sempre e acima de tudo, se proteger.

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Enquanto isso, a posse do novo presidente se aproxima, a Copa do Mundo, em vez de dividir, como se calcularia, une o povo e a seleção vai cumprindo o seu papel. É preciso reconhecer que a política possui uma dinâmica própria. Nada que fere as suas possibilidades se mostra capaz de prosperar. Manifestações na porta dos quartéis assustam, mas até agora não nos tiraram do sério. Recursos estapafúrdios junto à Justiça? Por falta de provas, guardam-se nos arquivos. Gritos e sussurros de inconformados? Como diria Nelson Rodrigues, as inquietações do futebol lidam com elas. E nós, com Lula, nos preparamos para uma fase nova. 

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