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Jilmar Tatto

Jilmar Tatto é ex-secretário de Mobilidade e Transportes das gestões de Fernando Haddad e Marta Suplicy, foi deputado federal e é secretário Nacional de Comunicação do PT

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O “prefeitar” de Bruno Covas no Roda viva

Bruno Covas disse no Roda Viva que gosta de "prefeitar", mas nada falou sobre os 101 dias em que se ausentou do cargo em viagens para assuntos, em geral, particulares, como a Miami, Nova York, Londres, Tóquio, Santiago e até a Croácia

O “prefeitar” de Bruno Covas no Roda viva (Foto: Leon Rodrigues - Secom)
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Tradicional programa da TV Cultura, o Roda viva teve como entrevistado na noite de segunda feira, 25 de janeiro, o prefeito tampão da cidade de São Paulo, Bruno Covas. Faz todo sentido, no dia do aniversário da capital paulista, que o jovem alcaide seja convidado a falar sobre suas ações administrativas, nesta que é a maior metrópole da América Latina.

O prefeito cravou cerca de 90 minutos entre perguntas e repostas com um espetáculo de generalidades, platitudes e superficialidades. Ao afirmar, por exemplo, que o plano de metas da cidade é inexequível, limitou-se a dizer que não será possível concluir 400 quilômetros de corredores de ônibus. Curioso que os entrevistadores não tenham insistido em perguntar por quê. Se por problemas técnicos, ou financeiros, ou alguma outra razão.

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Plano de metas é compromisso de implementação das demandas da cidade para o futuro próximo, por exemplo, em relação a infraestrutura e mobilidade. E, de novo, ninguém "lembrou" de perguntar que outros pontos desse Projeto são inviáveis. Bruno Covas mencionou que vai enviar outra proposta à Câmara neste mês de fevereiro. Mas se negou a adiantar ali, no dia do aniversário da cidade, o que haveria de inovação. Ou, possivelmente, ele não saiba o conteúdo do que será encaminhado para avaliação e debate no Poder Legislativo.

Inovação, aliás, foi palavra várias vezes repetida pelo prefeito, mas sem apresentar uma única medida inovadora. Sobre ciclovias, limitou-se a anunciar planejamento em elaboração para retomada de obras e criticar o que já foi feito. Nas palavras dele, entre 2013/2016 foram construídas faixas exclusivas para bicicletas como se joga orégano na pizza. Devia saber, no entanto, que os estudos acerca desse tema tiveram início nos anos 1983/1985, quando seu avô, Mário Covas, foi prefeito. Mais de três décadas depois, a gestão Haddad atualizou, aperfeiçoou e iniciou o processo de implantação das ciclovias, até então abandonado

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Isso diante de uma realidade em que a precarização das ciclovias, também por ele reconhecida, aumentou em 9% o número de mortes de ciclistas por acidentes no trânsito. Ainda sobre via pública, outra pérola foi a promessa de investir R$ 400 milhões para melhorar as calçadas da cidade. Mas, sem um diagnóstico de pontos críticos, não sabe as reais necessidades e muito menos consegue informar um cronograma de trabalho, ou por onde e quando vai começar. Horizonte e perspectivas para a periferia da cidade, nem uma palavra.

Outro mantra dito várias vezes é sobre participação popular. Nas palavras de Bruno Covas só assim para fortalecer a democracia, o que concordamos naturalmente. Problema é que ficou só no discurso, nada de iniciativa efetiva para abrir esse canal. Pelo contrário, os Conselhos Municipais existentes estão sendo desmantelados. Reduzir esse mecanismo às redes sociais é adotar o mesmo simplismo da família Bolsonaro, ao achar que pode governar por meios virtuais. É ingenuidade, ou limitação, acreditar que apenas pelos mecanismos da internet há democratização dos debates e deliberações.

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Na abordagem sobre população em situação de rua, um desrespeito às instituições que atuam em parceria com a prefeitura junto a esse segmento social. Bruno Covas afirmou que muitas dessas entidades existem apenas para captar recursos financeiros. Menosprezou e rebaixou o trabalho das ONGs na Capital. Se há irregularidade o papel e responsabilidade do Executivo é corrigir, ou mesmo cessar o contrato de prestação de serviço. Acusar dessa forma é muito ruim, beira a leviandade.

E a Saúde, como vai? Tema que não pode faltar numa entrevista dessa, Bruno Covas reconhece que está ruim, porém, sequer consegue apresentar balanço sobre o tão prometido corujão da saúde. Disse que as filas continuam, mas não sabe precisar número de pacientes em espera, não sabe se o corujão será ou não retomado e vinculou essa questão à inauguração de dois hospitais municipais (Parelheiros e Brasilândia). Concluídos desde a gestão do prefeito Haddad, até hoje estão fechados por pequenos detalhes.

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Bruno Covas não precisou explicar, porque pergunta não houve, sobre o motivo em ter reajustado a tarifa de ônibus com índice bem acima da inflação. Ainda sobre transporte público, mais uma vez evidenciou seu reducionismo político quando afirmou que a integração do bilhete único entre os transportes rodoviário e metroviário só foi possível quando governador e prefeito eram do mesmo partido. Por esse critério, então, as relações entre presidentes e governadores, ou estes com prefeitos seriam um desastre, tendo em vista a multiplicidade de agremiações partidárias a que pertencem.

Com a grife do sobrenome Covas, Bruno tenta fazer o perfil do não político, ao afirmar que os amigos de baladas e escola ficaram surpresos e questionaram sua iniciativa em ingressar nessa seara. Tudo a ver com a onda de negação da política, o estilo de figuras que estão há muitos anos no ativismo político-partidário mas tentam se "vender" como o novo, a exemplo da família Bolsonaro, o recém-eleito presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e a expressão maior desse embuste, o governador João Dória. E nada foi perguntado ao nobre alcaide sobre isso.

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Bruno Covas disse no Roda Viva que gosta de "prefeitar", mas nada falou sobre os 101 dias em que se ausentou do cargo em viagens para assuntos, em geral, particulares, como a Miami, Nova York, Londres, Tóquio, Santiago e até a Croácia. Não confirmou se vai, ou não, tentar reeleição, em 2020. Afirma que prefere aguardar o desenrolar dos acontecimentos, seja lá o que significa isso. Pode ser por insegurança, ou reconhecimento da falta de preparo para estar à frente desse desafio, ou mesmo para não ter que se ocupar em pedir tantas licenças do cargo para suas viagens. A conferir, pelos próximos 18 meses.

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