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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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O programa de investimentos em infraestrutura de Trump

Não subestimem Donald Trump em política econômica: a proposta que ele acaba de fazer ao Congresso norte-americano envolve um programa de investimentos de 1,5 trilhão de dólares em infra-estrutura. O que Trump quer fazer com 1,5 trilhão de dólares? Quer construir pontes, rodovias, viadutos, portos, ou seja, quer modernizar e revolucionar a infra-estrutura logística do país, gerando milhões de empregos

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça 26/01/2018 REUTERS/Denis Balibouse (Foto: Jose Carlos de Assis)
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Não subestimem Donald Trump em política econômica: a proposta que acaba de fazer ao Congresso norte-americano para que aprove um programa de investimentos de 1,5 trilhão de dólares em infraestrutura não é de alguém que quer agradar o mercado financeiro. É de alguém que, contrariando políticas anteriores, inclusive de Barack Obama, está voltado para a economia produtiva. Recorde-se que Obama enterrou algo como 7 trilhões de dólares no mercado financeiro, concentrando renda e praticamente sem investimentos físicos.

O que Trump quer fazer com 1,5 trilhão de dólares? Quer construir pontes, rodovias, viadutos, portos, ou seja, quer modernizar e revolucionar a infra-estrutura logística do país, gerando milhões de empregos. O que Obama fez com 7 trilhões? Ao que eu saiba, praticamente nada em termos de obras físicas. Se salvou o sistema financeiro da continuidade da bancarrota de 2008, de alguma forma, indiretamente, favoreceu a retomada do emprego. Contudo, depois dele, a infraestrutura do país continua em franca decadência.

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É claro que a iniciativa de Trump obedece ao propósito geopolítico de neutralizar o forte apelo internacional da China com sua Rota da Seda, cujo convite de participação ao Brasil está sem resposta. Não importa. O que importa é uma guinada forte a favor do sistema produtivo em contraposição ao financeiro. É possível que Wall Street seja beneficiada de forma indireta, via aumento de lucro das empresas do programa, mas nada na escala do que foi a proteção ao sistema financeiro pelo Governo Obama. Quem ganhará são as construtoras e, se não fosse a Lava Jato, até a Odebrecht poderia estar lá levando expertise brasileira.

Agora vejamos o financiamento. Todo esse um trilhão e meio serão financiados por déficit orçamentário. Isto é, pela circulação de riqueza nos Estados Unidos, e também no mundo, já que serão emitidos dólares com circulação internacional. Compare isso com o Brasil. O governo Temer criou um legislação que impede o gasto público durante vinte anos. E a ideologia da classe dominante brasileira, apoiada pela grande mídia e submetida à elite financeira, não suporta a idéia de déficit para financiar investimentos reais, mesmo em momentos de profunda depressão, como atualmente.

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Agora mesmo fala-se em déficit de 250 bilhões de reais em grande parte atribuído à Previdência. Se fosse verdade, teríamos uma ponta de investimento real mediante os gastos de aposentadorias e pensionistas. Na verdade, esse déficit corresponde aproximadamente à metade do pagamento de juros sobre a dívida pública num ano. Os juros, como se sabe, são deliberadamente estratosféricos, arbitrados pelo Banco Central. Enquanto Trump investirá cerca de 4 trilhões em infraestrutura, gerando milhões de empregos, nós continuaremos doando 500 bilhões de dólares por ano a banqueiros, favorecendo a concentração de renda e liquidando com nossa infraestrutura logística.

Finalmente, cabe a indagação: quem realizará as obras de modernização logística nos Estados Unidos? Obviamente, será o setor privado, porém com controle direto do setor público. Caso contrário, não seria necessária a aprovação do programa pelo Congresso. Assim, enquanto aqui, no Brasil, estaremos – se o gosto de Temer for atendido – realizando a privatização de mais de 300 empresas públicas federais e estaduais, os norte-americanos, que não são ideólogos da estupidez nem obcecados pela privataria, estarão realizando junto com os chineses os maiores programas de investimento público da história.

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