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Clarissa De Franco

Psicóloga, doutora em Ciências da Religião, com pós-doutorado em Estudos de Gênero. Profa. Titular da Universidade Metodista de São Paulo

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O PT e suas alianças

Em nome de uma possível governabilidade, suicidamos parte de nossos valores e memória. Sem panos quentes, por favor

(Foto: Ricardo Stuckert)
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Talvez eu devesse estar comemorando a formalização da candidatura petista para a presidência, assim como Haddad, que celebrou a aliança Lula-Alckmin como “gesto de grandeza em proveito da democracia”. Talvez. Mas assim como meu sentimento, o de muitas pessoas progressistas nesse momento é que a história parece estar se repetindo naquilo que já poderia ter sido assimilado como aprendizado.

As alianças petistas de outrora custaram longos e devastadores episódios de desarticulação, traições, a prisão de Lula e de outros companheiros/as, o desgaste da imagem, isso só pensando no âmbito do partido. Em dimensão nacional, a destruição também se configurou como um fenômeno de impactos profundos, culminando na eleição inacreditável de Jair Bolsonaro e seu grupo trevoso, e em outros elementos que desestabilizam diariamente o crescimento que os governos petistas trouxeram, como uma inflação que remete à década de 1990, crimes ambientais que podem entrar para o rol de crimes contra a humanidade, uma ausência de gestão da pandemia que matou milhares de pessoas... a lista é grande e pública.

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O sucesso nas urnas e a governabilidade que Lula busca ao unir-se a Alckmin podem ser também o caminho para degradações já visitadas. Primeiro, dificilmente, adeptos e adeptas do PSDB votariam em Lula. Além disso, Alckmin não tem exatamente um grande carisma para amealhar simpatias do centrão. Se o objetivo envolve acalmar o empresariado tradicional paulista e ajudar na votação de Haddad para o governo, talvez, vejam bem, talvez, estes possam ser os únicos pontos a fazer efeito nesta aliança.

Falemos agora dos altos custos de não colocar uma mulher, ou uma pessoa do campo progressista, ou ainda alguém com discurso e trajetória de engajamento social na chapa do PT, privilegiando um homem branco, tradicionalmente situado no espectro de um centro-direita chamado hipocritamente de centro-esquerda, que colocou durante seu governo polícia para bater em estudantes, professores e professoras nas manifestações, e cujo discurso se aproxima do campo moral cristão conservador. Esse gosto não é de chuchu, companheiros/as/es, é de jiló. 

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Em nome de uma possível governabilidade, suicidamos parte de nossos valores e memória. Sem panos quentes, por favor. É uma cagada esta aliança. Se me perguntarem, apesar disso, em quem votarei, sim, será em Lula. Com raiva e tristeza no momento, discordando de que os fins justificam os meios, porque quero Alckmin em outros meios e não nos nossos, mas ainda assim, votarei consciente de que para o trabalho que se apresenta não há outro nome, senão o de Lula. 

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