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Marconi Moura de Lima

Professor, escritor. Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UnB) e Pós-graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Prof. Damásio de Jesus. Foi Secretário de Educação e Cultura em Cidade Ocidental. Leciona no curso de Agroecologia na Universidade Estadual de Goiás (UEG), e teima discutir questões de um novo arranjo civilizatório brasileiro.

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O PT errou, e, ou corrige agora, ou...

Um dia o povo reconhecerá o tanto de coisa boa que o PT fez ao País. Mas agora não é hora de perder tempo. Ou sabemos rever as peças no tabuleiro, ou o xeque-mate será construído friamente a aniquilar-nos no País por algumas décadas

(Foto: Reprodução)
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Primeiramente, esse título não é uma verdade em si mesma. Quem errou foi toda a esquerda. A culpa do desastre eleitoral é do PSB, do PDT, do PT, do PCdoB, do PSOL, da Rede e todo o campo progressista. Com vitórias pontuais, não dá para estes partidos arrotarem tanto Poder assim.  

Segundo, vamos logo para o final deste texto, portanto, seus encaminhamentos. Depois faremos a análise de mérito que o justifica como uma carta de provação à reflexão de todos nós [progressistas]. Dito isto, não será possível apear do Poder o fascismo e toda a desgraça antidemocrática que representa o Bolsonarismo (essa extrema-direita fétida) e também mitigar o quanto mais possível a força das oligarquias coloniais (a direita-centro) representada por Rodrigo Maia, ACM Neto, Eduardo Paes, José Sarney (sim, ele ainda está vivo e seu PMDB é cada vez mais forte ao lado do DEM e outros), e todos estes caras que se dizem “Centrão”, se o campo progressista não fizer o seguinte:

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1º. Retornar às bases, compreender as cognições das massas, suas reais dores, seus anseios, suas agendas emergentes (e propô-las), seus eventos simbólicos, os sentidos que dinamizam as pessoas (sujeitos) no dia-a-dia. Reintegrar-se aos movimentos sociais, mas de forma autêntica;

2º. Fazer formação política permanentemente, destarte, perceber que realmente continuamos uma sociedade colonial, patriarcal, autoritária, sucumbida aos interesses e privilégios das castas podres que vieram de Portugal e continuam a mandar no imaginário das pessoas, nas instituições e em toda a capilaridade social. Decolonizar nossa mentalidade é fundamental;

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3º. Compreender as novas táticas de comunicação, ocupando corretamente as redes sociais, elaborando novas estratégias de imersão por conteúdo e forma junto aos lares das pessoas, sobretudo, os mais pobres (oprimidos, espoliados que trocam o voto pelo prato de arroz com feijão), e a classe média (que, não compreendendo nada sobre seu lugar na história, engravida-se do discurso das grandes elites e ajuda ainda mais a reproduzir desigualdades sociais, e com ela sofre também sem perceber);

4º. Atacar sistematicamente a Grande Mídia, tanto na disputa das narrativas nas “filas de ônibus na rodoviária” e na “porta das fábricas” (com nossos antigos panfletinhos de conscientização), quanto na institucionalidade. Isto é, lutar sem esmorecer pela Reforma dos Meios (Art. 220, § 5º, da Constituição Federal que nunca foi cumprido);

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5º. Propor uma nova agenda política, com novos programas que tragam novamente esperança e soluções efetivas para as pessoas (isso já está explicado no primeiro ponto);

6º. Retornar às ruas, contudo, entendo o século XXI;

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7º. Criar uma unidade tática entre o campo progressista. Mesmo com todas as peculiaridades de cada partido, é fundamental esse pragmatismo à esquerda, com um alinhamento programático em cuja primeira intenção é derrotar a oligarquia, o coronelismo, o fascismo e o fisiologismo. Por mais difícil que seja essa unidade, é uma coalizão do bem e precisa acontecer. E para isso, a primeira coisa é o PT reconhecer-se gigante, mas de outra forma, recuando da candidatura própria em 2022, e assegurando o espaço para outras agremiações. Dar um passo atrás para que possa dar dois à frente, num futuro breve. O mesmo deve acontecer aos demais partidos progressistas: respeito!

Vamos à análise geral:

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A verdade é que o PT errou acreditando que o antipetismo já estava superado (ou sendo superado). Não. A desconstrução do PT feita pela Grande Mídia (PIG), tendo a Lava Jato (Lawfare e Necrodireito) como eventos dentro da “normalidade” institucional e “democrática” como mola propulsora, não se cessará tão logo. Infelizmente.

O PT fez (e faz) muito pelo Brasil. Todavia, por conta de todos os 7 pontos que alinhei logo acima, a falta de alguns especialmente, o PT está sofrendo uma hemorragia social das mais caras e graves ao País. E com isso, sofre também (sem saber) o povo brasileiro, gadificado (quer dizer: tornados bois).

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A ausência de unidade programática do campo progressista fez o novo sarcasmo das elites brasileiras e reverberado bem pelas manchetes dos grandes jornalões. E sim, infelizmente é verdade o que está nas manchetes: o PT perdeu. Historicamente e por tudo que já conquistou é uma de suas piores derrotas. (Ressalva: não me pauto pela Rede Globo etc. Aliás, nem perdi meu tempo vendo G1. Apesar que nos grupos de esquerda que faço parte, as pessoas replicaram com “prints” estas manchetes. Mas me pauto pela realidade, pela racionalidade, pela conjuntura e pelos resultados obvieis.) Todavia, é bom lembrar que o puritanismo exagerado do PSOL em alguns estados também impediu a unidade da esquerda. Veja o que aconteceu ao seu próprio camarada Marcelo Freixo, no Rio de Janeiro. Não fosse a intolerância do Partido, o Freixo hoje [é quase certo] tivesse comemorando a vitória ao lado de vários partidos do campo progressista. Quem está com sorriso largo é o tal do Centrão. O PDT, a Rede, o PCdoB e o PSB, outros também não ficam atrás. Márcio França foi um covarde não se aliando ao Boulos para derrotar o fascismo e a oligarquia paulistana,. Assim também foi o PDT do Rio Grande do Sul, tendo de fazer jogo de cena para saber se apoiavam ou não a Manuela Davila. O fisiologismo de vários caciques da Rede e do PSB nessa eleição deixaram os velhacos do Congresso Nacional com as bochechas rosadas de vergonha. Por falar em PSB, por mais que tenhamos de apontar a vergonha que se tornou o João Campos, fazendo tremer no túmulo de chateação o seu bisavó, Miguel Arraes e mesmo o seu pai, Eduardo Campos, dois gigantes da política brasileira, não podemos negar que seu partido foi um dos que montou em Recife o mais próximo da unidade do campo progressista no País. Embora lá também estejam PSD e outros porcos fisiologistas, na Coligação do PSB, caminharam PCdoB, Rede e PDT (com a vice). Essa parte final é uma boa sinalização. Agora o melhor exemplo de unidade inteligente da esquerda aconteceu em Belém. Praticamente todos os partidos da esquerda estavam com o Edmilson Rodrigues. Parabéns, camarada: você não apenas venceu esta capital importante do País; você e os partidos mostraram a síntese perfeita aos companheiros para 2022. (Confesso que não encontrei um espaço no texto para avaliar o desempenho – erros e acertos de – Ciro Gomes e a Marina Silva. São figuras nesse processo. Mas deixo essa análise para outro momento.) Antes de ir finalizando, vamos fazer uma nota de rodapé aqui. É verdade que o Bolsonarismo também saiu derrotado dessa eleição. Ainda bem. Com tantos vereadores e vereadoras negras, trans, mulheres de garra, indígenas, quilombolas, o fascismo de Bolsonaro toma um tapa na cara. O Bolsonarimo perdeu (embora irão se achegar aos centro-direitistas eleitos); mas vale sempre lembrar que a esquerda também perdeu (em sentido macro) nas prefeituras. E o grande vencedor do pleito 2020 é o Centrão, que, como um leão sedento por carne fresca, já não aguentava mais ter apenas penduricalhos nos governos do PT (com as coalizações do passado). Queriam mais. Queriam os tempos de FHC, de Itamar etc. Daí lideraram o Golpe de 16, empurraram Lula para o cárcere, votaram todas as leis que subjugam novamente os pobres à fome (vejam os índices oficiais: a miséria retornou com tudo para o Brasil, e um povo com fome, é um povo manipulável). Com isso, Sarney, ACM, Pedro Álvares Cabral e todo o ranço da política dos séculos passados retorna com toda a potência ao Poder.  Para finalizar essa avaliação e inquietação sugestiva, lembro ao PT: esqueça a Globo e o que eles dizem de nós. Vamos destruir a Globo pela Reforma dos Meios. Porém, mudemos o foco de nossa ambição. Tirando aceitação do PT em rincões pontuais e localizadas inserções que nos fazem eleger alguns prefeitos e uma boa bancada de deputados federais, o PT não tem o que comemorar em 2020. No “grosso” da sociedade estamos como figuras caricatas (e rejeitados).

Um dia o povo reconhecerá o tanto de coisa boa que o PT fez ao País. Mas agora não é hora de perder tempo. Ou sabemos rever as peças no tabuleiro, ou o xeque-mate será construído friamente a aniquilar-nos no País por algumas décadas. E hoje perdemos algumas cadeiras nas prefeituras, amanhã, algumas cadeiras no Congresso Nacional, até que não tenhamos mais qualquer importância no jogo social.

Portanto, retirando os partidos (os políticos) do “Marquês de Pombal”, vale a pena pensar um projeto que una o campo progressista em 2022, talvez tendo o Flávio Dino como cabeça de chapa, ou mesmo o Guilherme Boulos. E o PT pode ajudar muito a construir isso. O fato é que, ou se tem essa humildade, ou a esquerda baixa suas armas erguidas aos seus (e não às castas fétidas da República), ou perderemos por mais 30, 40, 50 anos. E isso não é uma mera derrota eleitoral-partidária, todavia, uma derrota da própria ideia de civilização brasileira. Destarte, perdem todos, menos os magnatas imundos deste País...

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