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Aldo Fornazieri

Professor da Fundação Escola de Sociologia e Política e autor de "Liderança e Poder"

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O PT não aprende

"O PT tem ainda um enorme passivo junto a setores expressivos da sociedade por conta dos erros do governo Dilma e das acusações de corrupção. O partido propor o impeachment é colocar-se na linha de tiro", escreve o professor Aldo Fornazieri

(Foto: Adriano Machado - Reuters)
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Pelas informações que vieram a público, o líder do PT no Senado, senador Rogério Carvalho, teria afirmado que o partido vai entrar com um pedido de impeachment contra Bolsonaro. O ex-líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta, gravou um vídeo conclamando “impeachment já”. Tudo indica que o PT pouco ou nada aprendeu com suas derrotas e que não está disposto a aprender. 

O PT tem ainda um enorme passivo junto a setores expressivos da sociedade por conta dos erros do governo Dilma e das acusações de corrupção. O partido propor o impeachment é colocar-se na linha de tiro. É dar argumentos à extrema-direita, abrindo o flanco para que seja acusado de golpista. Provavelmente, ficaria isolado e pendurado na brocha. Parece que o partido perdeu a capacidade de ler corretamente a conjuntura e de extrai da leitura linhas de ação tática corretas. 

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O PT confunde a vontade de Bolsonaro com a realidade. Bolsonaro gostaria de governar por meio de uma ditadura? Sim! Bolsonaro tem condições de implantar uma ditadura como afirmam José Dirceu, vários outros representantes de partidos e analistas de esquerda? Não! Bolsonaro não tem força política e nem militar para implantar uma ditadura. Não tem força no Congresso, não tem o apoio do alto comando das Forças Armadas, não tem apoio da maioria esmagadora dos governadores, não tem apoio suficiente no empresarial e não tem força na sociedade civil para tal intento. Também não há ambiente internacional para que tal aventura obtenha apoio e sucesso

Bolsonaro agride a democracia cotidianamente, sem dúvida. Ele precisa ser contido nisto. Como? 1) Através de uma frente democrática informal em defesa da democracia e do Estado de Direito, com o leque de forças que vai do cento à esquerda; 2) Convocar atos de rua em defesa da democracia e de pautas concretas de interesse popular; 3) Convocar o general Heleno no Congresso para que preste conta de suas declarações golpistas; 4) Consolidar uma articulação de governadores em defesa da democracia e dos interesses dos estados.

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E a questão do impeachment? A abertura do processo de impeachment pode ser proposta por juristas que expressem um arco de alianças plurais. Esta proposta, neste momento, teria o objetivo tático de funcionar como uma linha de barragem às agressões que Bolsonaro promove contra a democracia. Teria o objetivo tático de funcionar como uma ameaça, da qual se poderia lançar mão se Bolsonaro avançar o sinal.

Mas é preciso considerar que nenhum Congresso será capaz de dar encaminhamento a um processo de impeachment a seco, sem mobilização popular. E, pelo que se vê até agora, as forças democráticas e progressistas não têm capacidade convocatória. A rigor, com uma exceção aqui, outra acolá, as mobilizações convocadas pelas esquerdas  vêm fracassando. 

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Então, do que se trata, neste momento, é de defender a democracia reconstruindo capacidade mobilizadora e organizadora através das pautas concretas dos interesses sociais e populares. Problemas não faltam. Demandas e reivindicações também não. Não será o radicalismo de salão que irá reconstruir essa capacidade que as esquerdas e os setores populares e progressista perderam.

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