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Davis Sena Filho

Davis Sena Filho é editor do blog Palavra Livre

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O PT não sabe o porquê do ódio... É a Síndrome de Estocolmo

O que me deixa aborrecido e insatisfeito são as lideranças do PT, que ainda insistem em compor e tentar dialogar com setores conservadores e reacionários

O que me deixa aborrecido e insatisfeito são as lideranças do PT, que ainda insistem em compor e tentar dialogar com setores conservadores e reacionários (Foto: Davis Sena Filho)
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Estou a ler notícias na internet e me deparo, para a minha surpresa, com uma notícia no Brasil 247 na qual anuncia que o Partido dos Trabalhadores, "assustado" e também "surpreso" com a rejeição por parte de milhões de brasileiros, principalmente os de São Paulo, resolveu fazer um levantamento sobre tal questão, que tanta incomoda sua direção, e, consequentemente, seus líderes.

A verdade o que me incomoda não é a rejeição por parte de cidadãos à agremiação política e partidária trabalhista. O que me deixa aborrecido e insatisfeito são as lideranças do PT, que ainda insistem em compor e tentar dialogar com setores conservadores e reacionários, que, apesar de serem beneficiados, estão sempre dispostos a apunhalar pelas costas o governo popular de Dilma Roussef, fato este que aconteceu, reiteradamente, quando Lula assumiu a Presidência por oito anos.

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A pergunta que se recusa a calar é esta: "Qual é o problema do PT?" Eu mesmo respondo: "O Partido dos Trabalhadores sofre da Síndrome de Estocolmo". É isto mesmo. A sigla trabalhista perdeu o punch e o élan, para não mais se recuperar. O PT, simplesmente, desaprendeu a se defender quanto mais atacar. Por isso, tornou-se um paciente da Síndrome de Estocolmo, que significa a vítima se envolver com seu algoz, de tal modo que passa a sentir "amizade", "piedade" e até mesmo ser cúmplice daquele que o humilha e lhe causa dor e desatino.

Custo a acreditar que o PT precise da ajuda de uma empresa para saber o que está a acontecer no Brasil, sem, no entanto, de acordo com a matéria do "Brasil 247", citar a imprensa de negócios privados, que faz uma das campanhas mais longas e sórdidas que se tem notícia no mundo ocidental quando se trata de atacar violentamente um governo autêntico, popular, legalista e democrático, que se recusa a excluir os milhões de brasileiros pobres dos mercados de trabalho e consumo, bem como permitiu o acesso dos mais humildes à educação, por intermédio das cotas, do Enem, do ProUni, do Pronatec, do Fies e do Sisu.

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É impressionante a desfaçatez petista, com a exceção de Lula e mais timidamente a presidenta Dilma, quando se trata de afirmar que o sistema midiático privado, desregulado e de DNA golpista está há 12 anos a atacar os governos trabalhistas, a não lhes dar trégua e água, de forma consistente e diuturna, sem falhar um único dia, por meio de mídias cruzadas, no que diz respeito a desqualificar, desconstruir, judicializar e criminalizar a Presidência da República, os ministérios, os órgãos e autarquias governamentais, que ora são administrados pelo PT e seu governo de coalizão.

Não. De forma alguma é necessário o PT contratar uma empresa para saber, por exemplo, por que São Paulo rejeita ou sente ódio pelo Partido dos Trabalhadores. Será que o PT não compreende que São Paulo e sua ideologia e propósitos são similares a estados como o Texas, ou seja, território da União ocupado por moradores politicamente conservadores e voltados para os valores apregoados pelo liberalismo econômico, radicalismo religioso e a crença de que o mercado regula tudo e transforma os homens em seres "livres".

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São Paulo, antes de tudo e, historicamente, considera-se autossuficiente, como sempre demonstrou no decorrer de sua história. Edificado com trabalho escravo, com a imigração de europeus pobres e esfaimados e com a migração de sulistas, mineiros e nordestinos, o Estado mais poderoso e conservador do Brasil possui uma das "elites" econômicas mais perversas do planeta, além de se verificar que a classe média paulista e paulistana, em grande parte, coaduna com as ideias, os valores e os princípios daqueles que têm o domínio sobre os meios de produção.

A tradição conservadora da burguesia e da pequena burguesia de São Paulo e do restante do Brasil, somada ao sentimento a meu ver equivocado de se considerar "especial" e, por sua vez, com o direito de viver em um mundo restrito e dedicado a uma pequena parcela da população, faz com que esses setores da sociedade se tornem arrogantes, prepotentes e até mesmo violentos quando se julgam parte de uma "elite" que não deve conviver com os reles mortais, ou seja, o povo brasileiro, responsável maior pelo desenvolvimento do Brasil e pela riqueza da Casa Grande, que sempre se beneficiou da sua força de trabalho.

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Portanto, é incompreensível ao tempo que ridículo observar que o PT e seus líderes ainda não perceberam que as manifestações de junho de 2013 não representam apenas momentos de revoltas da classe média, que foi às ruas, não porque o Brasil está envolto com "as maiores corrupções de todos os tempos ou da história", como quer fazer crer a mídia corrupta e meramente de mercado, golpista histórica e entreguista por natureza.

De forma alguma. Nota-se, sobretudo, que a classe média, principalmente a que ideologicamente se identifica com o espectro à direita, sentiu-se preterida quanto à atenção do Governo Federal no que é relativo a receber também benefícios, além de se considerar "traída", no que concerne a se certificar de que as camadas sociais mais pobres ascenderam socialmente, o que se torna um assunto de ordem psicológica, pois se trata de um perverso tabu, que se baseia em preconceitos e intolerâncias históricas enraizadas em sua essência escravocrata alimentada por gerações.

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Apesar de a classe média ser tradicionalmente universitária e instruída por causa de sua escolaridade, ela tem enorme dificuldade para enxergar o mundo de forma universal ou completa, porque só consegue visualizá-lo até os limites de seu bairro ou dos lugares que frequenta. Ela não consegue se ver no outro, porque o trata como uma sombra que nunca aparece por causa da ausência do sol. Só que as sombras desenham suas silhuetas e este desenho não define cor, raça, credo, classe e origem social e econômica.

A falta dessa compreensão que a leva a ser intelectualmente obtusa e, por seu turno, incapaz de compreender os fatos e as realidades que lhes rodeiam, de forma precisa e pontual. Eis a classe média, que age como o avestruz da anedota, que enfia a cabeça no buraco para deformar e desvirtuar a verdade, pois se recusa a reconhecer, por exemplo, os avanços sociais e econômicos conquistados pelo povo brasileiro nos últimos 12 anos.

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A partir dessas considerações e realidades, a Casa Grande, assim como seu principal braço de combate aos governos trabalhistas, a imprensa familiar e corporativa, trataram logo de empurrar o PT contra a parede e sufocá-lo. Começaram a atuar em quatro frentes, que agem de forma sincronizada: o PSDB e seus aliados, a imprensa empresarial, certos juízes do STF (já aposentados e na ativa) e inúmeros promotores, que, além de desejarem aparecer, resolveram fazer política, sem, no entanto, serem titulares de mandatos eletivos, mas, tais quais os coxinhas de classe média, resolveram tomar à frente de questões políticas e de ações administrativas e estruturais a cargo de políticos eleitos legitimamente pelo povo.

Os escândalos do mensalão, o do PT, evidentemente, porque o dos tucanos já está a prescrever, além dos malfeitos na Petrobras são exemplos emblemáticos de combate ao PT e da intenção de criminalizar o Partido e judicializar a política. Quem perde a eleição pelo voto, que é o caso do PSDB, recorre a assuntos de perfis escandalosos com o propósito de desqualificar e desconstruir o adversário, bem como conquistar o apoio de setores da população insatisfeitos com ascensão das camadas mais desprotegidas da sociedade, além de ideologicamente serem contrários a partidos e políticos que elaboram e efetivam programas e projetos de inclusão social.

Para esses segmentos conservadores, o PT é tudo aquilo que eles detestam e rejeitam, porque se trata de um partido que nasceu do ventre das fábricas, além de dialogar com os movimentos sociais e de trabalhadores desde sua fundação, em 1980. Além disso, a Casa Grande é sabedora que o PT é um partido orgânico, ou seja, está inserido na sociedade, em incontáveis segmentos da vida brasileira, de maneira tal que se tornou imperativo para o establishment que a agremiação popular fosse duramente e sistematicamente desconstruída pelos canais de comunicação desregulados e controlados pela grande burguesia.

E aí, cara pálida, o Partido dos Trabalhadores, equivocado novamente, anuncia que vai contratar uma empresa para saber o porquê de o partido ser odiado. A resumir: algumas pessoas do PT (sempre é sábio não generalizar) gostam de adular certos setores do status quo. Como esses setores se mostraram resolutamente indispostos a dialogar, o PT, depois de muitos anos no poder, resolveu governar e moderadamente enfrentar aqueles que o atacam, o sangram, o caluniam e o injuriam.

Essas realidades ficaram claras nas eleições de 2014, e na tentativa de golpe "branco" contra o Lula, em 2005. O PT tem de entender que a comunicação do governo é péssima, bem como quem a chefia não pode ser umbilicalmente ligada ao complexo de comunicação privado, já cansado de demonstrar que não tem quaisquer compromissos com o Brasil e seu povo. Ponto.

Os petistas, autoridades ou não, precisam urgentemente compreender que a Casa Grande, além de dar nó em pingo d'água e não dar ponto sem nó, não tergiversa quando se trata de seus interesses políticos, comerciais e econômicos. A imprensa, diversificada em inúmeras mídias cruzadas, transformou-se no maior partido de oposição de direita da história do Brasil. O sistema midiático familiar tomou a frente do processo político e pauta, sem titubear, a vida brasileira e suas instituições republicanas.

O PT também tem culpa de permitir que esse processo draconiano ou dantesco acontecesse. O principal partido do Governo foi pusilânime, covarde e se dobrou aos ditames de uma oposição enfraquecida, incompetente e entreguista, praticamente derrotada e desmotivada para enfrentar o pleito eleitoral.

Aprendi há muito tempo que se tal pessoa ou Governo é leniente ou permissivo com acusações infundadas, denúncias vazias e calúnias, injúrias e difamações, que não retratam a realidade é porque não se importa com seu presente e futuro, mesmo se o passado foi glorioso, pois repleto de conquistas e trabalhos realizados. É o que está a acontecer com o PT que se dobrou, e, de joelhos, aceita o jogo da direita após ter vencido uma eleição muito difícil, com o apoio irrestrito e voluntário de sua militância, bem como dos blogs progressistas, também chamados de "sujos".

Eis de onde veio a vitória do PT, pois a militância e a blogosfera de esquerda travam uma luta sem trégua e incansável contra a imprensa "oficial" e familiar, pois sustentada há mais de século pelo dinheiro público, do contribuinte. O PT sofre da Síndrome de Estocolmo, porque não reage a seus algozes: a Casa Grande, os tucanos, a mídia alienígena e certos setores do MP, da PF e do Judiciário deveriam ser enquadrados, por intermédio de trâmites legais.

Não cabe ao Governo Trabalhista, ao PT, nesta altura do campeonato, não saber e compreender o porquê de tanto ódio. O ódio, a cólera vem desde os tempos de Getúlio Vargas. Basta ler a história para depois marcar limites e territórios no que tange aos adversários. Quem cala, consente. O PT que trate de melhorar sua comunicação com o povo, efetivar o marco regulatório para as mídias e responder, de pronto, todas as acusações que forem injustas, manipuladas e infundadas. Sempre, sem vacilar. Não sei o que é pior: se a Síndrome de Estocolmo do PT ou o complexo de vira-lata e a veia golpista da Casa Grande. É isso aí.

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