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Donizeti Nogueira

Senador pelo PT do Tocantins

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O PT precisa se ver de fora para dentro III

Para se ver de fora para dentro, o Partido dos Trabalhadores precisará promover uma ruptura não dele com ele mesmo, como já propuseram alguns, muito menos com seu passado, como propuseram outros, mas uma ruptura – que estou chamando de ruptura suspensiva – com algumas decisões recentes, com algumas formas de se perceber e com os métodos de se organizar e comunicar

O PT precisa se ver de fora para dentro III (Foto: Roberto Parizotti/ CUT)
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Para se ver de fora para dentro, o Partido dos Trabalhadores precisará promover uma ruptura não dele com ele mesmo, como já propuseram alguns, muito menos com seu passado, como propuseram outros, mas uma ruptura – que estou chamando de ruptura suspensiva – com algumas decisões recentes, com algumas formas de se perceber e com os métodos de se organizar e comunicar.

O PT continua se mantendo fiel à sua carta de princípios de 1º de Maio de 1979 naquilo que é central para um partido que se propõe ser da classe trabalhadora, mas precisa compreender que boa parte da sociedade brasileira está, por um lado, anestesiada com o discurso de falta de segurança e, por outro lado, está envenenada contra as liberdades e pluralidades identitárias, culturais e religiosas, que descamba para radicais atitudes homofóbicas, xenofóbicas, misóginas e de intolerância às diferenças.  

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O país está vivendo em um contexto bastante diferente daquele pós-ditadura dos anos 80. Com a sua atuação, o PT ajudou a alterar a cultura e a práxis política, chegando ao comando governo da nação. Em 13 anos de governo, o PT promoveu grandes transformações na confecção e operação do Orçamento da União e, através de políticas públicas articuladas com os demais entes federados, promoveu importantes mudanças na vida da população com uma forte distribuição de renda, inclusão social e melhorias na qualidade de vida.

Mas por não se ver de fora para dentro, o PT centralizou em si o seu legado, não socializando o seu legado com os beneficiários das políticas de seus governos, o que fez com que a sociedade não estivesse comprometida a ponto perceber que a defesa dos benefícios passava pela defesa do PT.

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Por não transformar o “estado herdado”  em um “estado necessário” para gestão de governos de perfil democrático popular de esquerda, o PT facilitou que lhe fosse perpetrado o golpe jurídico político midiático e que agora foi consolidado nas urnas com a eleição de um governo de extrema direita, com caraterísticas fascistas, antinacional e entreguista, sustentado em uma falsa narrativa de defesa da “pátria” e com uma forte carga de moralismo religioso disfarçado no ataque ao multiculturalismo marxista.  

O Brasil terá sob a nova gestão uma desidratação violenta do aparelho de estado com viés social e democrático, para consolidação de uma política neoliberal de supressão de direitos e um forte cerceamento das liberdades de expressão e o fortalecimento da violência. Um estado em defesa do rentismo internacional, que foca em um inimigo interno para se sustentar, ao mesmo tempo em que se torna um lambe-botas do Tio Sam.

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Se o PT pretende coordenar o processo de defesa de uma sociedade sociodesenvolvimentista, pluralista, democrática e inclusiva, precisará dialogar de forma auditiva para além das fronteiras do estado petista e, até mais além da sociedade petista, para alcançar também os desencantados e revoltados com a política. O partido precisa ter a capacidade de encantar uma grande maioria população com suas bandeiras e propostas de superação dos atuais problemas e novos desafios que surgirão como fruto de uma governança idelogicamente sectária, beirando a um fundamentalismo religioso tupiquiniquim e serviçal dos interesses antinacionais.

Além de sua Carta de Princípios, o PT, poderá contar com as orientações das resoluções definidas em seu 6º Congresso, que constataram que “sem uma organização permanente e enraizada disponível, os processos eleitorais internos e externos” se constituem nos  únicos espaços de participação de uma boa parcela dos seus filiado (a)s, e que por isso é extremamente necessário, “ampliar a participação militante, recuperar a qualidade em nossa capacidade de elaboração programática e de disputa ideológica na sociedade”, para  “recuperar iniciativa política e novas práticas e avanços na formação política, comunicação e mobilização do Partido são diretrizes essenciais”.

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Os congressistas constituintes do 6º Congresso Petista também deliberaram sobre a necessidade de se fazer uma forte campanha de filiação em 2017, além de uma atualização dos dados cadastrais de seus filiados e de permanentes campanhas anuais de filiação,  com “foco especial n@s trabalhador@s mulheres, negr@s, indígenas e jovens”  e que  “para facilitar o acesso aos filiados, equipes deverão ser organizadas em cada município para promover atividades descentralizadas (nos bairros) e realizar visitas às residências dos filiados, bem como utilizar mídias sociais (como o Facebook, WhatsApp, Instagram, etc)”.

Os participantes do 6º Congresso, reconhecendo as fragilidades orgânicas do Partido e as imperfeições ocorridas no PED – Processo de Eleições Diretas – estabeleceram um conjunto de ações preparatórias que antecedessem a realização de um debate recorrente, sobre a forma de eleição das direções partidárias, a ser encerrado com um plebiscito interno.

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Muitas das decisões do 6º Congresso, extremamente importantes, que deviriam ter sido realizadas ainda não foram. Elas são fundamentais para qualificar e ampliar essa discussão e, para garantir a ampliação e organicidade partidária tão necessária para os desafios que estão sendo impostos pelos acontecimentos atuais.

É neste sentido que proponho uma ruptura suspensiva, com parte das decisões do 6º Congresso, entre elas, a realização do plebiscito neste momento. O que na verdade seria só manter a suspensão da realização do plebiscito, para concentrar todos os  esforços em ações como uma intensa e qualificada campanha de filiação, uma sistemática abertura de espaços de participação da sociedade, com a realização de audiências públicas com coletivos militantes de esquerda e com personalidades não filiadas que ajudaram no combate ao golpe nestes últimos três anos, bem como a realização de amplas e diversas conferências setoriais, onde o PT se coloque como ouvinte atento às críticas e na condição de receber sugestões de atores políticos, socioambientais, culturais, religiosos e identitários.

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Assim, o PT passará a se ver de fora para dentro na consolidação de suas propostas e tomada de decisão. Em resumo, o que proponho é que o partido se concentre naquelas ações que sejam capazes fortalecer sua unidade e a sua carente solidariedade interna, minimizando as disputas, como forma de se fortalecer para enfrentar a ofensiva fascistoide que pretende retirar todos os direitos sociais, restringir as liberdades conquistadas a duras penas e promover o aniquilamento da esquerda brasileira.

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