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Luciano Rezende Moreira

Engenheiro agrônomo (UFV), Bacharel em administração pública (UFF) e licenciado em geografia (Uerj). Professor Doutor do Instituto Federal de Brasília.

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O que a "Primavera dos Povos" de 1848 na França nos tem a ensinar sobre o "inverno" golpista que nos açoita hoje?

Tal qual "as formas de luta de 1848 são antiquadas em todos os aspectos", é fundamental repensarmos a formas de luta na atualidade, em que a adesão ao jogo parlamentar burguês, para muitos partidos de esquerda, deixou de ser um meio, para se tornar um fim em si mesmo

Michel Temer  (Foto: Luciano Rezende Moreira)
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Poucos meses antes de morrer, em 1895, Friedrich Engels presenteou a humanidade reunindo os textos de seu amigo Karl Marx sobre o período que ficou conhecido como a "Primavera dos Povos", especificamente sobre os acontecimentos que abalaram o mundo na Revolução de 1848 - 1849 na França.

Guardadas as devidas proporções, os trabalhadores europeus nutriam grandes esperanças naquele período, tal como os latino-americanos no primeiro decênio de 2000. Uma contraofensiva reacionária e conservadora acabou com o sonho.

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Engels também incorporou uma extensa introdução de sua autoria a essa coletânea, cuja leitura é obrigatória para entendermos o atual momento por que passamos no Brasil, sobretudo com a mais nova condenação de Lula.

O livro As lutas de classes na França é, portanto, imprescindível para entendermos a atual conjuntura numa perspectiva histórica. Uma obra que, segundo Engels, "foi a primeira tentativa feita por Marx de explicar, com ajuda de sua concepção materialista, uma quadra da história contemporânea a partir da situação econômica dada".

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Sem aprendermos com o passado, iremos repetir erros que poderiam e podem ser evitados, entre eles a ingenuidade da conciliação de classes, ainda que sejam necessários os acordos pontuais entre segmentos da burguesia, e a inocência de se confiar no lumpesinato como um aliado permanente.

Em poucas palavras, tanto o incipiente proletariado francês, que acreditou em "uma vitória para breve, uma vitória de uma vez por todas do 'povo' contra os 'opressores'", como setores da esquerda brasileira, que achavam que as elites aceitariam pacificamente a continuidade de um projeto político minimamente progressista no Brasil, pagaram um alto preço por suas ilusões.

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Marx inaugura nesses seus textos, após ter escrito O Manifesto do Partido Comunista, a "sentença pela qual o moderno socialismo dos trabalhadores se diferencia nitidamente tanto de todos os diferentes matizes do socialismo feudal, burguês, pequeno burguês etc.". Em outras palavras, tanto ontem, como hoje, não há espaço para ingenuidades em torno de melhorias sociais isoladas, descasadas de um Projeto de Nação, ou seja, à margem da questão nacional, e sem se priorizar um amplo trabalho ideológico de formação política entre a classe operária.

Ressalta Marx que "[...] por trás do direito ao trabalho está o poder sobre o capital, por trás do poder sobre o capital, a apropriação dos meios de produção, seu submetimento à classe operária associada, portanto, a supressão do trabalho assalariado, do capital e de sua relação de troca". Não há espaço, portanto, para ilusões. A luta só está começando, e um longo caminho nos é reservado para ser desbravado.

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Mas só conseguiremos percorrer por essas sendas calçados num referencial teórico mais avançado, capaz de nos livrar das ilusões pequeno-burguesas "republicanas" e dos devaneios de um "Brasil de Todos".

Tal qual "as formas de luta de 1848 são antiquadas em todos os aspectos", é fundamental repensarmos a formas de luta na atualidade, em que a adesão ao jogo parlamentar burguês, para muitos partidos de esquerda, deixou de ser um meio, para se tornar um fim em si mesmo. Continuar privilegiando jogar na casa do adversário, com o juiz apitando contra, é seguir o mesmo caminho dos revolucionários franceses na desastrosa derrota de junho de 1848.

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