O que avança é o atraso
Notadamente descolado de preocupações sociais, o que surge da capa obscura da interinidade é retrocesso e sanha liberal, nos moldes de um estado do salve-se o mais forte jamais imaginado às luzes do republicanismo social típico da tradição brasileira
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Postura interina é tudo o que o governo interino não apresenta. Embora ainda não se tenha definido a questão do impeachment no Senado, segue em firme avanço o atraso de importantes conquistas sociais realizadas na última década. Se já é assim na interinidade, fico imaginando o que eles estão guardando para o dia seguinte ao da solução definitiva que o Senado dará para o governo ora afastado, caso vençam.
Para começar, é notável a rala qualidade das escolhas feitas para o primeiro escalão de governo. Foi trágica a seleção do ministro do planejamento, que durando meros 12 dias não resistiu ao justo pedido de prisão levado ao Supremo pelo PGR e que não se concretizou, uma lástima! Ressalto que a pasta do planejamento seja a mais estratégica de um governo, pois é por onde passa toda a política pública em ação no Executivo. Acrescento, ainda, o "mal súbito" que vitimou o ministro da transparência e controle, o qual teve gravadas conversas indiscretas e incompatíveis com a moralidade pública e o controle governamental que tinha por missão concretizar.
Somente estas fatalidades já bastariam para pôr fim a qualquer vã esperança em um governo de salvação nacional, que era o que se propunha ser, porém, houve mais.
Notadamente descolado de preocupações sociais, o que surge da capa obscura da interinidade é retrocesso e sanha liberal, nos moldes de um estado do salve-se o mais forte jamais imaginado às luzes do republicanismo social típico da tradição brasileira.
Como simples exemplo do que ora acontece, destaco o arrocho irrestrito nas contas públicas, estabelecendo limite severo ao investimento que o país poderá fazer na área social, e que tanto tem colocado comida na mesa do trabalhador, e também seus filhos em bancos universitários. Tal é um congelamento nos investimentos públicos programado para durar 20 anos. Até lá, ano a ano o aumento permitido será apenas o da inflação, ou seja, aumento real zero, quer cresça a economia ou não. (PEC 241/2016)
Como trunfo para a aprovação da "PEC do teto", o governo interino acena aos governadores com a suspensão do pagamento das dívidas dos Estados por dois anos, caso apoiem a medida junto às suas bancadas no Congresso. Não somente, quer ainda que os Estados entreguem empresas públicas para leilões do BNDES, e por aí vai.
Na área internacional, o governo interino apoia a saída do Reino Unido da UE, pois é o que pretende fazer com o Brasil no MERCOSUL: guinada à direita.
Enfim, o que surge são políticas, preferências, opiniões, tendências e apetites liberais nessa interinidade. Isso constava na chapa Dilma-Temer de 2014?
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