O que esperar de Trump?
Desestabilizar os outros faz parte do jogo
Trump está de volta à Casa Branca. Os olhos do mundo estão voltados para Washington/DC. Antes mesmo de tomar posse suas ameaças assustaram muita gente. Nada é por acaso e, obviamente, era essa sua intenção. Se colocou na vitrine gerando insegurança nos latinos, europeus, asiáticos e até mesmo nos próprios cidadãos americanos. Como todo jogador sabe: desestabilizar os outros faz parte do jogo.
Seu governo já foi assim no passado, marcado por muita provocação e pouca realização. Agora em função do resultado eleitoral e de uma incerteza muito grande na política global, Trump rapidamente esticou a corda. Sem medir as consequências, incluiu na lista de suas prioridades provocar o Canadá, o México, a Groenlândia e o Canal do Panamá. Sem falar nos 20 milhões de imigrantes que pretende mandar de volta para casa sem conversa.
Uma pauta totalmente sem sentido, mas que já atingiu seus objetivos. Ao colocar em risco a ordem mundial, Trump trouxe a atenção de todos para a sua primeira semana de volta à Casa Branca. Para entender melhor sua movimentação, uma coisa é certa: não se trata do mesmo Trump de 2017. Na época, Trump queria a América em Primeiro Lugar; agora quer o mundo aos seus pés. (*)
Se vai levar adiante ou não suas bravatas, só o tempo dirá. Claro que o mundo mudou, e a geopolítica também. A Ásia é a região que mais cresce no mundo. Os países criam acordos unilaterais e em blocos sem consultar o Tio Sam. O BRICS está se consolidando, e novos países estão aderindo. A ideia de ser uma moeda alternativa ao dólar pegou. As redes sociais, dependendo do uso que terão, poderão servir como instrumento para desestabilizar governos e ameaçar a democracia.
Quem coloca com todas as letras essa preocupação é o senador por Vermont, Bernie Sanders. Bernie, como é conhecido, senador desde 2007, foi pré-candidato à presidência pelo Partido Democrata em 2016 e 2020. Em recente entrevista, sinalizou que o Trump de 2025 é mais assustador do que o de 2017. A "America First" foi substituída pelo "I Am The World". Para Bernie, a aproximação de Trump com Elon Musk e Mark Zuckerberg mostra isso. A dominação do mundo pelas redes sociais é uma ameaça real à democracia. O controle da informação é o que está em jogo. (**)
Se for isso mesmo, logo saberemos. Ao meu ver, as bravatas de Trump não vão prosperar, porque dão trabalho e criam resistência. Seus novos parceiros, Zuck e Musk, são movidos por dinheiro, e quanto mais rápido, melhor. Segundo Bernie, eles entraram nesse jogo para aumentar suas riquezas pessoais; não estão ali para enfrentar mexicanos, panamenhos, canadenses e muito menos o frio da Groenlândia. O que buscam é o apoio do presidente para seus obscuros e lucrativos negócios, comenta Bernie.
Assim é a humanidade: alguns seguem fiéis aos seus princípios e vão continuar lutando pela paz, defendendo a soberania dos países, o meio ambiente, a liberdade e os valores democráticos. Outros preferem pensar só em si, em uma jornada nas trevas, sem brilho, encobrindo os malfeitos que fizeram ao longo da vida. Como legado, um caminho tortuoso e enlameado. Sem nada para contar, passaram pela vida carregando amargor e tristeza.
(*) Trump nunca foi um democrata. Quando perdeu a reeleição para Biden em 2020, não reconheceu a derrota e levantou falsidades em relação ao resultado eleitoral. Nunca provou. Biden teve 77 milhões de votos e Trump 69 milhões.
(**) Bernie Sanders é uma lenda nos EUA. Um caso emblemático. Elege-se senador sem sair de casa, apenas por sua coerência. Nunca abriu mão de suas bandeiras: a proteção ambiental e climática. No Partido Democrata, sua visão de mundo não é vista com bons olhos por seus pares. Com fama de encrenqueiro, Bernie incomoda por não abrir mão de suas convicções.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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