O que esperar em 2019?
"Decorre das primeiras manifestações do atual governo que é acentuando esse clima de tensão, de conflito ideológico e de distorção da comunicação que Bolsonaro espera governar, pois foi eleito a partir desse mesmo ambiente de guerra declarada. A mediação será virtual, incrementada pelo desprezo ao conhecimento humano e pelo obscurantismo", escreve a deputada federal do PT
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Uma das medidas chamou a atenção: extinguiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que orienta o combate à fome, o Bolsa Família e a defesa da alimentação saudável.
Esse ato de extinção foi simbólico.
Lembrei de padre Thomas que, no final da década de 1980, trouxe um grupo de jovens da Alemanha para conhecer os acampamentos e assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Na ocasião, ao visitarmos uma cooperativa de assentados rurais, conversávamos sobre a importância da agricultura familiar que foca na produção de alimentos.
Em 2003, no discurso de posse, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou do direito das pessoas se alimentarem três vezes por dia porque a fome era uma vergonha nacional e, como tal, seria combatida. Isto ficou gravado nas mentes e corações dos brasileiros.
Em seu discurso de posse, Bolsonaro não falou da desigualdade social, dos milhões de brasileiros que foram destinados à pobreza e à miséria após o golpe, não falou no país da ministra Damares, onde uma princesa “fraquejada” é morta a cada duas horas por um príncipe “armado”; não propôs diálogo e, sim, estimulou a divisão do país, condenando quem pensa diferente de sua ideia de violência e preconceito. No entanto, enfatizou que é “duro ser patrão no Brasil”.
Bolsonaro ainda decretou a morte do socialismo vigente no Brasil, a primeira grande “fake news” investida pela faixa presidencial. Enquanto isso, os apoiadores na Esplanada dos Ministérios, querendo agredir repórteres, gritavam em uníssono: “Facebook, WhatsApp...”. No entanto, as duas palavras mais utilizadas no discurso foram “deus” (dele) e “ideologia” (dos outros).
O “deus” proclamado “acima de todos” escolheu o lado de Bolsonaro, determinou sua vitória para limpar e resgatar o Brasil do mal e para estabelecer a coesão nacional excludente. Excluídos serão os outros, todos aqueles que não pensam igual ou não cultuam o mesmo “deus”. Regredimos ao dualismo religioso, do maniqueísmo, do século 4 do Império Romano.
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