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Rodrigo Vianna

Jornalista desde 1990. Passou por Folha, TV Cultura, Globo e Record; e hoje apresenta o "Boa Noite 247". Vencedor dos Prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo, é também Mestre em História Social pela USP. Blogueiro, integra a direção do Centro de Estudos Barão de Itararé.

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O que farão PDT e os eleitores trabalhistas, se Ciro desistir?

Na avaliação de Rodrigo Vianna, "o PDT institucionalmente poderia ganhar se Ciro Gomes desistisse da candidatura". "A desistência de Ciro, talvez, ajude até mesmo a acertar o palanque no Ceará"

Ciro Gomes (Foto: Reprodução/Facebook)
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por Rodrigo Vianna

A bancada do PDT na Câmara fez um acordo com o bolsonarista Artur Lira para aprovar a PEC dos Precatórios. Também conhecida como PEC do Calote, ela é um instrumento para dar fôlego a Bolsonaro em ano eleitoral. O acordo significa entregar munição decisiva para o inimigo.

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De 24 deputados do partido, 15 votaram com o bolsonarismo. O PDT tem cinco deputados no Ceará, e quatro votaram "Sim". Impossível acreditar que André Figueiredo e Leônidas Cristino (dois pedetistas cearenses muito próximos aos Ferreira Gomes), por exemplo, não tenham informado Ciro e o irmão Cid sobre a votação.

O candidato a presidente acordou, na quinta-feira (dia 4/11), sob fogo intenso de sua militância digital, que cobrava explicações. Em vez de explicar, Ciro tomou atitude unilateral de interromper a campanha - até que tudo se esclareça.

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Ciro tenta agora reverter os votos pedetistas, antes do segundo turno de votação da PEC, para que o candidato apareça como uma liderança coerente e que não aceita acertos espúrios. Se conseguir mudar os votos, sai fortalecido; do contrário, pode inviabilizar sua candidatura.

Mas há outra hipótese: Ciro sabia muito bem da movimentação na bancada, e quer agora aproveitar o episódio para interromper definitivamente a campanha; seria uma "saída honrosa", para um candidato que apostou tudo no antipetismo e, ao que parece, não consegue colher frutos consistentes para 2022. 

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Se Ciro sair do jogo, que significado isso teria para o PDT, e mesmo para os eleitores ciristas?

Pesquisa DataFolha de setembro/2021 mostrou que 56% dos eleitores de Ciro optariam por Lula num segundo turno contra Bolsonaro. Ou seja: os ciristas são, em sua maioria, progressistas que têm restrições em relação ao PT. Mas que na hora da decisão ficarão com uma candidatura mais à esquerda.

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É razoável supor que a desistência de Ciro levaria pelo menos metade de seus eleitores a apoiar Lula já no primeiro turno, visto que os outros nomes da chamada Terceira Via são mais alinhados com a centro direita. Ou seja, Lula que hoje está na faixa de 42% a 44% poderia crescer mais e se aproximar da vitória em primeiro turno.

Mas e o partido, o que aconteceria se Ciro desistisse? Dos 24 deputados federais pedetistas, 14 são do Rio de Janeiro ou de estados do Nordeste (Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Bahia). Para eles, uma aliança com Lula talvez facilitasse bastante a tentativa de reeleição.

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Há ainda duas candidaturas a governador do PDT, com chances razoáveis: o senador Weverton Rocha (Maranhão) e o ex prefeito de Niterói Rodrigo Neves (Rio de Janeiro) são lulistas, e não escondem que gostariam de ter o petista em seus palanques.

Portanto, o PDT institucionalmente poderia ganhar se Ciro desistisse da candidatura.

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Ah, mas uma bancada que vota com Lira não tem interesse em acordo com Lula... Hum... Não é assim que funcionam esses arranjos.

A bancada do PDT cedeu aos "apelos" de Lira (que prometeu incluí-la na lista de agraciados com emendas, no absurdo orçamento secreto). A maioria topou o jogo, mirando justamente a reeleição. Não há contradição entre pegar dinheiro de emendas para turbinar apoios nas bases, e logo depois apoiar o candidato (Lula) com maior penetração junto ao eleitorado.

A desistência de Ciro, talvez, ajude até mesmo a acertar o palanque no Ceará. Os Ferreira Gomes tentariam eleger governador do PDT, mantendo a aliança com o petista Camilo Santana (que sairá ao Senado). A família de Ciro ficaria com a máquina estadual, facilitando um arranjo nacional em que o PDT poderia voltar ao "leito natural" de coalizão com Lula - já no primeiro turno.

Seria um quadro bom para Lula, para a bancada do PDT e especialmente para os candidatos pedetistas no Maranhão e no Rio. 

Se insistir na candidatura, Ciro corre o risco de desidratar mais e, lá na frente, ser obrigado a aceitar o mesmo arranjo em condições até piores. A ver....

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