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Rene Marcio Ruschel

Jornalista em Curitiba

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O que temer no governo Temer

Agora, o que esperar de um governo formatado à base de concessões e acordos em nome da governabilidade. Aliás, governabilidade em benefício de quem?

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A interinidade do vice-presidente Michel Temer pode colocar seu governo em uma encruzilhada política de consequências gravíssimas para o País. Seria como repetir a Lei de Murphy de que "se algo pode dar errado, dará". Nunca, antes, na história desse País, vivemos uma crise de tal envergadura. O projeto político urdido em gabinetes públicos e privados, com apoio explícito da chamada grande imprensa, visa apenas e tão somente a tomada do poder para recompor um modelo econômico e social que satisfaça os seus interesses. A corrupção e a insatisfação com o governo da presidenta Dilma Rousseff foram apenas o mantra para arrastar milhares de brasileiros às ruas pedindo mudanças. Em nenhum momento, vale ressaltar, seu nome esteve envolvido com qualquer indício de corrupção. Curiosamente, sete ministros anunciados por Temer estão envoltos em algum tipo de denúncia junto ao Supremo Tribunal Federal ou são alvo de pedido de investigação, além de outros citados na Operação Lava Jato. A Ordem dos Advogados do Brasil, que apoiou o impeachment, emitiu uma nota oficial onde afirma que "investigados pela Lava Jato não podem ser ministros".

Os sintomas começam pela formatação de seu governo. Ao invés de "notáveis", como chegou a afirmar o vice-presidente antes da posse, o que seu viu foi um acerto político-partidário dos que apoiaram o impeachment; a ressurreição da velha prática do "é dando que se recebe". Matéria publicada na edição de 14 de maio do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, com um de seus principais assessores, o ex-deputado federal Rodrigues Rocha Loures, PMDB-PR, revela que "Temer conseguiu em pouco tempo montar uma ampla base aliada no Congresso". A receita foi oferecer "cargos no novo governo". Segundo Rocha Loures, a "crise é política" e como tal deve ser tratada. Ou seja, rearranjos negociados em conchavos de gabinete. O exercício da nova política é rasteiro, servil, compatível ao circo dos horrores que o Brasil assistiu por ocasião da votação nominal dos parlamentares na Câmara dos Deputados.

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Como não bastasse, Temer segue agora refém do Senado. Para concluir o impeachment é preciso o voto de 54 senadores. Na primeira fase, de admissibilidade do processo, foram exatos 55 os que votaram favoráveis. Dentre esses, cerca de 10 senadores admitiram que poderiam mudar de posição caso não encontrassem justificativas para tanto. Na prática, a reversão de 2 votos faz com que tudo volte como dantes e o processo do impeachment seja arquivado. Como a crise é política, o alvo agora se volta à Casa em busca de novos acertos.

O cerne da crise está no sistema político falido e arcaico, responsável inclusive pela eleição de parlamentares sem qualquer compromisso com a sociedade e eleitores. Aliás, para a maioria o único comprometimento é com grupos econômicos a quem devem favores eleitorais e obrigações pecuniárias. Não têm a mínima noção, pela total e absoluta incompetência, do desserviço que prestam à Nação com o descumprimento da Constituição Federal. Ferir a democracia é sangrar o País.

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O segundo mandato da presidenta Dilma está anos luz distante de suas promessas de campanha. Os desacertos começaram pela colcha de retalhos tecida na composição ministerial, inflado pela fúria do senador Aécio Neves com a derrota nas eleições presidenciais de 2014, somadas a corrupção latente inserida na cultura verde-amarela desde a chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500 – mais tarde transformada em "jeitinho brasileiro". Mas nada disso justifica o impeachment. O acerto de contas deveria se dar em 2018, nas urnas, quando a população escolhe pelo voto seus governantes.

Agora, o que esperar de um governo formatado à base de concessões e acordos em nome da governabilidade. Aliás, governabilidade em benefício de quem? De acordo com o editorial do jornal espanhol, El País, a destituição da presidenta Dilma Rousseff não soluciona nada, apenas aumenta a instabilidade política. Ao mesmo tempo, abre profundas incertezas sobre o futuro de um país até muito recentemente exemplo mundial de economia emergente e que conseguiu tirar dezenas de milhões de pessoas da pobreza.

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