O regresso necessário: a volta de João Paulo Cunha e a alma do PT
A trajetória de João Paulo não é um currículo político convencional; é a gênese do militante
Em um momento de profunda fragmentação política, o retorno de João Paulo Cunha ao centro do poder não é apenas mais um movimento tático. É um evento de significado profundo: o resgate de uma alma. Ele é convocado para reforçar o governo Lula não simplesmente por sua experiência, mas por encarnar a essência original do Partido dos Trabalhadores, uma essência que muitos temem estar se perdendo nas concessões do dia a dia.
Sua importância começa na origem. A trajetória de João Paulo não é um currículo político convencional; é a gênese do militante. Forjada não em gabinetes com ar condicionado, mas no calor das lutas sociais de Osasco e região, sua ideologia nasceu de uma "paixão pelo impossível". Foi moldada ao acompanhar a mãe ao trabalho, testemunhando na prática as divisões de classe, e nos bancos da Igreja Católica, onde absorveu os ideais de fraternidade e justiça social. Ele é, portanto, a ligação viva do PT com suas raízes: a luta concreta e os valores humanistas que lhe deram vida.
Hoje, esse regresso é um antídoto. Num governo que precisa equilibrar-se numa base ampla e por vezes contraditória, João Paulo Cunha personifica o tripé clássico e fundamental do partido: a Luta Social como farol inegociável, a Ação Parlamentar como instrumento dessa luta e a Construção Partidária como base de todo o projeto.
Ele emerge como a lembrança viva de um compromisso irredutível: a defesa intransigente dos mais pobres, a soberania nacional como princípio e o sonho de um Brasil menos desigual, que não abra mão das liberdades individuais.
Mas sua volta transcende uma simples convocação de Lula. É, antes, um grito da base do partido e de um segmento da sociedade que vê nele a liderança necessária para um projeto de nação. Trabalhadores formais, informais, pequenos empresários – aqueles que anseiam por um país soberano e justo – identificam em sua figura a serenidade e a coragem que o momento exige. Para Lula, em seu quarto mandato e ávido por catalisar seu "sonho teimoso", João Paulo oferece as duas chaves mestras:
· O Diálogo Sereno: a capacidade de construir pontes sem se perder no rio da negociata, mantendo a calma em meio ao caos.
· A Coragem para Realizar: a audácia de transformar a esperança em reformas e direitos concretos.
Por fim, sua atuação é enquadrada em uma narrativa épica que define o futuro do Brasil. O PT se coloca na linha de frente de uma batalha entre Civilização e Barbárie. É uma disputa pelo sentido de país: de um lado, a promessa de garantir ao cidadão comum o direito de ascender social e espiritualmente; do outro, o risco de um retrocesso civilizatório.
A importância de João Paulo Cunha, portanto, é simbólica e prática. É a reafirmação de que o Brasil pode ser novamente um lugar onde o mínimo existencial é garantido e onde as potencialidades de seu povo possam florescer. Sua paixão pelo que um dia pareceu impossível renasce, mais uma vez, como o motor de uma esperança teimosa para a nação.
O time do presidente Lula, que vem reconstruindo o Brasil, necessita deste importante reforço. As condições para a realização da nossa utopia política estão colocadas pelos prodigiosos avanços científico e tecnológico nas mais diversas áreas. O que precisamos agora é de uma ampla frente política para derrotar o fascismo e avançar na luta democrática, no sentido de garantir a tão sonhada justiça social. E é nessa concordância de propósitos que a volta de João Paulo Cunha encontra seu significado mais estratégico.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

