O respeito que faltou ao chanceler alemão
O comentário de Friedrich Merz ecoa a velha mentalidade colonial
A frase do chanceler alemão Friedrich Merz, de que sua comitiva “ficou feliz em sair daquele lugar”, referindo-se à sede da COP30, Belém do Pará, coração da Amazônia brasileira — toca um ponto sensível da história mundial: o preconceito travestido de superioridade cultural.
O comentário ecoa, ainda que involuntariamente, a velha mentalidade colonial que tratava o Sul Global como exótico, incômodo ou inferior. E contrasta profundamente com o aprendizado do próprio povo alemão, que soube transformar dor em consciência humanista e memória em responsabilidade histórica. Aquele povo merece que seu líder honre estes princípios.
Então, é por respeito ao povo alemão e à Amazônia, que respondo a Merz: a floresta não precisa ser tolerada, nem é um lugar a ser evitado, mas um patrimônio a ser respeitado. Se sua a comitiva se sentiu desconfortável, isso talvez diga mais sobre seus preconceitos do que sobre a própria floresta.
A Amazônia não é “aquele lugar”. É o coração climático do planeta, lar de centenas de povos originários e território em que o Brasil — com esforço, respeito à ciência e política pública — reduziu drasticamente a destruição. É, ainda, expressão da nossa grandeza cultural: música, literatura, biodiversidade, culinária, saberes milenares e um povo que acolhe, não julga.
Até porque, a floresta está de pé não por imposição externa, mas pela escolha consciente de um país que acredita no futuro do planeta. E isso merece, sim, respeito.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




