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Reimont Otoni

Deputado federal (PT-RJ), vice-líder do PT na Câmara e membro da Comissão de Trabalho

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O Rio e Paes

O que precisamos é de um estado que pare de penalizar os mais empobrecidos; que sirva à maioria e, não, a uma elite privilegiada; que promova justiça fiscal, tributária e social, e que proteja os mais vulneráveis. Precisamos de um programa de renda básica, que tire as pessoas da miséria e inclua os excluídos, que evite a fome e a morte e que também aqueça a economia. Queremos vacina e justiça social já.

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A situação do Rio de Janeiro nos impõe uma agenda firme e urgente de luta pela vida. Aqui, a Covid-19 continua matando mais do que em qualquer outra cidade brasileira. Com metade da população paulistana, temos quase o mesmo número de vidas perdidas da capital de São Paulo. Lá, o número de óbitos está em torno de 18.112; aqui, já são 18.172 as vidas interrompidas pela Covid.

Na cidade, surgem casos de novas variantes do vírus, ainda mais contagiosas, e técnicos da secretaria municipal de Saúde já tratam como 'muito provável' a transmissão local da cepa de Manaus. Enquanto isso, a vacinação está suspensa por falta de vacinas, que não se sabe ao certo quando o Ministério da Saúde irá enviar (ah, a logística falida de Pazuello). 

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Por isso, espanta que o prefeito Eduardo Paes, em sua primeira mensagem ao Parlamento carioca, no último dia 18, não tenha mencionado uma única vez as milhares de perdas humanas que sofremos, embora tenha citado 28 vezes a pandemia da Covid-19, quase sempre para tratar de questões econômicas, por vezes de maneira até sem sintonia com a realidade, como no trecho “A pandemia da COVID-19 afetou profundamente não somente a trajetória esperada para a economia brasileira em 2020, como também as expectativas de crescimento para 2021” (?!). 

Esse “mundo de Alice” sobressai nas menções ao combate à Covid, em que Paes não aborda o agravamento da situação no município. Ao contrário, destacou uma inexistente vacinação em massa (que não alcançou sequer 4% da população); omitiu a falta de doses para dar continuidade à imunização; afirmou que “todas as Clínicas da Família e Unidades de Atenção Primária (estão) abastecidas de insumos e profissionais de saúde capacitados” e esqueceu-se do fechamento da UPA de Manguinhos, já na sua gestão. Também exaltou a volta às aulas presenciais, sem abordar como isso será feito frente à realidade de unidades escolares deterioradas, a maioria sem ventilação adequada e sem as condições sanitárias que o momento impõe. 

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Assim o novo prefeito tratou do combate à pandemia. Também este foi o enfoque da mensagem de Eduardo Paes na questão da Educação; a única menção aos profissionais do setor é encontrada no trecho em que informa que “Foram previstas também estratégias voltadas para o acolhimento emocional de profissionais da educação e alunos...”; diante da situação dos trabalhadores e trabalhadoras da Educação, que clamam por respeito, reconhecimento e vacinação, soa como ironia.

No Rio de hoje, a luta pela vida também se expressa na promoção da justiça social, da inclusão, do combate à desigualdade. O Rio, capital de mortalidade por Covid-19, é ainda a capital do empobrecimento, da precarização do trabalho, da falta de moradia, da exclusão dos mais empobrecidos, do assassinato de jovens pretos e pobres e da invisibilidade das favelas, onde vive mais de um terço da população da cidade. O Rio é a capital mais afetada em suas vocações econômicas históricas, como o turismo, a cultura, a produção audiovisual, o entretenimento, o comércio ambulante e a indústria naval.

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A mensagem de Eduardo não trouxe propostas concretas para essas questões, não trouxe projetos de reconstrução social e econômica, com investimentos em economia solidária, construção civil, agricultura urbana, recuperação dos equipamentos públicos e de busca soluções para os nossos graves problemas cotidianos de mobilidade urbana, das favelas, de moradia, de saneamento, da população em situação de rua; não há uma única menção à justiça social. Também considero preocupante a mensagem não abordar o comércio ambulante, que sustenta milhares e milhares de famílias da cidade e que é uma atividade crescente nesta época da pandemia e do desemprego.

Embora o documento tenha adiado os temas mais espinhosos, sabe-se que o governo Paes prepara projetos de emergência fiscal, de reforma da Previdência municipal e de reforma tributária. Se seguir o modelo Paulo Guedes/Bolsonaro, a cidade verá se agravar a crise social e humana que já vivemos. A chamada austeridade fiscal não equilibra e nem aquece a economia; é um arrocho que tem como símbolo o que vemos hoje na Educação e na Saúde, no orçamento minguado do SUS, no encolhimento deliberado da capacidade de produção da Fiocruz. Reforma da previdência, tanto no Brasil como no Rio, só afeta a quem mais precisa e é um crime contra as pessoas que contribuem a vida inteira – no caso do Rio, servidores públicos que são médicos, professores, enfermeiros, garis, gente que, na maioria, ganha pouco ou muito pouco e está cada vez mais pressionada.

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O que precisamos é de um estado que pare de penalizar os mais empobrecidos; que sirva à maioria e, não, a uma elite privilegiada; que promova justiça fiscal, tributária e social, e que proteja os mais vulneráveis. Precisamos de um programa de renda básica, que tire as pessoas da miséria e inclua os excluídos, que evite a fome e a morte e que também aqueça a economia.

Queremos vacina e justiça social já.

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