O silêncio eloquente

A midiazona, até pouco tempo, sofria de Lulalia.

Era um falatório infernal sobre Lula.

O Manchetômetro mostra que a maior parte dassa falação era deletéria e se propunha a destruir a reputação do Barba. queriam-no morto politicamente, preso e amordaçado.

Preso está. Mas segue vivo politicamente e eulálio.

Sinto muito por abusar da forma grega para a palavra falar, mas se o internauta tivesse o bom senso de ter lido A Língua de Eulália, do sociolinguista Marcos Bagno, não estranharia o vocábulo.

Fora da prisão, pela primeira vez, dois meses depois de ser trancafiado como preso político em Curitiba, Lula mostrou que o seu bom falar ainda apavora seus adversários; sobretudo os da imprensa.

Como testemunha de Sérgio Cabral, ontem, a Velha Jararaca mostrou sua verve vernacular.

O cabra falou por quase uma hora.

Foi tietado pelo juiz, pediu voto, sorriu, fez rir, criticou a imprensa, lembrou de alguns grandes feitos do seu governo, demonstrou o prestígio internacional que gozava quando presidiu o Brasil, e o quanto o Brasil se tronou relvante no cenário mundial: emplacou o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, o diretor-geral da ONU para a Agricultura e Alimentação, trouxe a Olimpíada e a Copa do Mundo, abriu 34 embaixadas no continente africano...

Com Lula, o Brasil fez barba, cabelo e bigode.

Mas, para espanto geral, a midiazona ignorou o show de Lula.

E nada é mais eloquente do que esse silêncio.

Seus detratores esperavam vê-lo abatido, cabisbaixo, sorumbático.

Mas, para surpresa geral, ali estava um altivo estadista.

Lula voltou a mexer com o coração e a mente do povo brasileiro, mesmo que a velha imprensa tenha sonegado seu depoimento.

Aliás, isso só amplificou a fala de Lula.

O Brasil, hoje, não falou de outra coisa.

Lula lá.