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Heraldo Campos

Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña - UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

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O sonho do carro próprio

Quem sabe um dia a Kombi volta a ser fabricada em território nacional e uma zero quilômetros poderia ser comprada e virar um “trailer bem supimpa”

Linha de montagem da Kombi, em SBC

O sonho do carro próprio. Nunca tive, da mesma forma que não tive o sonho da casa própria [1]. Enquanto meus amigos da época de moleque ficavam falando da caranga esmerilhada, com tala larga e o motor roncando a mil rotações por minuto, desligadamente ficava olhando para as estrelas e vivendo num mundo da Lua.

Mas, nesse mundo automotivo, possuí quatro carros. Os melhores foram o primeiro (Brasília) e o último (Gol 1000), comprados zero quilômetros, e que não me deixaram na mão. Os outros dois adquiridos usados (Caravan e Paraty), no intervalo entre esses dois mencionados, foram de lascar, sempre quebrando, isso sem contar um Jeep que reinou por apenas dez dias porque bebia demais e não andava.

Desde moleque fui treinado para andar em transporte público, passando pelos ônibus, bondes e trens que rolavam nas cidades de São Paulo, Campinas, São Vicente e Santos. Porém, um veículo predileto acabou aparecendo, durante a vida profissional, que conduzi bastante, fazendo coleta de amostras de rocha para pesquisas e/ou transportando alunos em viagem de estudos: a Kombi.

Quem sabe um dia a Kombi volta a ser fabricada em território nacional e uma zero quilômetros poderia ser comprada e virar um “trailer bem supimpa”, como diria o Irmão Leonardo [2], sem bancos de passageiros, com um tatame esparramado nesse espaço e com pequenas tralhas de acampamento, um adaptado “lar” sobre rodas para cair na estrada. Aos setentinha tudo é possível!

Enquanto esse “sonho” da Kombi não rola, não vou deixar de lado a minha bicicleta Phillips, inglesa, provavelmente fabricada nos anos 60 e comprada de segunda mão no ano de 1974 na cidade de Rio Claro (SP), que usava todo dia para ir estudar na faculdade. Tempos depois, nos anos 80 do século passado, essa mesma magrela [3] foi um veículo importantíssimo para expeditos trabalhos de geologia urbana [4] realizados na cidade de Ubatuba (SP) como, também, no deslocamento para dar aulas nas escolas públicas do munícípio. Até hoje essa bicicleta sexagenária continua sendo utilizada para compras no mercado e outras finalidades, num exercício muito bom para a saúde física e mental.

“Sei lá, só quero rodar / E andar por aí / sem saber onde ir / Vento ventando, gente passando / Na roda um raio de sol, virando estrela na / Bicicleta / Bicicleta / Eu vou pedalar minha bicicleta” (Trecho da canção “Bicicleta” de Marcos Valle de 1984).

Fontes

[1] “O sonho da casa própria” artigo de 04/02/2025.

https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2025/02/o-sonho-da-casa-propria.html

[2] “O segredo de Leonardo” artigo de 19/03/2020.

https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2020/03/o-segredo-de-leonardo-cronica-de.html

[3] “A magrela” artigo de 09/04/2020.

https://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2020/04/a-magrela-cronica-deheraldo-campos.html

[4] Pereira, S.Y.; Gonçalves, P.W.; Campos, H.C.N.S. 2011. Uma proposta prática de aprendizado para a disciplina de Geologia Urbana. Terræ Didatica, 7(1):49-57. <http://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/>

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.