O Sul Global e a cooperação Sul-Sul

Fazem parte do “sul global” os países em desenvolvimento da África, América Latina e Caribe, Ásia e Oceania

(Foto: Reprodução)


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Pedro Benedito Maciel Neto

O mundo mudou e com ele a lógica geopolítica predominante desde o pós-guerra; me refiro ao Sul-Global, onde reside o presente e o futuro; Sul global é o termo utilizado em estudos pós-coloniais e transnacionais e diz respeito ao conjunto de países em desenvolvimento e regiões mais pobres do mundo, vitimados pelo colonialismo, neocolonialismo e imperialismo, que tem uma estrutura social e econômica com grandes desigualdades. 

Fazem parte do “sul global” os países em desenvolvimento da África, América Latina e Caribe, Ásia e Oceania. 

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O tempo é de cooperação.

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Os colonizados e os incautos, que conhecem geopolítica através dos outlets de Miami, perguntam: qual a importância de um relacionamento com países pobres?

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Antes um pouco de História – A Cooperação Sul-Sul deriva da adoção do Plano de Ação de Buenos Aires para Promoção e Implementação de Cooperação Técnica entre Países em Desenvolvimento (BAPA), adotado por 138 Estados-membros. O plano estabeleceu um esquema de colaboração entre países menos desenvolvidos, localizados principalmente no sul do planeta.

A possível reforma na ONU - Em ocorrendo uma reforma na ONU, tema que voltou ao debate após declarações do presidente Lula numa reunião com o chanceler alemão, Olaf Scholz, o Brasil pode liderar o Sul-Global.

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Lula declarou que a guerra entre Rússia e Ucrânia poderia ter sido evitada se a ONU tivesse atuado, criticou o conflito entre Rússia e Ucrânia, e propôs ainda a criação de uma comissão de países que negociem a paz.  

O chanceler alemão ouviu de Lula o reconhecimento de que a Rússia errou ao invadir a Ucrania, mas que o Brasil não enviaria munição para a Ucrânia (semanas depois, no que pode ter sido uma retaliação, a Alemanha vetou a exportação de 28 blindados fabricados no Brasil para as Filipinas - Alemanha pode embargar a transação porque têm direitos sobre os componentes alemães usados nos tanques). 

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O episódio revelou um fenômeno que tem chamado a atenção de muitos analistas internacionais: as posições divergentes entre o Ocidente e o chamado Sul Global em relação a muitos temas, e, a confirmar a veracidade do fenômeno, basta lembrar que Macron, presidente da França declarou num fórum de líderes mundiais: "Estou impressionado com como nós perdemos a confiança do Sul Global".

A professora de Relações Internacionais da UFABC, Tatiana Berringer, diz que Lula posiciona o Brasil como um ator importante, num tempo em que, tanto o desenrolar, da guerra na Ucrânia como do conflito entre EUA e China, podem sim levar a uma mudança radical na própria estrutura de poder. 

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Um protagonismo geopolítico do Brasil pode trazer benefícios ao país; o Brasil representaria os países do Sul Global, na sua luta por justiça e maior igualdade, afinal, o hegemonismo dos países do Norte Global não fortalece o multilateralismo, nem os interesses do Sul Global; o jornalista e correspondente internacional Pepe Escobar afirmou, que vitória de Lula foi recebida com grande entusiasmo no mundo, ele é visto como um grande líder do Sul Global.

A importância dos BRICS – Os incautos-colonizados, que não sabem, ou não se deram conta, que o PIB dos BRICS é maior que o do G7 desde 2020.  Vejam o gráfico.

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Os dados mostram que, a partir de 2020, as nações do BRICS como um todo agora contribuem mais para o PIB global do que as nações industrializadas do G7, em termos de paridade do poder de compra (PPP).

O ThePrint, que é um jornal digital indiano, analisou os dados do  FMI, relativos ao PIB em todos os países ao longo do tempo e descobriu que, desde 1992, ocorre um declínio constante na participação do G7 no PIB global e um aumento igualmente constante nas contribuições dos países do BRICS. 

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Foi em 2020 que a dinâmica G7-BRICS mudou e os BRICS, com 31,4%, ultrapassaram o G7, com 30%; a dinâmica do poder econômico global mudou em favor dos paises em desenvolvimento, marcando inegável declinio das nações desenvolvidas em termos de poder econômico, bem como apresenta a ascensão da China e, até certo ponto da India, como “motores econômicos do mundo”, como escreveu Sharad Raghavan no ThePrint, ajudados por  economias asiáticas menores. Liderar um grupo de países que representam o maior PIB do mundo não é algo irrelevante, estou falando de “cooperação sul-sul”, à possível e necessária cooperação técnica entre países em desenvolvimento no Sul Global (ferramenta usada por Estados, organizações internacionais, acadêmicos, sociedade civil e setor privado para compartilhar conhecimento, habilidades e iniciativas de sucesso em áreas específicas, como desenvolvimento agrícola, direitos humanos, urbanização, saúde, mudança climática etc.).

O Brasil, com Lula ou a partir dele, haverá de liderar a construção de um mundo mais generoso a partir do Sul-Global.

Essas são as reflexões.

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