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O turismo sem alma

A atividade do turismo em Buzios sempre foi guiada pela iniciativa de seus empresários, e não pela lógica do planejamento, do desenvolvimento sustentado e da inclusão social

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A ocupação urbana de Búzios não priorizou a população residente, nem houve um planejamento do desenvolvimento da sua atividade turística, que se encarregou de encampar, com empreendimentos imobiliários e comerciais, os locais mais nobres da cidade. Espaços que seriam de uso público, com a falta da urbanização de ruas, calçadas e praças, foram ocupados diante das vistas grossas do poder, com atividades comerciais impróprias a espaços públicos.

Búzios priorizou o turismo como sua principal vertente econômica, graças ao potencial de seus belos recursos naturais. Esta atividade movimenta a economia local e é o único fator de desenvolvimento da cidade para a geração de empregos, para o aumento de renda e para a arrecadação de tributos. Entretanto, esta atividade sempre foi guiada pela iniciativa de seus empresários, e não pela lógica do planejamento, do desenvolvimento sustentado e da inclusão social.

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Para o contexto sócio-cultural e ambiental, os efeitos e reflexos da ação de evolução 'espontânea' do turismo foram incisivos, muito perniciosos, mas suas causas nunca foram claramente identificadas como 'inerentes' à atividade turística. A ocupação escolheu a orla das praias e privilegiou os lotes mais nobres, formando um paredão intransponível para as águas, sem limites lógicos nem ecológicos, repetindo um modelo ultrapassado e comprovadamente auto-degenerativo, que é rejeitado pela demanda do turismo que busca a originalidade dos lugares íntegros.

A organização do turismo é dependente de diversos níveis de decisão: do poder público, da iniciativa privada, das entidades de classe e outros setores que não são facilmente coordenáveis. Cada uma dessas entidades representativas deveria promover ações interagindo entre si, em função de objetivos comuns – e não com cada uma puxando a brasa para sua sardinha – prescindindo da participação umas das outras, criando uma estrutura administrativa instável, amadora e improvisada na cidade.

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As únicas regras e ações que não deveriam ser variáveis seriam as do poder público. A orientação para o sistema funcionar e o freio de qualquer ação mal orientada, deveria ser pública. Mas, não é o que ocorre aqui. A gestão pública do turismo deveria estar afeta à tarefa da administração de fatores ambientais e sobre as condições pelas quais as empresas turísticas prestam seus serviços, incluindo os incentivos, a coordenação, o controle, a concessão de licenças, as autorizações e as facilidades para o exercício desta atividade.

Fornecer meios e estabelecer as normas para organizar o turismo é um dever do poder público. Com a execução de um Plano Diretor do Desenvolvimento Turístico de Búzios, se promoveria a organização espacial urbanística e implantação de uma infra-estrutura adequada de suporte à esta atividade. O turismo receptivo une o turista a uma cidade, para viver, participar e se inter-relacionar ativamente com a localidade visitada; descansando, se divertindo e crescendo como um participante que ensina e aprende com seus moradores.

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A integridade de uma cidade, sua originalidade e as diversas formas de manifestação cultural formam a base dos atrativos que motivam uma visitação e dão a personalidade: a alma da destinação turística. Este modelo de desenvolvimento 'espontâneo' de ocupação, com a descaracterização paisagística, como esta permitida por Búzios, é o mesmo de outras destinações que viram o turismo destruir os seus sonhos mais nobres, enchendo-as de vulgaridade e insegurança.

Enquanto os cidadãos, os administradores e os boêmios dormiam, a voracidade dos especuladores devorou e depreciou sua paisagem, sem que nada fosse feito para impedir isso. Pelo contrário, cada vez mais se oferecia como um prêmio, convites para se estabelecer e lhe corroer a alma. Os problemas que a sociedade tenta hoje explicar e reverter, têm origens numa visão descompromissada com a cidade, o cidadão e a negação da possibilidade de exercer a sua cidadania.

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Búzios inchou-se e desqualificou-se com a ocupação desordenada. Ações públicas agora se voltam para tentar superar as deficiências nos serviços, isto é, para os efeitos, mas não as causas dos seus problemas urbanos. Se o turismo é a vertente que potencializa sua economia, deve ser organizado de forma a oferecer condições, com constante preocupação com todos que dela participam e concorrem para valorizar a sua sustentabilidade ambiental, da qual esta própria atividade empresarial depende e necessita para prosperar.

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