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Juca Simonard

Jornalista, tradutor e professor de francês. Trabalhou como redator e editor do Diário Causa Operária entre 2018 e 2019. Auxiliar na edição de revistas, panfletos e jornais impressos do PCO, e também do jornal A Luta Contra o Golpe (tabloide unificado dos comitês pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro).

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O vale-tudo "contra o fascismo" vai nos levar ao fascismo

Todos os governos que antecederam os regime fascistas tiveram o caráter de governos bonapartistas, onde a burguesia buscava suprimir as liberdades democráticas e agir diretamente como árbitro

(Foto: ABr | Reprodução)
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Por Juca Simonard

Para a maior parte da esquerda brasileira, o “Fora Bolsonaro” e a dita “luta contra o fascismo” não passam de uma retórica que encobre uma real política de aliança com os inimigos do povo e os pais da extrema-direita brasileira. Busca-se, através disso, um resultado eleitoral, sem impulsionar um real movimento para derrotar os fascistas.

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É inegável que a extrema-direita mundialmente se tornou um fator determinante da política e que ela precisa ser barrada, mas de forma alguma a política dos “antifascistas” brasileiros caminha neste sentido. Na realidade, a extrema-direita brasileira, para estes setores, tem servido apenas como justificativa para os acordos mais espúrios com golpistas, ditos “democráticos” (“científicos”, “civilizados”, etc.), e para a defesa dos mais absurdos atentados aos direitos democráticos do povo.

Para “combater os fascistas”, a esquerda apela para a censura nas redes sociais, a prisão arbitrária de parlamentares por decisões ditatoriais de tribunais, alianças e acordos com os piores criminosos da política nacional e internacional e assim por diante. 

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No vale-tudo, este setor da esquerda montou uma frente única com a monarquia do STF e os monopólios das redes sociais, contra a liberdade de expressão; se juntou aos principais impulsionadores da sórdida campanha golpista contra o PT; elogiou os jornais mais venais do país, apoiadores da ditadura, como sendo democráticos; defendeu genocidas; e assim por diante.

Em outras palavras, uma parte da esquerda, no vale-tudo “contra o fascismo”, defendeu o fim da imunidade parlamentar ao se colocar a favor da prisão ilegal do deputado Daniel Silveira; apoiou os monopólios na internet quando eles censuraram Donald Trump, presidente de um país; fez acordos com Baleia Rossi, Rodrigo Maia e outros principais impulsionadores do golpe de Estado no Congresso; se solidarizou com jornais golpistas como Folha, Estadão e Globo, os maiores mentirosos do país, na campanha contra as “fake news”, que busca aprofundar a censura à imprensa; elogiou o governador assassino João Doria (PSDB), um dos principais responsáveis pelo genocídio da Covid-19, e o mestre das guerras, Joe Biden, que em pouco tempo no governo já voltou a bombardear os países oprimidos, como Somália e Síria; fez coro com o imperialismo na campanha a favor do desarmamento; etc.
A história, porém, comprova que estas medidas não apenas são inúteis para barrar o fascismo, como são primordiais para que ele ascenda ao poder. Todos os governos que antecederam os regime fascistas tiveram o caráter de governos bonapartistas, onde a burguesia buscava suprimir as liberdades democráticas e agir diretamente como árbitro. Quando isso se tornava inviável, a burguesia apoiava o fascismo. Defender as decisões arbitrárias do STF, a censura das “fake news” e o cerceamento da opinião nas redes sociais não ajudam em nada na luta contra o fascismo, mas apenas fortalece o fechamento progressivo do regime político - e, portanto, caminha na direção do fascismo, que é a “abolição da democracia operária” (Trótski).

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Da mesma forma, é uma ilusão acreditar na parcela dos golpistas que são pintados como “democratas”. Primeiro, pois foram eles que colocaram os fascistas na rua para derrubar o PT. Ou seja, não têm nenhum tipo de oposição fundamental com a extrema-direita. Segundo, pois diante da atual incapacidade deste setor da burguesia encontrar um candidato viável para a direita, boa parte dos “democratas” mostraram-se aliados de Bolsonaro ao defender Arthur Lira na Câmara - o que indica um possível reagrupamento de toda a direita em torno da reeleição do fascista em 2022, principalmente se o outro candidato for do PT.

Mas, principalmente, o grande erro destas medidas adotadas pela esquerda é que elas impedem o impulsionamento da única forma comprovada de vencer o fascismo: a mobilização da classe operária. Ao colocar as esperanças nas instituições do regime contra os fascistas, a esquerda dá força aos órgãos que, historicamente, são responsáveis pelos governos fascistas, ao mesmo tempo em que coloca os trabalhadores num marasmo político, numa situação em que eles não poderão reagir diante da imposição da ditadura.

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Foi o que ocorreu na Itália, quando a social-democracia, ao invés de apostar na mobilização grevista dos operários no Bienio Rosso e na luta armada dos Arditi del Popolo, realizaram uma mera campanha de tipo eleitoral e apostaram todas as fichas nas instituições, que deram o poder para Mussolini.

As frentes com a burguesia formadas pelo stalinismo nas décadas de 1920, 1930 e 1940 foram as principais responsáveis pela ascensão do fascismo nos mais diversos países. 

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Na China, o Comintern colocou o Partido Comunista à reboque de Chiang Kai-Shek, que traiu seus “aliados”, realizando um verdadeiro massacre dos comunistas, e impôs um regime de tipo fascista. Na Espanha, a Frente Popular com o Partido Republicano (burguês), que impôs o desarmamento dos trabalhadores mobilizados, impediu o avanço da luta contra os fascistas, permitindo a ascensão da ditadura de Franco. Na França, o mesmo ocorreu na Frente Popular com o Partido Radical (burguês), que paralisou as greves de 1936, impedindo o avanço da luta revolucionária e manutenção da burguesia no poder, que abriu as portas do país para Hitler em 1940.

Da mesma forma, a aliança do stalinismo com o imperialismo “democrático”, ao final da Segunda Guerra Mundial, impediu a luta armada da classe operária e da oposição guerrilheira, pela formação de governos com os integrantes do derrubado regime de Mussolini, na Itália, e com o reacionário Charles de Gaulle, na França.

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Mas então qual a solução para impedir o avanço do fascismo e da ditadura? A luta revolucionária da classe operária. Em todos os países citados, a extrema-direita entrou em crise quando os trabalhadores se mobilizaram com uma política independente. Foi esta luta política que derrubou Mussolini e expulsou os nazistas da França; que colocou, durante os primeiros tempos da Guerra Civil, o golpe de Franco em xeque, quando os operários de Barcelona e outra grandes centros urbanos impediram a tomada do poder pelos militares; que impôs uma crise no Integralismo, no Brasil, quando os militantes da Frente Única Antifascsita (FUA) expulsaram a bala as galinhas verdes da Praça da Sé.

Se queremos, de fato, derrotar o fascismo, o caminho apontado pela história é esse. Mas, para isso, é importante ter um programa de luta pelas liberdade e direitos democráticos fundamentais, como a liberdade de expressão, o armamento, a liberdade de organização, de manifestação, etc. A esquerda desarmamentista, defensora do STF, Youtube, Twitter, Biden, Doria & Cia presta, então, um grande desserviço à população. Inclusive, porque esquece de uma questão decisiva: *caso a burguesia não veja outra saída para controlar a crise que não a ditadura fascista, esta, será imposta com o apoio dos atuais “democratas” ou com eles próprios.

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