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Flávia Lima

Redatora e jornalista com mais de 20 anos de experiência em assessoria política e redações de capitais e Interior – jornais, revistas, rádio e tevê. Colagista nas horas vagas.

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O veto à distribuição de absorventes: Brasil sangra em praça pública

Não ter absorventes, coletores ou condições mínimas de higiene são os principais motivos da pobreza menstrual, tema que tem mobilizado, aqui no Brasil, entidades e pessoas sensibilizadas com a situação das mais de 11 milhões de brasileiras que sofrem o problema

Coletor menstrual e diferentes tipos de absorvente (Foto: Reprodução)
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Menarca é o nome da primeira menstruação, essa coisa louca e linda (eu acho) que ocorre às mulheres a vida toda, a partir da adolescência ou pré-adolescência. Em alguns casos, na infância. Não ter acesso a informações sobre o tema é pobreza menstrual, segundo bem definem entidades como a OMS. O isolamento social e outras restrições impostas a uma pessoa, em decorrência do fato dela menstruar, também é pobreza menstrual. Mulheres e homens trans do mundo todo sofrem com isso, em quantidade proporcional ao atraso socioeconômico do país. Não ter absorventes, coletores ou condições mínimas de higiene são os principais motivos da pobreza menstrual, tema que tem mobilizado, aqui no Brasil, entidades e pessoas sensibilizadas com a situação das mais de 11 milhões de brasileiras que sofrem o problema.

Feche os olhos e imagine, somente por alguns momentos, o que é sangrar ininterruptamente por vários dias pela genitália sem ter um absorvente ali, para amparar todo aquele sangue. Imagine o mal-estar, o constrangimento, os obstáculos sociais, de higiene e mesmo de saúde que isso te acarretará. Sim, pois para combater a falta do absorvente ou coletor, elas usam folhas, papelão, plásticos, paninhos, madeira e o que mais tiveram à disposição. Muitas dormem nas ruas e nem calcinhas têm. Outras tantas estão presas (temos a quarta maior população carcerária feminina do mundo).

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Nesse mesmo cenário, imagine que o presidente da República estourou recentemente o cartão de crédito corporativo, com gastos não declarados, numa viagem desastrosa a Nova York. Nesse ano, também veio a público seus gastos de R$ 1 bilhão e 800 milhões de reais em alimentos de somenos importância (leite condensado, geleia de mocotó, chantilly, chicletes, etc.). Que deixou de comprar vacinas a preço justo para o povo e negociou outras a preço superfaturado, entre tantos outros absurdos. Um dos filhos dele comprou uma mansão de R$ 6 milhões (o 20º imóvel em 16 anos!), valor claramente incompatível à renda de político.

Mais uma vez, imagine este mesmo presidente vetando a distribuição gratuita de absorvente menstrual para estudantes de baixa renda de escolas públicas e pessoas em situação de rua ou de vulnerabilidade extrema.

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É difícil abrir os olhos e cair na real, mas não é preciso imaginar nenhuma dessas coisas, pois tudo isso acontece de verdade: a pobreza menstrual, a gastança, a indiferença, o escárnio e o veto à proposta de distribuição gratuita de absorvente, que teve origem na Câmara dos Deputados, passou pela aprovação do Senado no dia 14 de setembro último, mas sofreu o veto presidencial, publicado hoje, no Diário Oficial.

Por que? Porque ele não se importa. Seria simples demais responder assim. Mas talvez ele tenha escolhido vetar porque ninguém, além de uma meia dúzia de almas sensíveis, se importe de fato com este fato, além das próprias pobres-coitadas sem voz, fracas de tanto se envergonhar por sangrar em público. Talvez seja essa a verdadeira hemorragia sangrando em público nas entranhas do Brasil.

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