O vôo da paz

Quem possuía alma e coração não podia deixar de se comover com a extraordinária capacidade de solidariedade do Presidente Lula.

Chegada do avião presidencial com 32 resgatados da Faixa de Gaza.
Chegada do avião presidencial com 32 resgatados da Faixa de Gaza. (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)


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Era preciso ter coração de pedra para não se emocionar com a chegada a Brasília do avião da Força Aérea Nacional trazendo de Gaza os nossos refugiados da Palestina. Uma das moças, jovem de 18 anos, declarou em seu discurso de agradecimento ao Presidente Lula, ao lado da irmã: “Eu pensei que ia morrer”. Havia um inegável estado de alegria no ar. Ficavam para trás as inquietações, o testemunho da brutalidade, a ferocidade da guerra, as invenções do belicismo e a crueldade do governo de Israel, bombardeando, sem dó nem piedade, civis, mulheres, velhos e crianças, como se eles constituíssem o seu alvo prioritário. De hospitais destruídos, nem se fala. Ficarão na história como um exemplo de estupidez humana acoplado à irracionalidade das bestas, características da administração de Benjamin Netanyahu.

Quem possuía alma e coração não podia deixar de se comover com a extraordinária capacidade de solidariedade do Presidente Lula, colocando a alta cúpula do Estado empenhada na missão de salvar e garantir a vida para quem desejasse deixar o palco das batalhas. É certo que coração e alma, na atualidade da barbárie, não parecem qualidades comuns. A imprensa oficial, comprometida com o apoio a Israel milita em seu favor, obcecada por uma ideia de terrorismo que lhe sirva aos interesses e lhe ajude a fechar os olhos para aquilo que, no mundo inteiro, já se tornou evidente. A postura dos israelenses se fez indefensável. Até Biden, à beira de perder a eleição para Trump, entendeu as mensagens das ruas, nas manifestações em frente à Casa Branca.

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Falar humanamente, é claro, exige interlocutores à altura. Não se espera que Bolsonaro e seus seguidores acompanhem a retórica dos protestos que se expandem agora em toda parte. Eles preferem a intriga, as conspirações de gabinete, o gosto das trevas e o cheiro de enxofre que o diabo exala. Fogem do confronto com gente que se escandaliza diante da barbárie. Que deseja paz em vez da guerra. Nós os conhecemos de sobra, no mandato de quatro anos durante os quais se adorou a chacina da Covid e os remédios ineficazes que enriqueciam os laboratórios farmacêuticos e não salvavam as vítimas da epidemia. A morte fez um estrago no decorrer de sua administração. Não espanta que sinta falta dela e olhe para Netanyahu, espumando de desejo de uma boa aliança. Na ausência de proposta melhor, temos a prova da comitiva que contactou nos Estados Unidos um político renegado, George Santos, brasileiro prestes a perder o mandato pelas mentiras que utilizou, e uma outra deputada, Marjore Taylor Green que propaga desinformação no país. Corajosa comitiva! Lá estavam Magno Malta, Eduardo Girão, Eduardo Bolsonaro, Nicolas Ferreira, Gustavo Geyer, entre outros, notáveis todos pela estultice da extrema direita. Conseguirão armar alguma coisa? Parece impossível. Nada além de gastar o dinheiro do Poder Legislativo e voltar de mãos abanando.

Não são personagens com a credibilidade necessária para assombrar a sociedade brasileira. Nos estranhos caminhos da política, frequentam o cenário norte-americano como se estivessem num parque de diversões, lamentando que, cá entre nós, sejamos tão diferentes. Que comam bem e se divirtam com a excursão. Mas não se esqueçam. No lado de cá do hemisfério, há eleitores que desejarão saber como andaram gastando o dinheiro deles...

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* Ronaldo Lima Lins é escritor e Professor Emérito da Faculdade de Letras da UFRJ.

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