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Léo Gomes

Secretario Municipal de Relações Institucionais, Prefeitura de Macaé-RJ. Jornalista e Publicitário.

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O xadrez de 2018

A queda de Doria que já era conhecida até entre quem não vivia o ambiente político, veio a tona pelo Datafolha. Ele comprovou que não é uma figura de identificação, ou melhor, que magnetize alguém, muito pelo contrário

O xadrez de 2018 (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
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A queda de Doria que já era conhecida até entre quem não vivia o ambiente político, veio a tona pelo Datafolha. Ele comprovou que não é uma figura de identificação, ou melhor, que magnetize alguém, muito pelo contrário. Doria pode ter fascinado, ou ainda envolver, com a postura de administrador (sic), uma família de instagram e um debochado adversário de Lula, porém, conduzir uma cidade não é tarefa literária ou de formação acadêmica, mas, de consciência social, o que (nele) falta. Possivelmente, será candidato pelo mofado DEM, partido que esta numa fase tão boa que até o nome quer trocar, e deve fazer água. Pelo PSDB já era. Abusou de ser reativo e plastificado. E, acima de tudo, por ser traidor teve que edificar muros. Dá a impressão de ser um ágil comunicador e memorizador brilhante, com uma equipe altamente conectada a dados e conceitos, só que neófita, arrogante e alguns o usaram para de vinganças. Caiu do cavalo! 

Alckmin usa a máquina estadual, de comunicação de massa e a política dos bastidores como poucos e será o candidato pelo PSDB. Tem uma postura mais reflexiva, experiente e politizada. Pode ser um candidato interessante, caso "o lado direito da Igreja Católica" novamente o apoie e se flexibilizar seu leque de alianças. Falam em PSB, mas, entendo que a grande cartada dele será além de mostrar a Doria como se faz um projeto nacional, sufocando-o em seu suéter, o apoio do establishment. Este, se dividirá entre ele (Alckmin) e o Novo. O ultrapassado, que na América Latina optou-se chamar de conservador, por aqui terá o nome de Novo. 

O Partido Novo, que é o PSOL do PSDB, se definirá entre Huck e Bernardinho, com o mesmo pessoal que desenhou o Plano Real (programa feito à época por 60 países) e tentará se autofinanciar dizendo que o problema da política são os políticos, mas, sem citar os problemas destes com Receita Federal, Ministério Público, entre outros. O Partido Novo vai tentar ser o porta voz do Moro. Se colar, colou. Se não colar, elege uns deputados para defender a burguesia brasileira que nunca leu Locke, se diz liberal, e acha que o inglês ianque é tão fantástico, que comparando as gramáticas, assusta. Como já dito por Suassuna, copo para eles é glass. Mas, glass é vidro. Então, um copo de vidro seria um glass de glass? 
Falando nisso, Suassuna já teve um "embate" em 99 com Ciro Gomes, sobre sua decisão de morar nos EUA. Hoje, quase 20 anos depois, Ciro é definitivamente o candidato mais preparado. Dono de um projeto político e econômico para o país, é reduzido pela grande midia por um "pavio curto", por ser exatamente o nome mais proeminente do cenário. Pode ter como aliada Marina Silva, o que seria a chapa mais formidável, afinal, ela atrairia um eleitorado que ele não tem penetração - o religioso - e daria gás a sua candidatura. Só não poderia andar em aviões sem caixa preta, pois, Marina tomaria sua vaga. Fora isso, Ciro tem um partido histórico e bem estabelecido e, por já ter perdido duas eleições e ficado outras duas pelo caminho nas indicações, construiu uma casca dura para esta caminhada só comparável a de Lula. 

O presidente Lula dispensa apresentações. Caso consiga registrar sua candidatura, o que já será um feito, deverá vencer as eleições, mas, dificilmente governará ou reordenará o país. Não só o PT, acima de tudo Lula, precisam conceber que o discurso esta velho. Não existe uma proposta nova, ou melhor, uma atitude nova de ambos. A manutenção de Lula acima dos 30% é algo fantástico, até pela campanha contrária, contudo, ainda é muito pouco para governar. Lula mantém apenas o mesmo patamar do PT em todas as eleições e sair dele com o mesmo discurso e práticas, o tal republicanismo, acho suicídio. Aliás, acredito que esse imobilismo petralha impulsionou o "fenômeno" Bolsonaro. E se agora quiserem freá-lo, só com o mesmo antídoto dado a Lula, que é inabilitá-lo. Caso contrário, é o favorito ao mesmo caminho de Lula. Não acredito nesse romance de que tempo de TV, demonstração de despreparo do discurso e ataques o farão naufragar. O eleitor do Bolsonaro é apaixonado e esta hipnotizado. Ele é o avesso do Doria. 
Na verdade, chegamos ao clímax do que Aécio Neves fez após perder em 2014. Ele não aceitou a derrota e como um garoto mimado começou a espalhar seu ranço de preconceito e despreparo. Jogou o Brasil no obscurantismo. Existe divisão de classes? Sim! Porém, estamos nos piores dos momentos em que a divisão, neste momento, é de pessoa para pessoa. 

Portanto, teremos nas eleições de 2018, esta que será apenas uma prévia, um xadrez "classemedista", jovem, judicial, apaixonado (artistico) e anárquico. Um xadrez de tribos. De lados, melhor dizendo. E é preciso perceber isso rápido. Afinal, em 2020 não teremos mais coligações proporcionais, (fim da eterna cantinela: partido menor mais chance de se eleger) teremos financiamento público, claúsula de barreira e distritão misto (será votado em 17/10), ou até mesmo um semiparlamentarismo, o que se pode dizer que serão as eleições para quem já tem mandato ou longas trajetórias de serviços prestados. 

Ou seja, esqueçamos a política da lista de cabo eleitoral a determinado preço. Mas, esqueçamos também a política do apolítico e da pejotização que também falece junto com Doria. A política continuará sendo um belo negócio só para os muito ricos (agronegócio, empreiteiras, saúde, comunicação, industria e religião), abaixo disso, uma luta de encantamento, tempo de casa e sobrevivência. Aliás, quem quer assinar um processo da administração pública? 
Logo, o xadrez eleitoral terá muitas vertentes, mas dois grandes lados. Se observamos nosso interior carregamos um pouco, ou muito, desses dois lados. Temos um momento juíz e temos um momento artista dentro de nós. E serão esses dois lados que estarão na berlinda. Quem souber mesclar, ou se entender e se resolver com isso, internamente, vence. Pois, o Brasil não esta cansado de políticos, esta cansado de farsas. Todas as pesquisas só mostraram isso. Só que a grande mídia não quis falar. As pessoas querem alguém como elas, pois, ninguém é uma personagem 24h. As pessoas precisam se ver e não bater palmas (likes). De fato, o Brasil é país que mais usa rede sociais na América Latina e o número dois em instagram no mundo. Mas, voltou a ter 4 milhões de pessoas na miséria e mais de 14 milhões desempregados. E isso é o maior paradoxo a ser refletido, sobretudo para as eleições. Ou seja, o prato de comida é mais importante que os nossos tolos videos efeito time-lapse com filtros Ludwig e Lo-Fi do instagram. 

Então, entre o juiz e o artista que habita em nós que prevaleça o que puder ressignificar o comprometimento com a ascensão social, a economia solidária e a liberdade individual (do que adianta essa ladainha de outubro rosa se você é contra o aborto?). 

Por fim, que lembremos Picasso, afinal: "...todas as criaturas nascem artistas. A dificuldade é continuar artista enquanto se cresce."
Em tempo: Somos todos Janaúba?

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