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Ricardo Cappelli

Ricardo Cappelli é secretário da representação do governo do Maranhão em Brasília e foi presidente da União Nacional dos Estudantes

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O xadrez do fim da novela Mandetta

"Jair conseguiu a proeza de transformar um político inexpressivo do DEM, que votou pelo impeachment de Dilma, ligado aos planos de saúde, no maior defensor do SUS, um quase novo Oswaldo Cruz. Uma proeza", escreve o jornalista Ricardo Cappelli sobre a demissão de Luiz Mandetta

Jair Bolsonaro e Luiz Henrique Mandetta (Foto: Reuters)
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1 – Um presidente visivelmente constrangido finalmente demitiu um ministro que sai forte, eufórico, sorrindo, feliz.  Mandetta, um inexpressivo ex-deputado do baixo clero, alcançou um nível de estrelato jamais imaginado por ele. E ainda deu um xeque-mate no Capitão. 

2 – Mandetta deitou e rolou, ditou o ritmo e definiu o momento de sua saída. A espiral da doença começou. Alguns estados já estão entrando no desespero com 100% dos leitos de UTI ocupados. O agora ex-ministro sai como herói, competente e antes da catástrofe que parece iminente. 

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3 – Jair conseguiu a proeza de transformar um político inexpressivo do DEM, que votou pelo impeachment de Dilma, ligado aos planos de saúde, no maior defensor do SUS, um quase novo Oswaldo Cruz. Uma proeza.

4 – Com Mandetta no ministério o Capitão tinha com quem dividir a conta dos óbitos. Agora chamou tudo pra si, integralmente. Não cabe mais apontar falha de gestão de ninguém. O Marechal resolveu comandar a linha de frente. A batalha ganha cada vez mais contornos de vida ou morte.

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5 - Do ponto de vista pragmático não havia outra saída para o presidente. Mandetta estava sangrando ele diariamente. Só existiam duas possibilidades. Bolsonaro mudar de posição ou demitir o ministro. Resolveu realizar o prejuízo, unificar o governo e manter sua aposta política arriscadíssima.

6 – Mais de metade das emendas parlamentares são destinadas para o Ministério da Saúde. É a pasta mais visitada por deputados e prefeitos. O novo ministro não sabe onde fica o Congresso Nacional. Nunca foi gestor público. Nada. Não conhece a máquina nem o seu funcionamento. Assume um jumbo no meio de uma guerra. Vai funcionar?

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7 – O que faz um oncologista e empresário assumir uma bola divida, com mais da metade do estádio xingando o time que lhe deu a camisa e sob uma tempestade histórica? Vaidade? Compromisso público? Afinidade ideológica? Que interesses moveram a indicação e o “sim”?

8 – Tudo indica que Bolsonaro decidiu anular o Ministério da Saúde. Não vai correr o risco de promover outra estrela que se rebele mais a frente. Escolheu um cabo para a missão. O protagonismo daqui pra frente deverá ser cada vez maior do general Braga Neto, sob as rédeas curtas do Capitão.

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9 – É cedo ainda para prever o destino de Mandetta. Virou um nome nacional, conhecido, meio caminho andado. Mas política exige exército e força material. A partir de amanhã ele sai dos holofotes. Vai para onde? Surfou muito bem na onda, mas é cedo ainda para afirmar que entrou na disputa pelo campeonato. O mais provável é se firmar com um nome em seu estado.

10 – Foi um embate basicamente entre a direita e a extrema-direita. Mandetta é do DEM. Bolsonaro atacou no seu pronunciamento Doria, do PSDB. O governador de São Paulo é o mais novo defensor da “vida acima de tudo”. O DEM virou o pai do SUS. Dividida e sem um rumo claro, a esquerda vai assistindo suas bandeiras, uma a uma, serem seqüestradas pela direita. “Loucura, loucura, loucura.”

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