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Ricardo Mezavila

Escritor, Pós-graduado em Ciência Política, com atuação nos movimentos sociais no Rio de Janeiro.

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Odeio militares e ditadores

Não há o que comemorar, a ditadura militar que teve início em 1964 e terminou, oficialmente, em 1985, foi o segundo pior período da recente história brasileira

(Foto: Reprodução)
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Quem tem a minha faixa etária, acima dos 59, pode lembrar o que foi a ditadura militar. Era difícil, para a garotada da década de 1960, identificar o que acontecia quando um comboio de carros verde-oliva passava em frente de casa, da escola, do ponto de ônibus. 

Os adultos da família, da vizinhança da periferia, sabiam o que estava acontecendo, porém eram intimidados e permaneciam calados, por ‘segurança’. O regime militar era cruel com a juventude, com operários, mas tinham prestígio com a imprensa que representava a classe dominante. 

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 1968, a campainha do apartamento toca e eu, com nove anos, abro a porta e dois grandalhões vestidos com capa cinza perguntam onde estão meus pais. Minha mãe que veio logo atrás de mim questiona o que eles queriam. Disseram que estavam procurando Juan Paredes, meu tio peruano, cunhado do meu pai, que estudava jornalismo na PUC e havia escrito um artigo contra a ditadura. 

Em reação à resposta negativa, os agentes do DOPS entraram na minha casa, abriram gavetas, armários, derrubaram a minha mesa de jogar botão, pisaram nas bonecas das minhas irmãs e saíram fazendo barulho com as botas molhadas pisando nos tacos de madeira. 

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Quando eles saíram ficou um silêncio, um vazio, um hiato dentro do apartamento. Atônitos, minha mãe, eu e minhas irmãs, ficamos tentando absorver o que havia acontecido. 

No dia seguinte meu pai, que chegou em casa depois da invasão, me levou para ver tanques de guerra em frente ao Colégio Federal Central do Brasil, no quarteirão em que morávamos, no Meier. 

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Dois anos depois, em 1970, a ditadura militar usou o prestígio da seleção brasileira de futebol para oprimir, perseguir, torturar e matar quem se colocava contra o regime. O presidente ditador, Emilio Garrastazu Médici, usou como ninguém o futebol para promover a ditadura. Frequentava estádios de futebol e palpitava sobre a convocação. 

Na escola, a sua foto estava por todo lado, na secretaria, na escada, nas salas de aula. Parecia um guru, um mestre ancestral que tudo sabia e a quem todos deviam obediência.  

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Veio a década de 1970 e a minha geração cresceu no paiol de pólvora da censura, da intolerância, da tortura. Ouvimos os apoiadores daqueles sombrios tempos dizendo que naquela época tinha menos violência e a educação era de qualidade etc. 

Com o apoio que os militares brasileiros receberam dos EUA, para entregarem parte da nossa riqueza, a mídia da época, como a Folha de São Paulo e O Globo,  sócia dos assassinos,  escondia os porões, os esgotos por onde as equipes militares circulavam arrastando e enterrando corpos de inocentes. 

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No início dos anos de 1980 a ditadura dava sinais de fraqueza, militares tentaram atos terroristas frustrados, como a bomba no Rio Centro que matou os próprios assassinos que acionaram a bomba; o presidente, general Figueiredo, o último ditador, dava declarações bizarras sobre qualquer coisa, virou caricatura de toda a corja de generais que mancharam a nossa história. 

Rapaziada, não há o que comemorar, a ditadura militar que teve início em 1964 e terminou, oficialmente, em 1985, foi o segundo pior período da recente história brasileira. Só não foi pior do que o mandato da cavalgadura bolsonarista, a múmia fecal, o quadrúpede, o apocalipse que o Brasil não merece. 

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