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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Óleo de vazamento pode ter sotaque nordestino

"Dois meses depois e tudo o que temos ouvido do governo sobre o vazamento de óleo nas praias do Nordeste são uma porção de 'talvez'", escreve a jornalista Denise Assis sobre a catástrofe ambiental que atinge o litoral nordestino. "A única certeza é a de que o óleo é venezuelano e, portanto, tem ideologia e escolheu as praias brasileiras por puro prazer e vingança"

(Foto: REUTERS / Diego Nigro)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia

Dois meses depois e tudo o que temos ouvido do governo sobre o vazamento de óleo nas praias do Nordeste são uma porção de “talvez”. A única certeza é a de que o óleo é venezuelano e, portanto, tem ideologia e escolheu as praias brasileiras por puro prazer e vingança. Tudo o mais, boia em um mar de incertezas que permitiram: omissão, lerdeza, decisões confusas, medidas imprecisas, timidez nas ações e enfileire-se aí o que mais for possível em termo de inoperância.

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A cada aparição de uma autoridade para discorrer sobre o assunto é acrescentado um ponto de interrogação e uma dose a mais de constrangimento, por parte dos que se apresentam diante da imprensa. Para mostrar trabalho, deslocam para o palco do acidente mais e mais reforços. Isto, como já foi dito, dois meses depois do ocorrido.   

No dia 30 de setembro, o portal oficial da Universidade Federal de Alagoas, (UFAL), divulgou matéria elaborada pela assessoria de Comunicação da universidade, dando conta dos resultados de uma pesquisa feita pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), que havia detectado por meio de satélites, “um padrão característico de manchas de óleo no oceano que pode explicar a origem da poluição no litoral do Nordeste.” O Laboratório é vinculado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Estranhamente, esta tese não foi nem sequer mencionada nas coletivas já concedidas depois desta data.

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De acordo com o texto divulgado pela Ascom da UFAL, “após três semanas de processamento de imagens do satélite Sentinel-1A, o pesquisador Humberto Barbosa, do Lapis, identificou na última segunda-feira (28) um enorme vazamento de óleo, em formato meia lua, com 55 km de extensão e 6 km de largura, a uma distância de 54 km da Costa do Nordeste. O local fica no Sul da Bahia, nas proximidades dos municípios de Itamaraju e Prado”. Próximo, portanto, das demais praias onde o vazamento tem tido reincidências.  

 “(...) – (Nesse mesmo dia 30, uma segunda-feira do mês de setembro) - “Tivemos um grande impacto, pois pela primeira vez, encontramos uma assinatura espacial diferenciada. Ela mostra que a origem do vazamento pode estar ocorrendo abaixo da superfície do mar. Com isso, levantamos a hipótese de que a poluição pode ter sido causada por um grande vazamento em minas de petróleo ou, pela sua localização, pode ter ocorrido até mesmo na região do Pré-Sal”, alerta Barbosa. Conforme o texto da assessoria da universidade.   

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É bom destacar, tal como fizeram os assessores, que “toda aquela região sedimentar, observada pelo pesquisador, está nas proximidades de áreas de exploração de petróleo, conforme mapeamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)”.  

Ora, às vésperas do que tem sido chamado pela mídia como o “mega leilão”, da cessão onerosa, em que o governo espera arrecadar R$ 106,5 bilhões em bônus de assinatura das petroleiras interessadas em explorar as reservas excedentes, não é de bom tom fazer marola. Desta forma, não é interessante para ninguém, admitir que nesses campos de exploração do pré-sal podem estar ocorrendo vazamentos ou que eles possam vira a ser mais problema do que solução para os compradores.  

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Há os que já comunicaram suas desistências dos campos próximos ao arquipélago de Abrolhos, para fugir do risco dos acidentes ambientais. Talvez por isto – incluo aqui o meu “talvez” - não haja pressa por parte do governo de elucidar a origem desse acidente. Primeiro, porque o óleo pode não ter sotaque venezuelano, o que já será vexaminoso, pois até então, como já consta acima, é a única certeza que eles dizem ter. Segundo, porque correm o risco de morrer com o mico na mão, vendo naufragar o tão sonhado “mega leilão”. E haja coletivas!  

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