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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Ônibus rumaram para Brasília visando a “Tomada pelo Povo” em 8 de janeiro de 2023 - Capítulo 3

"Eles não só embarcaram naqueles ônibus para uma viagem rumo a Brasília para a “Tomada pelo Povo”, mas também rumo ao submundo do golpe", escreve Denise Assis

Atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
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Tendo como objetivo a “tomada” do poder, lideranças do Movimento Brasileiro Verde e Amarelo (MBVA), ruma para Brasília, após o resultado da eleição de 2022.  Inconformados com a derrota para o candidato progressista, Luiz Inácio Lula da Silva, se articularam por redes sociais. São pessoas que detêm capital econômico e influência política em seus locais de atuação. Como ferramenta de mobilização, além das redes, contaram com o programa “Sucesso no Campo”, transmitido em TV aberta e em mídia social. O programa divulga líderes, pautas e convocações do grupo para manifestações.

Formado sobretudo por sojicultores do Centro-Oeste, naturais do Rio Grande do Sul, contam com as principais lideranças e fundadores do MBVA: Antônio Galvan (sojicultor em Sinop/MT, presidente da Aprosoja Brasil); Jeferson da Rocha (advogado em Florianópolis e porta-voz do grupo); Vitor Geraldo Gaiardo (sojicultor e presidente do Sindicato Rural de Jataí/GO); Humberto Falcão (sojicultor em Primavera do Leste/MT e proprietário de empresa de sementes); Luciano Jayme Guimarães (sojicultor em Rio Verde/GO e presidente do Sindicato Rural de Rio Verde) e José Alípio Fernandes da Silveira (sojicultor em Barreiras/BA e presidente da Andaterra). Todos os empresários bem-sucedidos e de muitos recursos, ligados ao agronegócio, embora ocupem, ainda assim, posições secundárias num setor decisivo para a balança comercial do Brasil. 

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O MBVA tem capital próprio e rede de contato com elevada capacidade de arrecadação de recursos. Desse modo, as lideranças do MBVA articularam diversos atos públicos de apoio ao ex-presidente Bolsonaro e em defesa de pautas antidemocráticas, como a intervenção militar. Para se ter noção do seu poder de mobilização, o movimento organizou atos em Brasília que contaram com deslocamento de máquinas agrícolas, caminhões e caravanas desde as suas áreas de influência. A partir da articulação da sua rede de contatos nas Aprosojas e nos sindicatos rurais, o grupo demandou e coordenou doações em suas bases. 

O ato denominado por eles de “Tomada pelo Povo”, convocado para 8 de janeiro de 2023, em Brasília, foi tentativa de reavivar o movimento de contestação do resultado eleitoral em curso desde o término da eleição presidencial em 30 de outubro de 2022. Para os dias 7, 8 e 9 de janeiro de 2023, foram organizados bloqueios de acessos a refinarias e bases de distribuição de combustíveis em todo o país, assim como caravanas com destino a Brasília, tendo como objetivo reverter tendência de esvaziamento do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército. 

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De acordo com a documentação das investigações desses episódios, por autoridades, “a partir do acampamento, os manifestantes planejaram dirigir-se à Esplanada dos Ministérios e declararam intenção de invadir o Congresso Nacional. Foram identificados os contratantes de 103 ônibus fretados que chegaram à capital entre 4 e 8 de janeiro de 2023, transportando 3.875 pessoas. Os indivíduos e organizações que contrataram mais de um veículo foram: Pedro Luiz Kurunczi (4); Marcelo Panho (2); Marcos Oliveira Queiroz (2) e Sindicato Rural de Castro (2)”.

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(Observem que o mapa em que aparece a localização dos contratantes foi confeccionado já no dia 10 de janeiro de 2023, pela Abin. O que demonstra agilidade nos trabalhos de investigação e apresentação de resultados).

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Os investigadores chamam a atenção para “a grande pulverização dos contratantes de fretados. “Foram observadas, nos últimos dias, diversas iniciativas de financiamento coletivo para as caravanas. No entanto, existem também indícios de contratação de múltiplos fretamentos de uma só vez, havendo disponibilização de transporte alegadamente gratuito a quem se dispusesse a viajar. Considerando esses fatores, é provável que diversos contratantes tenham sido utilizados como "laranjas" com objetivo de ocultar os verdadeiros financiadores das caravanas e dos manifestantes”.

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Logo abaixo vocês poderão conferir a listagem dos que contrataram ônibus para os atos golpistas por CNPJ. Da tabela constam também: razão social, CPF do contratante e vínculo com a empresa ou instituição. Foi apurado que 83 indivíduos contrataram 89 ônibus fretados por CNPJ: 

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A investigação ainda arregimentou uma listagem de 99 páginas, demonstrando nome a nome, com CPFs e origem de emissão do documento, quem foram essas pessoas que, vestidas com as cores verde e amarelo gritaram pelo retorno do controle militar do país e por uma ditadura que a maioria não viveu. Na verdade, o que buscavam era o fim da democracia, tendo à frente o ditador Jair Messias. Esse era o desejo. 

Nas 99 páginas – que não estarão aqui publicadas dado o volume de imagens que seria necessário reproduzir para exibir o documento completo -, com as listas de passageiros dos ônibus fretados, constam centenas de pessoas comuns: médicos, veterinários, vereadores, dentistas, professores, pequenos empresários... 

Eles não só embarcaram naqueles ônibus para uma viagem rumo a Brasília para a “Tomada pelo Povo”, mas também rumo ao submundo de uma tentativa de golpe e, dali, com as ações frustradas -, para o bem da democracia e do país -, para as prisões oficiais, de onde 30 já saíram condenados e centenas ainda aguardam julgamento.  Um ano depois, o Brasil ainda se recorda atordoado das imagens de terror vistas ao vivo, após o almoço de domingo. Escapamos por um triz. O Brasil segue sua história.

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