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He Zhang

Produtor Executivo na CGTN Newsgathering. Baseado em Pequim. Anteriormente correspondente em Londres.

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ONU 80: Um Chamado à Unidade contra o Unilateralismo

"Ações unilaterais há muito tempo atrapalham a cooperação global e impedem a solução de problemas internacionais críticos", escreve Zhang He

A 80ª Assembleia-Geral da ONU (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Há oitenta anos, após as devastadoras guerras mundiais, as nações se uniram para criar as Nações Unidas, abrindo um novo capítulo na governança global. Desde então, a ONU alcançou marcos importantes na promoção da cooperação internacional e na resposta a desafios globais. Contudo, hoje enfrenta dificuldades crescentes, à medida que potências priorizam ações unilaterais em detrimento da tomada de decisões coletivas. Essa guinada em direção ao unilateralismo corrói o sistema de governança global que antes se baseava na cooperação.

China e Estados Unidos são as duas maiores economias do mundo, respondendo por mais de 40% do PIB global. As diferenças em suas filosofias de governança têm impacto significativo sobre o rumo e as práticas da governança internacional.

Os Estados Unidos enfatizam uma “ordem internacional baseada em regras” que, na prática, serve principalmente aos seus próprios interesses. A política de “America First” prioriza objetivos nacionais nas relações internacionais, buscando garantir a dominância absoluta do país no sistema global por meio de ações unilaterais e medidas protecionistas. As guerras comerciais promovidas pelos EUA, ao impor tarifas e barreiras, prejudicaram a cooperação econômica mundial e dificultaram a construção de respostas coordenadas a desafios como a mudança climática e a inovação tecnológica.

A China, em contraste, defende uma ordem internacional mais equilibrada e cooperativa, fundamentada nos princípios de igualdade soberana e multilateralismo. Na Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) em Tianjin, o presidente Xi Jinping apresentou a Iniciativa de Governança Global, propondo uma estrutura mais justa e equitativa e avançando a visão de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade. A China também reafirmou seu compromisso em salvaguardar o sistema internacional centrado na ONU e em defender uma ordem baseada no direito internacional.

A demanda por reforma da governança global cresce, especialmente por parte do Brasil e de outros países em desenvolvimento, que buscam ampliar a voz do Sul Global em instituições internacionais-chave como a ONU. Para eles, a atual estrutura, dominada em grande medida por nações ocidentais desenvolvidas, carrega regras injustas. Sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil colocou esse tema como prioridade e, à frente da presidência do BRICS em 2025, pressiona por mudanças. Durante a cúpula do grupo no Rio de Janeiro, Lula destacou que o BRICS possui a “legitimidade necessária para liderar a reforma do sistema multilateral”.

Os mecanismos atuais de governança global precisam de reformas urgentes. Embora leve tempo para que a ONU e outras instituições internacionais respondam de maneira eficaz a esses desafios, a prioridade imediata é clara: unir-se contra o unilateralismo.

Ações unilaterais há muito tempo atrapalham a cooperação global e impedem a solução de problemas internacionais críticos. Apenas por meio da unidade a comunidade internacional poderá avançar rumo a uma ordem mais justa e equitativa, em que todas as nações, independentemente de seu tamanho ou força, tenham papel significativo na construção de soluções para desafios comuns.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.