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Giselle Mathias

Advogada em Brasília, integra a ABJD/DF e a RENAP – Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares e #partidA/DF

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Opressora intelectual

As opressões do patriarcado podem ser violentas ou sutis, mas todas possuem a mesma intenção: nos manter invisibilizadas e submissas ao ser masculino completo e racional

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A sociedade ocidental pouco consegue observar as estruturas naturalizadas do Patriarcado, principalmente, aqueles que possuem o privilégio de serem os machos da espécie humana.

Reações virão, falarão sobre suas opressões, as quais realmente existem. Começamos recentemente a falar sobre o “machismo tóxico”, e o quanto ele é opressor para o homem, pois impõem um comportamento, que muitos enquanto indivíduos não desejam ter, porque suavizaram e entenderam alguns aspectos prejudiciais do Patriarcado.

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Principalmente, no que se refere a questões de relacionamentos interpessoais.

Sim! 

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Os homens também sofrem opressões do Patriarcado, mas não podemos por isso ignorar o espaço de micropoder em que exercem sua opressão enquanto seres privilegiados, apenas por terem um pênis.

Dizem por aí que após a pílula a mulher se libertou, se tornou independente e que o patriarcado não mais a oprime com tanta intensidade.

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A pílula possibilitou o controle de natalidade (considerando que muitas mulheres são impedidas de usá-las), mas a liberdade sexual, a individualidade e o reconhecimento da inteireza da humanidade da mulher até os dias atuais são controlados por todos os meios culturais e comportamentais das sociedades, inclusive, a ocidental.

Não nego os avanços e conquistas das mulheres, mas ainda há muito para caminhar, correr, lutar, resistir, compreender e modificar para alcançarmos a igualdade entre os seres, sem os conceitos construídos no decorrer dos tempos e civilizações para classificar quem são humanos e quem são os sub-humanos passíveis de serem escravos, violentados e aos quais é negado o direito de existirem.

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Vivemos situações que não observamos como opressoras, pois sempre focamos nas questões econômicas e ignoramos o Direito de Existência de todo e qualquer indivíduo, não estamos atentas as sutilezas das opressões, algumas até encaramos como uma brincadeira ou uma piadinha, muitas vezes sem graça, mas não vemos essas opressões como elas são, mecanismos culturais e comportamentais destinados a nos invisibilizar, para nos curvarmos e subjugarmos à aqueles que detêm a existência completa do ser na sociedade patriarcal.

Os espaços em que vivemos estabelecem relações de micropoderes, as quais estão tão naturalizadas que não observamos as amarras e opressões do patriarcado. Acreditamos que conseguimos contorná-lo, mas não percebemos que o mantemos ao não reagir ou quando o ignoramos.

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Imaginem a situação: Uma reunião de trabalho entre sócios, todos com quotas iguais, uma relação de aparente igualdade, mas são dois homens e uma mulher. Os temas debatidos diziam respeito não só ao que havia sido produzido no período, mas também sobre questões administrativas e de gerenciamento da empresa.

No decorrer da reunião um dos sócios, o qual se auto intitulava como mediador, tenta mostrar-se impositivo a sócia com críticas ácidas a ela sobre questões que não se referiam ao trabalho e a sociedade.

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Incomodada com a situação e desconcertada com o que havia ocorrido, questionou seu sócio sobre a atitude que este tomara na reunião. A resposta dada foi que sua atitude era necessária porque ela é uma “Opressora Intelectual”, pois havia demonstrado maior preparo e conhecimento.

Talvez diante dessa situação essa mulher pudesse até se sentir lisonjeada, mas na verdade a situação foi a evidência do que é o patriarcado.

O homem incomodado com a demonstração de conhecimento, sentindo-se ferido em sua masculinidade de ser humano inteiro, plenamente racional, por perceber que uma mulher naquele momento se colocava como igual, também um ser humano inteiro e plenamente racional, sem ser a cuidadora, a meiga e sensível como é esperado do comportamento feminino.

As opressões do patriarcado podem ser violentas ou sutis, mas todas possuem a mesma intenção: nos manter invisibilizadas e submissas ao ser masculino completo e racional. 

Reconheço a dificuldade do ser masculino e as possíveis pressões para cumprirem o papel estabelecido pelo patriarcado, mas ainda assim ele será um ser privilegiado nas sociedades patriarcais, e observar essa questão é crucial para desconstruirmos esse modelo que desconsidera o Direito Humano de Existir, independentemente de qualquer qualificação ou modo de viver e sentir.

Não há liberdade para nenhum ser humano sem que haja igualdade e garantia do Direito de Existir plenamente a cada indivíduo.

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