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Rumba Gabriel

Fundador do Movimento Popular de Favelas, membro do PortalFavelas, jornalista, teólogo pós graduando jornalismo político e formando em Direito

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Os golpes baixos de uma luta desigual

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Artigo publicado originalmente no Portal Favelas

Sábado dia 9 de maio de 2020. Aproximadamente 5 horas da manhã. Acordávamos com o barulho do tiros. O juiz autorizava o início de uma luta desigual no Quilombo Jacarezinho. Todos conhecem as regras do "jogo", mas o adversário repressor ignora e aplica golpes baixos. Final da "luta", 5 mortos. Mas na coletiva foram anunciados dois!

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Na sequência dos rounds, gritos na Cidade de Deus. Um nome bem sugestivo, pois se Deus não estivesse ali, provavelmente não teríamos mais o Quilombo CDD. Outro golpe baixo. Um morto.

Sexta-Feira, 15 de maio de 2020. O último round da semana. Desta vez nos Quilombos do Complexo do Alemão, foram desferidos vários golpes baixos. Resultando em 12 mortes.  No sábado dia 9 de maio, quando a luta acontecia aqui no meu quilombo Jacarezinho citado acima, eu pedia ajuda aos órgãos do governo para retirar mais um corpo de um quilombola favelado morto pelo maldito vírus trazido por alguém da classe média chegado de viagem da Europa, da China ou dos USA. Golpe baixo!  Hoje, 15 de maio, sexta-feira, quando eu ajudava na organização para entrega de cestas básicas solidárias, ao mesmo tempo cuidava da retirada de mais um  corpo, desta vez de uma senhora vizinha tão boa para nós quanto a sua idade vítima da covid 19. Outro golpe baixo!

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Quantos golpes baixos mais teremos que suportar? Mas também pergunto até quando vamos respeitar as regras deste jogo sujo? 

Apelei para poesia, para música
Não dá mais pra segurar, explode coração

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Procurei um canto qualquer do meu bangalô no mais triste canto da cidade favela,  para que a minha filha e esposa não me vissem chorar.
Recuei no tempo, fui parar em 1937. Fechei os olhos e vi o Max Bulhões autor da música
Não Tenho Lágrimas e ao mesmo tempo ouvi Patrício Teixeira cantar:
Quero chorar não tenho lágrimas que me molhe nas faces pra me socorrer
Se eu chorasse talvez desabafasse. 

O que eu sinto no peito e não posso dizer Só porque não sei chorar, vivo triste a sofrer Estou certo que isso não tem nenhum valor A lágrima sentida é o retrato de uma dor O destino assim quis de mim se separar eu quero chorar não posso Vivo a lhe implorar.  Mas quilombolas, implorar só a Deus porque quem sabe faz a hora. Não espera acontecer!

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