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Nívea Carpes

Doutora em Ciência Política e mestre em Antropologia Social

27 artigos

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Os meninos do carpete prenderam Lula e o progresso do Brasil

Liminar da ONU em favor de Lula suspende efeitos da Lei da Ficha Limpa (Foto: Ricardo Stuckert)
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A gurizada que joga bolita no carpete tomou conta do sistema de justiça brasileiro. Sustentados em boas escolas, pré-vestibular, formação para promotores e magistrados e eles chegam lá – muito nescau com bolachinha no quarto da Bela Adormecida e eles chegam lá! 

Eles acreditam ser especiais, que pode fazer a limpeza, ser baluartes da moralidade limpa e cheirosa do condomínio fechado. Eles odeiam pobres e os querem bem longe. No fundo, não passam das ferramentas da classe média sempre utilizadas pelas elites para fazer a barreira mesquinha e seletiva contra os pobres.

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Não é novidade que o judiciário brasileiro é injusto, um lugar adequado para os meninos arrogantes do carpete, que não são educados para serem solidários, cooperativos e para terem compaixão. Eles são alheios ao mundo para além do seu meio e cheios de sua falsa dignidade, são essenciais para fazer o serviço sujo que impede a justiça aos pobres. Com esses agentes, as formas de dominação e exercício de poder são sempre avalizadas na prática judicial. 

O judiciário apoiou a escravidão, concordava que negro não era gente, justiça bem conhecida dos negros. Olga Benário, grávida, foi entregue para a Alemanha, para ser morta num campo de concentração. O “Anjo da Morte”, Josef Mengele, foi abrigado pela justiça brasileira sem ser extraditado. São os requintes de frieza dos eleitos, adornados pelo latim. Uma desconexão total de valores humanos e ausência de compaixão, o modus operandi do judiciário brasileiro. 

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O que se pode esperar de uma instituição que nunca se posicionou contra poderes arbitrários de forças hegemônicas e sem um processo de ajuste à democracia?

O judiciário é uma instituição classista, não é por acaso que famílias desenvolvem carreiras e histórias de gerações lá dentro – o mesmo pessoal dos condomínios fechados. Os espaços de poder são nichos de classes onde elas se perpetuam e fazem reproduzir a sua existência. Essa lógica os empodera, fazendo o cordão que permite que as elites se sirvam das riquezas nacionais e dos recursos do Estado. 

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A estrutura social se perpetua pela eficiência de mecanismos de opressão de classe. A opressão é psicológica, é mental, é moral e é física. Da mesma forma que os meninos do carpete foram incentivados ao longo de suas vidas a assumir o papel de moralistas justiceiros. Também os oprimidos são conformados a suas estreitas opções, de forma que não se sintam encorajados a se alçar a espaços de poder.

O judiciário faz justiça para os ricos sentado em processos, concorrendo para que prescrevam prazos e absolvendo por falta de provas, mesmo havendo muitas provas. Quem não lembra de malas de dinheiro, fotos, gravações, filmagens, contas no exterior e Panamá papers? Essas provas não foram suficientes para manter nenhum dos envolvidos presos. Agraciados por essa justiça tem sido Aécio, Padilha, Serra, Temer, Moreira Franco, Rocha Loures, e tantos outros. Enquanto os presídios estão lotados de pobres com prisões preventivas e provisórias.

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Lula é a vítima da vez porque interfere nos planos da elite brasileira, que é uma elite entreguista, uma elite antinacionalista, uma elite desvinculada da origem e sem apreço por seu povo. Lula é perigoso para as elites porque estimula a autoestima do povo e deu condições para que as pessoas assumissem a sua estória e seu futuro, principalmente através do acesso à educação. Lula, mesmo isolado, organiza o discurso das lutas populares e constrói um sentido para a luta social.

Prender Lula não dizia respeito somente a impedir sua atuação como líder reconhecido. Prender Lula representava interromper um projeto de progresso com inclusão social, protegendo o patrimônio nacional, impedindo que os interesses internacionais se sirvam do Brasil e de seu povo. Impedir Lula era contrapor-se a um modelo de Brasil que trouxe mudanças estruturais para o país. O Brasil saiu da 13ª posição no ranking mundial de economias e foi para a 6ª; o IDH saiu de 0,649 para 0,744; o Bolsa Família retirou milhões de pessoas da fome; pessoas ascenderam da pobreza para a classe média com trabalho formal; o índice de GINI foi de 58,6 para 52,9; aumento real de 80% sobre o salário mínimo; 26,3 milhões de pessoas deixaram de viver abaixo da linha da pobreza; ampliação das formas de acesso à universidade; investimento em escolas para primeira infância; investimento em ciência e tecnologia; bolsas para pós-graduação, apenas para ficarmos em alguns exemplos.

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Por tudo que os governos do Partido dos Trabalhadores avançaram em termos sociais, pelo abalo gerado no preconceito de classes pela ascensão dos pobres, pela repulsa ao aumento da competição por espaços de mobilidade social e pela insatisfação das elites por não terem as portas abertas para tomarem as riquezas, tendo que aceitar o que ocorria, mobilizou-se a mediocridade dos que se satisfazem da diferença. Mexer na estrutura social clássica da sociedade brasileira agitou os demônios escravagistas, um dos demônios é a instituição judiciária punitivista e revanchista que se honra no servilismo à burguesia.

A classe média entusiasmada pela meritocracia, pela arrogância dos “merecedores” e pela deficiência intelectual programada acionou o poder de sua ira ao encontrar na destruição do PT a forma para colocar as coisas de volta aos seus supostos lugares. Mesmo que a justiça se faça à revelia das leis, mesmo que o jogo seja sujo, os fins justificam os meios. Portanto, não se trata de fazer justiça, mas de recolocar a sociedade em uma posição que pareça adequada às elites e à classe média xucra.

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Por tudo isso, não causa espanto os diálogos publicados pelo The Intercept sobre os métodos arbitrários e inquisitórios da gurizada, utilizados pela Lava Jato, uma operação coordenada pelo juiz que deveria julgar o caso. Sérgio Moro abriu a porta, puxou a cadeira, pegou o pedido, correu na cozinha e preparou o prato, serviu e cobrou a conta – assim é a justiça injusta e comprometida com um resultado que desrespeita todos os ritos do processo, inclusive o papel do Ministério Público.

É claro que aqueles que esperavam na praça para ver a cabeça empalada não estavam interessados na forma do processo, na garantia do devido processo legal, no direito ao contraditório, na imparcialidade do juiz, na perfeita forma da acusação e no direito à defesa. Não, eles não estão enganados, os falsos moralistas do Brasil têm sérios problemas com a moral e a ética. Eles entenderam e concordam que vale tudo, eles resolvem suas vidas mal resolvidas apoiando justiçamentos. Continuamos em guerra!

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