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Maria Luiza Franco Busse

Jornalista há 47 anos e Semiologa. Professora Universitária aposentada. Graduada em História, Mestre e Doutora em Semiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com dissertação sobre texto jornalístico e tese sobre a China. Pós-doutora em Comunicação e Cultura, também pela UFRJ,com trabalho sobre comunicação e política na China

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Os militares que sempre vou amar

“Somos muitos, muitos mil, para continuar Abril”, foi uma das palavras-de-ordem que ecoaram por cantos de Portugal pelos 50 anos da Revolução dos Cravos

(Foto: Reuters)
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“Somos muitos, muitos mil, para continuar Abril”, foi uma das fortes palavras-de-ordem que ecoaram por tantos cantos de Portugal nos festejos pelos 50 anos da Revolução dos Cravos, que botou fim aos 48 anos do fascismo que prendeu, arrebentou, matou, e jogou o país na dependência, miséria e analfabetismo.

Desde aquela manhã do dia 25, em que os tanques e blindados tomaram as ruas da capital dirigidos por jovens capitães nacionalistas e internacionalistas, os alfacinhas lisboetas não viam tanta energia compartilhada em defesa dos valores de Abril. Eram alegria e potência no gosto imenso de vitória para lembrar e comemorar.

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O que se viu foi um mar de gente descendo a Avenida Liberdade, a seguir na contramão das lágrimas que salgaram o mar cantado em verso pelo poeta maior dos lusitanos. As vozes afirmavam “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais” ao longo do percurso de 01(hum) quilometro que liga a Praça Marques de Pombal ao Rossio, distancia pouca em dias normais, mas sem fim pelo ainda controverso calculo se eram 600 mil, 700 mil ou cerca de 1 milhão.

Era a resposta contundente, o não rotundo à ascensão do fascismo expressa no partido de extrema direita que pulou de um para 12 deputados na recente eleição para o parlamento. A essa situação, afora a efeméride, é atribuída a presença massiva do povo de todas as idades e semelhantes, nesse caso bem representado no pequeno cãozinho de raça misturada que, solene, desfilava com a plaquinha “mordo facho”.

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A comemoração da vitória contra o fascismo também foi celebrada em outras cidades, vilas e aldeias, em atos que afirmaram a importância de uma revolução e de militares para a democracia. Os portugueses reconhecem a diferença entre golpe militar e revolução a partir de militares para o estabelecimento de governos populares, soberanos e anti-imperialistas, como ocorreu na Venezuela.

No Brasil deste 2024, coube aos progressistas e à esquerda lembrar a derrota da democracia e descomemorar os 60 anos do golpe militar de 1964 que durou 21 anos no efetivo e segue marcando presença. Exemplo é a sempre protelada inclusão no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria do nome de João Candido Felisberto, o marinheiro líder na Revolta da Chibata, conhecido como o Almirante Negro cantado na música de João Bosco e Aldir Blanc.

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João Candido morreu em 2019, aos 89 anos. Em 2021, a Comissão de Educação e Cultura do Senado aprovou a inscrição de seu nome no panteão dos Heróis e Heroínas, mas a Marinha vetou. Enquanto o setor reacionário das armas e da sociedade se opõem ao reconhecimento, o grande militar que amava a Marinha e entendia a importância das forças armadas para a garantia do país soberano com seu povo ativo e altivo, vem recebendo as homenagens da cultura popular. Em 1952, João Candido foi o enredo "Um Herói, Um Enredo, uma Canção" da escola de samba União da Ilha do Governador, do Rio de Janeiro. Em 2003, a paulistana Camisa Verde e Branco prestou a devida continência com o enredo "A Revolta da Chibata. Luta, Coragem e Bravura! João Cândido, um sonho de Liberdade!". Em 2010, a Metropolitana, de Santos, trouxe “João Cândido - O Dragão do Mar", enredo reeditado em 2017. No mesmo ano, a Renascer de Jacarepaguá, do Rio de Janeiro, ficcionou o encontro entre o marinheiro e a poetisa pobre e favelada Carolina Maria de Jesus no enredo "O papel e o mar". E neste ano de 2024, o mundo pode conhecer a nobreza de João Candido na Passarela carioca da Marques de Sapucaí, o altar do carnaval, contada pela Paraiso do Tuiuti no enredo Glória ao Almirante Negro!”

Nos desfiles de Portugal e do Brasil, o marinheiro e os capitães estão sempre a inspirar a defesa dos valores do Abril.

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