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Washington Araújo

Mestre em Cinema, psicanalista, jornalista e conferencista, é autor de 19 livros publicados em diversos países. Professor de Comunicação, Sociologia, Geopolítica e Ética, tem mais de duas décadas de experiência na Secretaria-Geral da Mesa do Senado Federal. Especialista em IA, redes sociais e cultura global, atua na reflexão crítica sobre políticas públicas e direitos humanos. Produz o Podcast 1844 no Spotify e edita o site palavrafilmada.com.

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Os perigos de uma mente sob pressão: saúde mental e decisões de alto impacto

Decisões impulsivas de Trump geram tensões globais e levantam preocupações sobre sua saúde mental e impacto político.

Presidente dos EUA, Donald Trump, no Capitólio, em Washington (Foto: REUTERS/Ken Cedeno)

A liderança de uma nação carrega o peso de decisões que reverberam globalmente. Quando a saúde mental de um líder é questionada, o mundo observa com apreensão. A mente humana, epicentro do julgamento e da razão, é um instrumento delicado. Uma mente bem treinada e saudável é essencial para escolhas equilibradas, especialmente em líderes cujas decisões moldam políticas, economias e relações internacionais. 

Alterações cognitivas, como confusão mental ou dificuldades de concentração, podem comprometer o livre-arbítrio, levando a escolhas impulsivas ou desconexas, que desestabilizam o tecido político e social. Um líder com clareza mental avalia cenários com lógica, pondera consequências e resiste a impulsos. Já a confusão mental pode obscurecer o discernimento, reduzindo a capacidade de exercer o livre-arbítrio de forma plena, com impactos que transcendem fronteiras.

A saúde mental de líderes globais é um tema sensível, pois decisões erráticas podem desencadear crises.

A seguir, analiso na dupla condição de jornalista e psicanalista, eventos de 2025 em ordem cronológica, destacando como a saúde mental e física pode influenciar decisões controversas do presidente Donald Trump, com ênfase na intromissão no Brasil, pretensões sobre a Groenlândia, cortes a universidades, deportações e a saída da OMS.

21 de janeiro de 2025: Tarifas e emergência na fronteira
No dia da posse, Trump declarou uma emergência nacional na fronteira com o México, citando tráfico de drogas e imigração ilegal, e anunciou tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá, efetivadas em 1º de fevereiro. “Vamos proteger nossa economia e fronteiras com tarifas justas!”, proclamou, conforme a BBC

A decisão sugere impulsividade sob pressão política, segundo o The Guardian. Claudia Sheinbaum reagiu: “Essas tarifas são injustas e desestabilizam a região”, segundo a Reuters. Justin Trudeau alertou: “A cooperação econômica está em risco”, conforme o The Globe and Mail

Desde 21 de janeiro, cerca de 140.000 pessoas foram deportadas, conforme a The New York Times, embora estimativas independentes apontem 70.000, com operações em cidades-santuário, segundo a Migration Policy Institute. A escala das deportações pode refletir estresse decisório, segundo a BBC.

21 de janeiro de 2025: Saída da Organização Mundial da Saúde
Trump assinou uma ordem executiva iniciando a retirada dos EUA da OMS, alegando má condução da pandemia de COVID-19 e influência da China. “A OMS nos enganou, e ninguém explorará os EUA!”, declarou, conforme a Reuters.

 Lawrence Gostin, da Georgetown University, afirmou: “Este é o dia mais sombrio para a saúde global”, segundo a The Guardian. A OMS destacou que a colaboração com os EUA salvou “inúmeras vidas”, conforme a CNN

A decisão, tomada no primeiro dia, sugere sobrecarga mental, segundo o Financial Times. A saída exige um ano de aviso, e ações legais estão em curso, conforme a The Guardian.

25 de janeiro de 2025: Retomada do Canal do Panamá
Trump propôs retomar o controle do Canal do Panamá, desafiando tratados de 1977. “O Canal é nosso, construído com sangue americano!”, declarou no Truth Social, segundo o Washington Post

A proposta, tão inusitada, pode indicar dificuldade em gerenciar pressões diplomáticas, conforme a BBC.

 José Raúl Mulino respondeu: “O Canal é um símbolo inegociável de nossa soberania”, segundo a EFE. A OEA condenou a proposta, e protestos no Panamá denunciaram “imperialismo”, conforme a Reuters.

28 de janeiro de 2025: Interesse na Groenlândia
Trump anunciou a intenção de negociar a compra da Groenlândia, citando interesses estratégicos. “A Groenlândia é essencial para a segurança e domínio econômico no Ártico!”, afirmou, segundo a Reuters

Mette Frederiksen rejeitou: “A Groenlândia não está à venda. É uma afronta à nossa soberania”, conforme a BBC

A proposta, que ecoa 2019, pode refletir busca por impacto midiático sob pressão, segundo a Al Jazeera.

5 de fevereiro de 2025: Ameaça à OTAN
Trump ameaçou cortar o financiamento à OTAN, alegando que aliados “não pagam o suficiente”. “Que a Europa se defenda sozinha!”, declarou, segundo o Washington Post

Jens Stoltenberg alertou: “A unidade da OTAN é essencial”, segundo a Reuters. Emmanuel Macron afirmou: “A estabilidade transatlântica depende de liderança racional”, conforme o Le Monde.

10 de fevereiro de 2025: Renomeação do Golfo do México
Trump propôs renomear o Golfo do México como “Golfo da América”. “Vamos honrar nossa nação!”, afirmou no Truth Social, segundo a BBC

Juan Ramón de la Fuente declarou: “O Golfo é parte de nossa história compartilhada”, conforme a Reuters. (Mesmo assim, poucos dias depois o Google se apressou em atualizar em seu aplicativo de mapas o nome para Golfo da América!)

A proposta pode indicar busca por validação sob estresse, segundo a Al Jazeera.

26 de fevereiro de 2025: Confronto com Zelenskyy
Trump confrontou Volodymyr Zelenskyy, criticando a guerra na Ucrânia. “Resolvam isso rápido ou não terão nosso dinheiro!”, exclamou, e continuou no bate-boca televisionado do salão oval afirmando “O senhor não tem as cartas. Se continuar com essa guerra vai perder o país inteiro!” segundo o The New York Times

Volodmir Zelenskyy respondeu: “A Ucrânia luta pelasua sobrevivência”, conforme a Reuters

O tom sugere dificuldade em gerenciar tensões, conforme o The Guardian.

28 de fevereiro de 2025: Projeto turístico em Gaza
Trump propôs transformar Gaza em um destino turístico. “Gaza será o novo Dubai!”, disse, segundo a Al Jazeera

Tor Wennesland, da ONU, afirmou: “É inaceitável propor turismo em meio à catástrofe”, segundo a Reuters

A proposta sugere desconexão sob pressão, conforme a BBC.

10 de março de 2025: Tarifas à China
Trump elevou tarifas sobre produtos chineses para 145%, reduzidas para 30% em 12 de maio. “Estamos vencendo a China!”, postou, segundo o The New York Times

Lin Jian alertou: “Essas tarifas prejudicam a todos”, conforme a Reuters

A volatilidade pode refletir impulsividade, segundo o Financial Times.

2 de abril de 2025: Anexação do Canadá
Trump sugeriu anexar o Canadá como “51º estado”. “O Canadá será mais forte conosco!”, disse à Fox News, segundo a Reuters.

JustinTrudeau respondeu: “O Canadá é soberano, e isso é absurdo. Jamais seremos parte dos Estados Unidos!”, conforme o CBC.

15 de abril de 2025: Proposta sobre a Groenlândia
Trump reiterou, após a proposta de 28 de janeiro de 2025, a intenção de adquirir a Groenlândia, sugerindo “acordos de soberania compartilhada”. “A Groenlândia pode ser o futuro da América no Ártico!”, declarou no Truth Social, segundo o The New York Times

Lars Løkke Rasmussen afirmou: “A soberania da Groenlândia é inegociável”, conforme a Al Jazeera

A insistência pode indicar dificuldade em lidar com frustrações, segundo o Financial Times.

22 de maio de 2025: Confronto com Ramaphosa
Trump apresentou um vídeo falso sobre perseguição na África do Sul, usando imagens do Congo. “Expondo a verdade!”, disse, segundo o Washington Post.

 Ramaphosa rebateu: “Essa desinformação insulta nossa democracia”, conforme a Al Jazeera

A manipulação sugere estresse cognitivo, segundo a Reuters.

4 de junho de 2025: Corte de financiamento a universidades
Trump suspendeu o financiamento federal para Harvard e outras universidades, alegando “ideologias antiamericanas”. “Não financiaremos universidades que ensinam ódio à América!”, afirmou, segundo o The New York Times

Leo Gerdén, ex-aluno, chamou a medida de “ultrajante”, conforme a The New York Times. Harvard prometeu ações judiciais, conforme a Reuters

A decisão pode refletir impulsividade, segundo a BBC.

1º de julho de 2025: Disputa com Saoirse Ronan
Trump ameaçou revogar a cidadania de Saoirse Ronan por críticas migratórias. “Se não ama a América, que fique na Irlanda!”, postou, segundo o The New York Times.

 Ronan respondeu: “Defendo a justiça, e ameaças não me silenciarão”, conforme o The Guardian.

6 de julho de 2025: Tarifas ao BRICS
No encontro do BRICS no Rio, Trump ameaçou tarifas de 10% contra o bloco por uma moeda alternativa. “Ninguém substituirá o dólar!”, afirmou, segundo a Reuters

Lula respondeu: “O Brasil não aceita ameaças”, conforme a mídia brasileira. Ramaphosa disse: “Defenderemos nossa soberania econômica”, segundo a BBC.

9 de julho de 2025: Tarifas ao Brasil
Trump anunciou tarifas de 50% contra o Brasil, em defesa de Jair Bolsonaro, acusado de tentar um golpe em 2022. “O Brasil promove uma caça às bruxas contra um grande líder! O Judiciário deve parar a ação penal imediatamente!”, escreveu no Truth Social, segundo o The New York Times

Lula retrucou: “O Brasil é uma democracia soberana e não aceita tutela externa”, conforme a Folha de S.Paulo. Alexandre de Moraes afirmou: “A justiça brasileira é independente”, segundo o Estadão

A tarifa, contradizendo um superávit americano de US$ 7,4 bilhões, sugere alianças pessoais sob estresse, segundo o Financial Times.

Foram apenas informações desencontradas ou sinais evidentes de confusão mental? Essa é uma dúvida razoável.

14 de julho de 2025: Tarifas à Rússia
Trump ameaçou tarifas de 100% à Rússia por um acordo de paz com a Ucrânia. “A Rússia vai pagar caro!”, disse à CNN, segundo a Reuters. Dmitry Peskov respondeu: “Não negociamos sob chantagem”, segundo a TASS.

15 de julho de 2025: Investigação de semicondutores
Trump ordenou investigar importações de semicondutores, mirando Taiwan. “Vamos trazer os chips de volta!”, afirmou, segundo o The New York Times. Tsai Ing-wen alertou: “A cooperação global é essencial”, conforme a Reuters.

17 de julho de 2025: Saúde de Trump
A Casa Branca informou que Trump, aos 79 anos, foi diagnosticado com insuficiência venosa crônica após exames no Walter Reed, motivados por inchaço nas pernas. A ultrassonografia descartou trombose, mas a condição causa dor, inchaço e, em casos graves, úlceras. 

“Estou mais forte do que nunca!”, declarou Trump, conforme a BBC. Especialistas, citados pelo The Guardian, observaram que a condição exige monitoramento, podendo agravar estresse físico e mental. 

A Reuters relatou que a limitação de mobilidade pode intensificar a pressão psicológica, aumentando o risco de impulsividade.


As decisões erráticas de Trump, influenciadas por pressões psicológicas e de saúde, como a insuficiência venosa crônica, ameaçam a estabilidade global. A intromissão no Brasil, as pretensões sobre a Groenlândia, os cortes a universidades e as deportações em massa exemplificam como estresse e condições de saúde podem distorcer prioridades. 

A clareza mental é uma salvaguarda contra o caos, e sua ausência pode precipitar crises. A comunidade internacional deve promover cooperação e racionalidade. Mas o que temos é o exato oposto. Com certeza 2025 entra na história como o ano em que ninguém morrerá de tédio. E estamos apenas na metade do ano. Ufa!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.