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Helena Chagas

Helena Chagas é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia

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Os policiais são mais iguais do que os professores?

"Se houve exceção para os policiais, por que não para os professores?", questiona a jornalista Helena Chagas sobre o acordo entre o Centrão e o governo, que prevê regras mais brandas para aposentadoria de policiais; "A oposição deverá apresentar um justo destaque para votação em separado restaurando as atuais condições de aposentadoria para os professores"

Os policiais são mais iguais do que os professores?

Por Helena Chagas, no Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia 

Os líderes do Centrão na Câmara fecharam há pouco um acordo para dar regras mais brandas de aposentadoria a policiais federais, rodoviários, seguranças do Congresso e agentes penitenciários. Com isso, eles passam a ter idade mínima de aposentadoria de 53 anos (homens) e 52 anos (mulheres) e uma transição com pedágio de 100% sobre o tempo que falta para a aposentadoria. Os policiais são, até agora, a única categoria que conseguiu condições privilegiadas na reforma da Previdência que está sendo votada – talvez por terem um lobista poderoso, o presidente Jair Bolsonaro.

Essa mesma proposta, patrocinada por Bolsonaro, fora recusada pelos próprios policiais na semana passada. Entre isso ou nada, parecem ter concordado. É possível que, até o final da votação, passem à história como a segunda categoria mais privilegiada da reforma. A primeira é a dos militares, que nem entraram e estão tendo sua situação regulada em projeto à parte.

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O problema da divulgação dessa concessão do Centrão aos policiais, porém, será seu efeito em plenário. Ainda que o governo – na verdade, Rodrigo Maia e o Centrão – venha, desde ontem derrotando todos os requerimentos de obstrução da oposição por uma margem razoável de mais de vinte votos, indicando que a reforma será aprovada, há risco de aprovação de benefícios para outras categorias.

Se houve exceção para os policiais, por que não para os professores? A oposição deverá apresentar um justo destaque para votação em separado restaurando as atuais condições de aposentadoria para os professores. De todos os que serão apresentados, é o que tem mais chances de emplacar nas horas e dias de votação que a Câmara ainda terá pela frente. Parlamentares e juristas dizem que todos são iguais perante a lei, mas parece que não é bem assim. Quem sabe os deputados não resolvem mostrar que os policiais não são mais iguais do que os professores?

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* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.