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Miguel do Rosário

Jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje

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Os sádicos se regozijam

Ao apelar para este sensacionalismo sádico e derrotista, a mídia brasileira revela seu desequilíbrio emocional. O mesmo que fez a seleção fazer um jogo tão feio

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(originalmente publicado no Cafezinho)

Dá até medo pensar nas manchetes e nos editoriais de nossos jornalões. Todo o ódio que mantiveram represado nas últimas semanas, por conta da alegria avassaladora dos brasileiros, voltou com força total.

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Vergonha! Vexame! Humilhação! Dizem as manchetes.

Há anos não víamos fontes tão garrafais.

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Exatamente os sentimentos que eles querem impor ao povo.

Nenhum esforço para aliviar as dores da nação, para levantar o astral.

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Sadismo puro e exclusivo!

Que ridículo!

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É como se eles quisessem se vingar da alegria que sentimos.

“Vocês vão pagar pela esperança que tiveram na seleção! Vão pagar por essa alegria criminosa que alimentaram!”, é o que dizem essas manchetes loucas.

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Quando a Petrobrás anuncia o recorde de 500 mil barris diários apenas no pré-sal, a notícia vem escondida no miolo dos jornais, sem chamada na capa. Sem manchetes, sem editoriais.

Quando a seleção brasileira perde um jogo, é isso que vemos.

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Agindo assim, porém, eles apenas revelam o seu conhecido sadismo. Só estão satisfeitos quando acham que podem humilhar o povo.

Só que o povo é mais inteligente do que eles pensam. A alegria do futebol é um encantamento lúdico. Uma emoção passageira.

A Copa está pertinho do final agora. Só restam três jogos. Em alguns dias, tudo terá terminado.

Mas fizemos a nossa parte. Como outros países do mundo (Alemanha, África do Sul, Coréia do Sul & Japão), sediamos uma Copa, e conseguimos divulgar uma excelente imagem do nosso país.

O retorno em turismo, em negócios, ou simplesmente em troca de experiências, é incalculável.

Até mesmo a derrota da seleção foi uma experiência que tínhamos que viver. Para entendermos melhor o papel da emoção em nossas vidas, por exemplo.

Para compreender o tamanho dos desafios que temos pela frente.

O futebol é uma grande brincadeira, e mesmo assim a gente põe o coração nele.

A vida, porém, não é uma brincadeira. É um jogo de vida e morte, que os brasileiros jogam todos os dias, trabalhando duro.

Pela mesma razão, a felicidade que a vida nos traz, através da família, do amor, da arte, do trabalho, tem muito mais profundidade que a inocente alegria de uma vitória de seu time ou da seleção.

A seleção brasileira sofreu uma derrota histórica no futebol.

Mas o povo brasileiro experimenta uma vitória igualmente histórica. Nos últimos 12 anos, a evolução do nosso país foi muito mais grandiosa do que qualquer desempenho futebolístico.

Ainda há muito o que realizar, naturalmente.

Enfrentaremos ainda muitos percalços no caminho. Cada um deles, porém, servirá para nos fazer mais fortes e mais conscientes.

Esses que aí estão, se regozijando com a tristeza de um povo, tentando espezinhá-lo ao invés de consolá-lo. Falando em humilhação, vexame e vergonha, quando o bom senso pede apenas serenidade. Esses aí mais uma vez mostram de que lado estão.

É até uma piada achar que estão tristes com a derrota da seleção.

Querem apenas enfraquecer o povo, diminuir sua alegria, deixá-lo triste, com ódio, para que reaja apenas com suas emoções baixas, não com seu bom senso.

São verdadeiros abutres, esperando ver o povo prostrar-se, deprimido, no chão, para lhe comer os olhos.

Será engraçado, todavia, ver suas caras quando o povo conscientizar-se do que acontece, e responder-lhes não com o mesmo gesto de raiva deles, mas com um sorriso maroto.

Um sorriso de quem conhece seus opressores há séculos, quiçá há milênios. E sente aquela comichão no estômago pela perspectiva de vê-lo, o opressor, perdendo a orgulhosa serenidade que o caracterizava.

Ao apelar para este sensacionalismo sádico e derrotista, a mídia brasileira revela seu desequilíbrio emocional. O mesmo que fez a seleção fazer um jogo tão feio.

Ou melhor, não o mesmo, porque não é o desequilíbrio de quem fica nervoso, sob pressão, mas o desequilíbrio que nasce da mais louca arrogância.

Então a gente ganha a partida. E se não ganhar, não tem importância. A gente joga de novo, indefinidamente, porque a única luta que se perde, como diziam os anarquistas, é aquela que se abandona!

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