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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Os ventos sopram a favor da esquerda

Nem sempre foi assim. Não faz muito tempo, o consenso favorecia a direita

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

Nem sempre foi assim. Não faz muito tempo, o consenso favorecia a direita.

Aparecia como se o Estado fosse o responsável por tudo de ruim que existe: é corrupto, produz inflação, semeia a violência, não funciona, com toda a sua burocracia, arrecada muito com os impostos e não entrega nada de volta; tem um corpo imenso de funcionários incompetentes.

Então, haveria que diminuir ao máximo o tamanho do Estado, até chegar ao que chamam de Estado mínimo. Como diz seu maior representante, o presidente da Argentina, Javier Milei: “Entre o Estado e a máfia, prefiro a máfia”. A esse ponto chegam.

Vinculam a esquerda à corrupção, ao uso indevido dos recursos públicos, que financiariam atividades ilícitas. Havia virado moda atacar o Estado, a política, os governos — a forma que encontraram para atacar o PT.

Mas os tempos e os ventos mudaram. A direita não deixou nenhuma herança que pudesse reivindicar. Os dois presidentes de direita eleitos estão na prisão. No Rio de Janeiro, salvo Benedita da Silva, todos os governadores foram presos.

A direita não tem candidato para disputar com Lula a Presidência no próximo ano. Vários governadores são mencionados — entre eles, os de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Mas não se aventuram, porque sabem do favoritismo de Lula para um quarto mandato. Arriscariam perder e ficar sem mandato.

Por que os ventos sopram a favor da esquerda?

Porque a esquerda tem o que mostrar nos governos que realizou. As presidências do PT diminuíram as desigualdades sociais, alcançaram o menor nível de desemprego da nossa história, fortaleceram o Estado e a democracia, e têm propostas de futuro para o país.

Depois de estar com nível de apoio baixo nas pesquisas da Folha de S.Paulo, até estas agora têm que reconhecer como o prestígio de Lula subiu muito, fazendo com que seu governo tenha mais apoio que rejeição. A direita está conformada em perder as próximas eleições presidenciais. Concentra seus esforços em manter a maioria nas duas casas do Congresso, para tentar seguir atrapalhando o próximo mandato de Lula.

Seus nomes se reservam para as eleições de 2030, com esperanças de terem melhores possibilidades. Mas, mesmo para estas, o favorito é Fernando Haddad — o melhor ministro da Economia que o Brasil já teve — e que é o nome de Lula para sua sucessão. Da mesma forma que Lula elegeu Dilma, tem grandes possibilidades de eleger novamente seu sucessor, com Fernando Haddad.

A direita brasileira está derrotada. Quando, por circunstâncias completamente anômalas — com a prisão de Lula e o impeachment de Dilma, que o próprio Judiciário reconhece hoje como ilegais — chegou à Presidência, só deixou marcas negativas, nada que pudesse reivindicar para pretender governar novamente o Brasil.

Lula se apresenta de novo como candidato, afirmando que a direita nunca mais voltará a governar o Brasil. Os ventos sopram a favor dessa previsão, projetando um futuro de continuação e aprofundamento do caminho que a esquerda está construindo para o país.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.