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Bepe Damasco

Jornalista, editor do Blog do Bepe

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Os yanomamis e as muitas mãos manchadas de sangue

"É preciso jogar luz sobre a rede de instituições e personalidades que ao longo dos anos contribuíram de uma forma ou de outra para a tragédia atual", indica

(Foto: Ricardo Stuckert)
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No momento em que o governo Lula intervém para pôr fim ao genocídio do povo Yanomami, uma reflexão torna-se importante : os mais de 20 mil garimpeiros que destroem a floresta e envenenam os rios provocando mortes em profusão são a parte mais visível e explicitamente criminosa de uma cadeia de responsabilidades mais ampla.

Ou seja, o quadro aterrador que em nada fica a dever a um campo de concentração, com desnutrição crônica, fome, malária e contaminação por mercúrio, não aconteceu da noite para o dia, mas vem sendo cevado há tempos pelo preconceito da elite em relação aos os povos originários. Mais recentemente ganhou um forte impulso com a disseminação do discurso de ódio.

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Bolsonaro, claro, andou várias casas em termos de obscurantismo e se firmou como o líder supremo desse movimento lesa-humanidade, depois de ter incentivado o tempo inteiro de seu governo a invasão do território indígena por parte dos garimpeiros, para a extração ilegal do ouro e outros minerais, ao mesmo tempo em que manietava a atuação dos órgãos de repressão e fiscalização. Cabe lembrar que o governador bolsonarista de Roraima, reeleito na última eleição, Antonio Denarium (PP), sempre endossou as barbaridades de Bolsonaro em seu estado. 

Ainda como deputado e depois na condição de candidato à presidência da República, Bolsonaro nunca escondeu de ninguém suas intenções de levar a cabo a política de extermínio na região, cujos resultados hoje chocam o país e o mundo.

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Contudo, é preciso jogar luz sobre a rede de instituições e personalidades que ao longo dos anos contribuíram de uma forma ou de outra para que a tragédia atual se consumasse.

Seja por formulações baseadas em um conceito de patriotismo tipicamente fascista, ou pela defesa de teses econômicas marcadas pelo exclusão, pelo racismo, pela desumanidade e pelo negacionismo climático, as mãos sujas de sangue pelo massacre são múltiplas.

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As forças armadas brasileiras, por exemplo, sempre consideraram como inimigos da nação os indígenas e demais povos originários. Existe até um livro, “A Farsa Yanomami”, de autoria do coronel Carlos Alberto Lima Menna Barreto, encontrada inclusive no catálogo da Biblioteca do Exército, que defende que os yanomamis nunca existiram.

A demarcação da reserva Yanomami, que virou lei em 1992, sancionada pelo então presidente Collor de Mello, na esteira dos preparativos do país para receber a Eco-92, foi a gota d’água para que os militares radicalizassem contra os direitos do povos indígenas

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Chegaram ao ponto de criar uma realidade paralela delirante, através da qual enxergam riscos para a soberania nacional na atuação das ONGs estrangeiras na Amazônia. Segundo esta visão míope, essas ONGs, em parceria com a ONU, planejam transformar partes da Amazônia em territórios independentes.

Mas, em homenagem à verdade, é bom que se diga: o envenenamento dos rios por meio do mercúrio e a fuga dos animais de uma floresta dilapidada pelo garimpo teve a cumplicidade direta ou velada de boa parte do agronegócio , de políticos de direita e de extrema direita, além de capitalistas adeptos da doutrina neoliberal, que só conseguem ver a vida como uma eterna busca pelo lucro, nem que seja sobre pau e pedra, nem que isso custe o extermínio dos verdadeiros donos desta terra.

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