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Alex Solnik

Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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Ouro de tolo

Uma ofensa ao cinema

Sean Baker ao lado de Mikey Madison após "Anora" ganhar o Oscar de Melhor Filme (Foto: Reuters/Carlos Barria)

Uma prostituta de 23 anos e um garotão russo bilionário de 21 se envolvem sexualmente e resolvem casar em Las Vegas depois de uma semana de cama e videogame. Os pais dele mandam anular o casamento. O casamento é anulado. O garotão volta para a Rússia e ela para o prostíbulo. Fim. 

Não sabemos quem é a prostituta (de onde veio, porque virou prostituta), quem é o garotão (só que é viciado em videogame), muito menos quem são seus pais (oligarcas sem definição que vêm resgatar o filho em seu jatinho).

O roteiro é insípido. O texto é um lixo. Não tem uma frase inteligente, criativa ou engraçada e milhares de "fuck you" e "motherfucker". Os capangas armênios parecem ter saído das chanchadas de Oscarito dos anos 50.

E, no entanto, o filme ganhou o Oscar em Hollywood e a Palma de Ouro em Cannes.

Não é só um sintoma da decadência do cinema americano (uma ofensa a Charles Chaplin, Orson Welles, Francis Ford Coppola, Woody Allen, Stanley Kubrick, John Ford) mas também da decadência dos críticos, da classe artística, dos produtores e das plateias que não sabem mais distinguir o joio do trigo.

Uma ofensa ao cinema.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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