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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Pacheco ensaia oposição a Lula e mira 2026 no Globo

Lula e Rodrigo Pacheco (Foto: Pedro França/Agência Senado | Ricardo Stuckert/PR | Jefferson Rudy/Agência Senado)
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O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao que tudo indica, ensaia voo presidencial-2026 nas páginas do Globo, ao posicionar-se contra Lula; contrasta-se, frontalmente, com o presidente da República na maior batalha política que enfrenta neste início de governo: condenação ao Banco Central Independente (BCI), cuja política monetária, baseada em juros excessivamente altos, irrealistas, depressivos, ergue-se como principal obstáculo à retomada consistente do desenvolvimento econômico sustentável; sobretudo, impedem cumprimento de promessas de campanha eleitoral, o que minaria, rapidamente, sua popularidade e esvaziaria suas chances eleitorais  para conquistar segundo mandato em 2026.

Lula, diante do BCI, porta-voz do mercado financeiro, apoiado pela mídia corporativa, quer elevar os gastos sociais com plena convicção contrária ao entendimento da Faria Lima especulativa de que eles são, essencialmente, investimentos multiplicadores e não déficit fiscal, apregoado pelos neoliberais, que dominaram a cena bolsonarista fascista de 2018-2022.

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FOCO DE PACHECO X FOCO DE LULA

Pacheco, ao contrário de Lula, defende foco principal não no combate aos juros, mas na convocação de uma CPI do golpe contra democracia, impulsionado pelo bolsonarismo fascista; desviaria ou não o essencial para o acessório, aos olhos da população que anseia por emprego, renda, consumo, arrecadação e investimentos?

Na prática, o presidente do Senado, sensível à causa dos banqueiros, como, também, é o caso do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), ambos apoiadores do Banco Central Independente, sinaliza que o assunto, considerado capital por Lula, será por ele tratado em banho maria; diz perceber que reverter, democraticamente, a independência do BC não avançaria no Senado; ali, acrescentou, a maioria não está disposta a se envolver com a questão; sem disfarce, Pacheco informa a Lula que suas pretensões não terão chances.

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O JOGO DA VERDADE

O que, na verdade, está por trás das posições conservadoras de Pacheco e Lira, em matéria de política econômica, é a radicalidade reformista de Lula para enfrentar a política monetária conduzida pelo Banco Central Independente, aprovada, no Congresso, por emenda constitucional, durante a era fascista bolsonarista.

Tal emenda entrou na categoria daquelas leis que não pegaram, porque é disfuncional aos interesses da população; é a mesma situação que se descortinou com a emenda constitucional que criou o teto de gasto, depois do golpe neoliberal ultraconservador, que derrubou Dilma Rousseff, com a capa de impeachment, porém, sem crime de responsabilidade para caracterizá-lo; ou seja, uma farsa, historicamente, em desconstrução.

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O teto de gasto, por ser irreal, disfuncional, já foi, na prática, para o espaço, pelo próprio ex-presidente Bolsonaro, e o senador Pacheco, na sua entrevista ao Globo promete legislar para substituí-lo por nova providência parlamentar; por que não fazê-lo, também, relativamente, ao Banco Central Independente, que, como o teto de gasto, existe, apenas, para parar as forças produtivas, a fim de beneficiar as forças especulativas, destrutivas, que aprofundam desigualdade social?

CONVENIENTE MIOPIA POLÍTICA PACHEQUIANA

Pacheco, ao não enxergar teto de gasto e Banco Central Independente como faces de uma só moeda, qual seja, a de que impede, em sua proposição essencial, o desenvolvimento econômico sustentável, foge prá frente; espera, conservadoramente, como é a prática das elites tupiniquins, que as contradições intrínseca ao BCI chegue ao ponto de ruptura, como chegou o teto de gasto, igualmente, inexequível etc.

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Enquanto isso não acontece, as polarizações políticas dificultam as ações econômicas lulistas, desgastando-o e, em contrapartida, mantendo Pacheco em evidência política com vistas a 2026.

O mercado financeiro especulativo pressiona tanto Pacheco quanto Lira a resistirem às novas armações de política monetária que estão sendo forjadas dentro do governo lulista para romper com a ortodoxia neoliberal radical do BCI, que de solução se transformou em problemas.

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FATOR DE PERTURBAÇÃO

Deixam inquietos os neoliberais da Bolsa e da Febraban as posições do economista André Lara Resende, braço direito do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; Resende, ex- tucano, criador do Plano Real, na Era FHC, adepto do tripé macroeconômico neoliberal ditado pelo Consenso de Washington (metas inflacionárias, câmbio flutuante e superávit primário), mudou, relativamente, de posição, somando-se, agora, às posições de Lula.

Considerado adepto da “Teoria das Finanças Funcionais” (título do livro do economista Gustavo Antônio Galvão dos Santos, do BNDES), ex-assessor do ex-governador e ex-senador Requião (do MDB, hoje, PT, do Paraná), Lara Resende desencantou-se do monetarismo de Chicago seguido por Roberto Campos Neto, presidente do BCI.

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Para Resende, o governo, ao emitir sua própria moeda, para elevar circulação monetária, acelerando produção e consumo, não precisa pagar juro para si mesmo; além do mais, o governo, graças às administrações do PT, dispõe de reservas cambiais de mais de 350 bilhões que lhe garante estabilidade monetária, barrando eventual corrida especulativa contra o real; ademais, argumenta Lara Resende, a dívida pública brasileira, em comparação aos países capitalistas em geral, é, plenamente, administrável, não se justificando a esquizofrenia do mercado em relação ao desenvolvimento dela etc; sobretudo, Lara Resende comunga com as linhas da política monetária do Partido Democrata americano, adepto das “Finanças Funcionais descritas por Gustavo Santos, às quais apoiam o PT, mais decididamente, a partir do encontro Lula-Biden.

NOVO TEOREMA MONETÁRIO CONTRA MONETARISMO DO BCI

“As finanças funcionais”, segundo Gustavo Santos, é o fim em si, existem para funcionar, não para emperrar o crescimento, por meio do monetarismo que paga senhoriagem aos bancos, tornando-os privilegiados maiores do sistema da dívida teorizado por Maria Lúcia Fattorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida; trata-se de oposição à tirania financeira embalada pelo BCI, que obriga o país a pagar mais da metade do orçamento geral da União (OGU); do total do OGU de R$ 3,8 trilhões realizados em 2021, R$ 1,9 trilhão foi para a agiotagem, sem correspondência alguma com o crescimento produtivo, inviabilizando justa distribuição da renda nacional etc.

Assim, como o governo não paga juro pela emissão da sua própria moeda, o economista Almir Rockembach, especialista em finanças, autor do estudo “Sem emissão não há solução”, o tesouro, teórica e praticamente, pode emitir para pagar dívida, especialmente, dos Estados e Municípios, abrindo espaço amplo ao desenvolvimento regional; fora disso, diz ele, será praticamente impossível tocar reforma tributária, se afetar arrecadação federativa.

BCI, ATÉ QUANDO?

O movimento de placas tectônicas dentro do governo, para romper a ortodoxia monetária de Chicago, dentro do BCI, assusta a Faria Lima, que aciona o Congresso a resistir para defender Campos Neto; até quando?

Lula, que, ao que tudo indica, pode associar-se a Joe Biden, do partido democrata, que pratica teoria monetária que Lara Resende defende, prepara-se para a luta; seu adversário está, claramente, à vista: o mercado financeiro, que, com o escudo do BCI, não o deixa governar, o que o levaria, politicamente, às massas, para se socorrer diante de impasses intransponíveis; obteria apoio político do titular da Casa Branca, desde que haja reciprocidade lulista ao que lhe pedirá o líder americano, quando vier ao Brasil, brevemente, segundo anunciou a embaixadora americana em Brasília, Elizabeth Bagley?

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