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Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

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País celebra a derrota de uma injustiça

"A reação democrática que impediu a consumação de um novo ato de crueldade contra Lula revela que a Lava Jato e seus amigos tentaram mostrar uma força que já não possuem", escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

(Foto: Reuters | Ricardo Stuckert)
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Quando circulou a notícia de que Lula seria transferido para São Paulo, a reação esperançosa de um bom número de advogados e militantes do Lula Livre foi de relativa satisfação. 

A impressão era que Lula ficaria mais perto da família e que esta situação até poderia facilitar o acesso a possíveis benefícios na condição de prisioneiro. 

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A revelação de que seria transferido para Tremembé II desfez qualquer otimismo, confirmando um contraste imenso entre a visão de brasileiros e brasileiras que  compreendem a importancia de garantir um tratamento justo a Lula  e a postura do governo Bolsonaro e seus aliados, que precisam dele como um troféu e pretendem garantir sua permanência da prisão de qualquer maneira. 

O chocante foi constatar que a mudança não traria nenhum benefício a Lula. Só representava mais um esforço de degradação a um presidente que, como o próprio Sérgio Moro já admitiu,  não perdeu o direito a um tratamento compatível com a dignidade do cargo que ocupou. 

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Em Tremenbé II, até sua aparência seria modificada: teria o cabelo raspado e a barba cortada. Lula passaria a usar uniforme e, caso tivesse direito a progressão da pena, que em muitos locais permite que o prisioneiro passe o dia fora para trabalhar, seria forçado a permanecer na prisão. Em Tremembé II, três empresas privadas têm autorização para empregar a mão de obra de prisioneiros, o que explica o mórbido tuite de João Dória: "Lula, se desejar, terá oportunidade de fazer algo que nunca fez na vida: trabalhar!". 

A reconstituição da jornada desta quarta-feira mostra uma máquina operando com uma finalidade política óbvia -- rebaixar o tratamento dispensado ao preso político que se tornou o ponto de encontro de muitas linhas que definirão nosso futuro como nação. 

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A cronologia mostra que tudo foi feito e preparado em casa. Na sequência de uma solicitação da Polícia Federal de Curitiba, onde delegados maldiziam Lula e Dilma já no segunto turno de 2014, a juiza Carolina Lebbos, responsável pela carceragem,  determinou a transferência do prisioneiro para São Paulo. A decisão caiu na mesa do juiz Paulo Eduardo de Almeida Sorci, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. O Conselho é um órgão do Ministério da Justiça e o juiz Sorci foi nomeado por Sérgio Moro. 

A reação democrática que em poucas horas impediu a consumação de um novo ato de crueldade contra Lula confirma um ponto importante: a Lava Jato e seus amigos tentaram mostrar uma força que já não possuem. 

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A composição de forças que ontem se uniram no STF lembrava, como uma fotografia atualizada, o conjunto ecumêmico que em 1975 foi à missa da Sé, em São Paulo, para protestar contra o assassinato de Vladimir Herzog no DOI-CODI paulista. 

Herzog foi morto por criminosos fantasiados de agentes do Estado, incapazes de compreender que os tempos de impunidade estavam perto do fim. 

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A fracassada transferência de Lula, ontem, traduziu um esforço para manter tudo como está num país onde o mito Lava-Jato se desfaz dia após dia nas revelações da Vaza Jato  e a decepção de toda população cria uma vontade de imensa de reação e mudança. 

Lula continua preso onde sempre esteve, sua condição segue injusta como sempre foi. Será preciso enfrentar, ainda, novas fraudes em curso. 

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Ao lado de possíveis acordos pelo alto, será necessário, também, mobilizar parcelas cada vez maiores de homens e mulheres do povo para enfrentar as investidas que virão.  

Mas há algo de bom em celebrar a derrota de uma nova injustiça. 

Alguma dúvida? 

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