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Sergio Storch

Engenheiro, fundador da rede Judeus Brasileiros Progressistas (Juprog)

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Para o momento da primeira estrela

Ao nascer a primeira estrela na noite desta terça feira, algo especial acontece para nós, judeus. Começará o Yom Kippur. É o Dia do Perdão

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Ao nascer a primeira estrela na noite desta terça feira, algo especial acontece para nós, judeus. Começará o Yom Kippur.

É o Dia do Perdão. Judeus, há milhares de anos, celebram e suplicam por perdão divino pelas pequenas e grandes iniquidades cometidas ao longo do ano. Os minimalistas, que não esperam tanto, experimentam algum alívio ao sentimento de culpa, zerando a conta. Para muitos, talvez a maioria, é a única visita do ano à sinagoga (para quem não sabe, judaísmo não é religião, e sim um vínculo profundo com uma teia de afetos e valores, que pais e mães transmitem aos filhos de geração em geração, Le Kol Dor Va Dor, com elementos que são comuns a askenazim, sefaradim, mizrahim, e falashas descendentes da Rainha de Sabá. Algo que une os 14,7 milhões que somos, acima das fronteiras nacionais).

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Sou um dos que vão só neste dia, quando respiro mais uma vez o ar desta prece, o Kol Nidrei, que graças ao Youtube ouço nas mais variadas versões, mas continuo mais sensível a esta, que para mim traz história. Eu a ouvia há mais de meio século, em disco bolacha pré-vinil, 78 rotações, na mesma vitrola que tocava Elvis Presley. Punha o Kol Nidrei para mostrar ao Zaide e à Babe (vovô e vovó) a celebração do meu vínculo com a ancestralidade, quando vinham em casa, sempre me trazendo um pacotinho de figurinhas para o álbum do "A Dama e o Vagabundo". No Kol Nidrei essa história das histórias que me contavam se faz presente.

Os posts dos próximos dias, eu dedicarei ao Yom Kippur, e às contradições que a comunidade judaica vive, como quaisquer comunidades. Na nossa, é o dia em que muitos irão refletir sobre o sacrilégio cometido pela exígua maioria que comanda o Estado de Israel, ao aprovar a Lei do Estado Nação, por 62 votos em 120 assentos, uma lei que institucionaliza o racismo e a opressão teocrática, que traem os fundamentos éticos presentes desde a Torá, há 4.000 anos, que inovou com a proteção explícita às viúvas, aos órfãos e aos estrangeiros.

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É o dia em que muitos irão refletir sobre a profanação de instituições sagradas por Netanyahu, que tem a desfaçatez de levar declarados antissemitas líderes da Hungria e da Polônia, e o carniceiro ditador das Filipinas, admirador de Hitler, a visitar o Yad Vashem, o Museu do Holocausto. Basta que comprem armas. E muitos irão refletir sobre a preservação da nossa identidade quando líderes profanam as sinagogas ao acolherem as figuras raivosas que mais representam no nosso país a violência, o ódio, o racismo da Casa Grande, a apologia à tortura, o escárnio, a barbárie.

Nem todos os posts serão pesados como este, contaminado pelo inconformismo em relação à indignidade de William Bonner e Renata Vasconcelos ao se amesquinharem nas perguntas toscas ao Haddad na entrevista do Jornal Nacional (*). Por que descem tanto? Enfim, cada um de nós que poderia fazer mais do que faz para denunciar a manipulação midiática, poderia incluir um parágrafozinho na prece "Al Chet she Chatanu Lefanecha" ("sobre o pecado que pecamos diante de Vós"), para fazer um pouco mais com nossa responsabilidade individual pela história coletiva, no ano de 5779, que recém começou.

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